A parceria entre o São Paulo e o Banco Inter já dura quase três anos e sempre rendeu frutos interessantes, principalmente para a instituição financeira. Porém, nas últimas semanas essa situação parece estar mudando.
Durante o período de pausa do calendário futebolístico do Brasil em razão da pandemia de Covid-19, enquanto a maioria das agremiações buscava negociar reajustes salariais com atletas e funcionários, um clube se destacou por fazer contratações valiosas e ousadas, que eram impensáveis nesse momento. Trata-se do Atlético Mineiro.
Neste período sem futebol, o Galo realizou aquisições importantes, como por exemplo, de Keno (30), atacante que estava no Pyramids, do Egito, e era desejado por muitos clubes do Brasil que não tinham condições financeiras de contratá-lo.
Entre outras aquisições feitas pelo clube de Jorge Sampaoli estão Junior Alonso (zagueiro, 26, Lille), Léo Sena (meia, 24, Goiás), Emerson (lateral-direito, 19, Ponte Preta), Nathan (meia, 24, Chelsea), Bueno (zagueiro, 24, Kashima Antlers/empréstimo), e Marrony (atacante, 21, Vasco). O grande volume de aquisições levantou interrogações sobre como o clube de Belo Horizonte estaria conseguindo arcar com estes atletas, e a explicação logo veio.
A explicação atende pelo nome de Rubens Menin. Uma das pessoas mais ricas do Brasil, Menin é proprietário da MRV, gigante empresa da área imobiliária e que tem forte atuação no mercado do futebol, inclusive patrocinando equipes como Flamengo, São Paulo e Fortaleza.
Mas o que muita gente não sabia é que Menin é um torcedor fanático do Atlético Mineiro, fazendo com que seus laços sejam mais fortes na relação com o clube. O empresário revelou o desejo de transformar seu clube do coração em uma potência mundial, e deu sinais de que não vai medir esforços para isso.
A relação entre Menin/MRV e Atlético Mineiro é muito forte, tanto que o futuro estádio do Galo, a Arena MRV, previsto para ser inaugurado em 2022, está sendo construído pela MRV e terá o Naming Rights da empresa, em um investimento total de quase meio bilhão de reais.
A família Menin tem o controle de diversos negócios. Além da própria MRV, também são acionistas de empresas como a CNN Brasil e o Banco Inter, atual patrocinador master do São Paulo. E é justamente isso que levantou muitas dúvidas entre parte da torcida do clube do Morumbi.
Estão surgindo nas redes sociais questionamentos sobre o motivo da família Menin não se interessar em investir no São Paulo como investe no Atlético, e várias questões sobre a parceria do Banco Inter com o São Paulo estão sendo discutidas.
Alguns torcedores usam a alegação de que o Banco Inter só ganhou notoriedade no cenário nacional graças ao São Paulo. Quando o patrocínio foi assinado, em 2017, o banco mineiro tinha pouco mais de 500 mil correntistas, hoje são mais de 5 milhões. E, por este motivo, seria mais lógico o São Paulo receber estes aportes financeiros.
Nas redes sociais, em interações do São Paulo com o Banco Inter, alguns torcedores fazem este tipo de questionamento, alguns até em tom de ironia: “Sim! Vamos dar dinheiro para o Banco Inter investir no Atlético Mineiro!”, disse um deles em uma publicação do Tricolor no Twitter. Outros são até mais enérgicos e pedem a saída imediata do patrocinador.
São Paulo e Banco Inter terão contrato até dezembro deste ano. Recentemente, as partes remodelaram o vínculo e a marca da instituição financeira ocupará somente a parte da frente da camisa. Sendo assim, o valor do contrato também foi reduzido.
A próxima administração, assim que assumir, terá a difícil tarefa de decidir o destino do Banco Inter no São Paulo, ou de até mesmo buscar um novo parceiro no mercado.
Caio Felix
Twitter: @OCaioFelix