Na manhã desta terça-feira, o ex-lateral do São Paulo, Cicinho, anunciou sua aposentadoria na sala de imprensa do Morumbi. Campeão paulista, da Libertadores e do Mundial em 2005 pelo Tricolor, o jogador decidiu encerrar sua carreira aos 37 anos em decorrência de sucessivas lesões no joelho.
A entrevista, marcada para 11h, se iniciou com certo atraso, mas mesmo assim, Cicinho demonstrou alegria pela homenagem, bom humor e tranquilidade com sua decisão. O agora ex-atleta revelou que a opção pela aposentadoria foi pensada em comum acordo com sua família e médicos. O anúncio foi feito no lugar onde o atleta teve seus melhores momentos na carreira e também seu clube de coração.
Homenagens
O atual superintendente de relações internacionais do clube, Diego Lugano, e o presidente Leco entregaram ao ex-jogador uma placa com sua camisa em homenagem a vitoriosa carreira construída por ele no São Paulo.
Na sequência, um vídeo foi projetado na sala com depoimentos de jogadores que atuaram ao lado de Cicinho. Amoroso, Fabão, Souza, Grafite, Josué, Mineiro, Edcarlos, Rogério Ceni e Aloísio Chulapa deixaram suas mensagens de carinho ao ex-lateral e desejaram boa sorte na sequência de sua trajetória pessoal.
Coletiva
Em longa entrevista, Cicinho relembrou grandes episódios de sua carreira, ao longo dos dois anos e meio que acumulou em suas duas passagens pelo São Paulo e disse não ter vivido momentos ruins com a camisa Tricolor. O ex-lateral revelou ter tido problemas fora do campo, mas que o clube sempre buscou ajudá-lo.
Sobre os planos futuros, Cicinho disse que pretende tirar alguns meses para descansar com a família. Afirmou já ter um projeto que será inaugurado em Goiás, referente a um centro esportivo para crianças. Cicinho brincou sobre seus próximos “compromissos” e afirmou que, depois do descanso, não descarta trabalhar no meio futebolístico.
“Momento de tranquilidade, de viajar um pouquinho, de pescar, de colocar um pudim na frente e comer sozinho, porque ninguém é de aço”
A respeito da aposentadoria, Cicinho acredita ter escolhido o momento certo. O ex-atleta considera que estava jogando em alto nível ainda, durante sua passagem na Turquia que durou três temporadas. No entanto, os problemas em ambos os joelhos não permitiram que ele tivesse condições de continuar.
“Paro feliz, realizado, no lugar que me acolheu. Não tenho do que reclamar”
Sobre o momento mais marcante de sua vida, Cicinho citou o inesquecível gol de canhota contra o Palmeiras na Libertadores de 2005. Também lembrou outros momentos importantes diante do rival, que será o próximo adversário do São Paulo na quinta-feira (8).
Cicinho brincou sobre sua roupa, bastante formal para a ocasião, e também contou sobre a decisão da aposentadoria enquanto estava no Brasiliense, um processo que foi difícil, segundo ele, mas que culminou em uma decisão correta.
O ex-jogador comentou situações mais delicadas, como seus problemas com o álcool, também a depressão que teve há alguns anos, fatos que atrapalharam sua carreira de atleta. Bastante sensato, Cicinho avaliou seus erros passados como uma pessoa mudada e que deixou os vícios para trás.
“Bebida não combina com futebol, cigarro não combina com futebol. Eu me preparei para alcançar o topo, mas não me preparei para quando chegasse até lá. Perdi o prazer de jogar futebol […] Creio que levantei essa bandeira (depressão), me sinto privilegiado por isso”
Cicinho também revelou que lamenta a falta de profissionalismo em seu retorno ao São Paulo em 2010, mas acredita que tudo foi superado e agradeceu o clube pelo carinho e recepção apesar desses deslizes. O ex-atleta também disse que no início de sua carreira já tinha o sonho de jogar no São Paulo, por ser torcedor da equipe.
A partida contra o Rosario Central em 2004 também foi lembrada. O time argentino enfrentará o Tricolor neste ano pela Sul-Americana. Cicinho lembrou do jogo como um ponto de virada na história da equipe, quando foi iniciada a trajetória vitoriosa dos anos seguintes.
Cicinho também não deixou de agradecer o Brasiliense, sua última equipe na carreira. Apesar dos breves meses no elenco, o ex-lateral disse ter feito muitos amigos e adquiriu um grande carinho pelo time de Brasília.
Por fim, Cicinho recebeu mais um presente. Uma camisa do São Paulo com o número 2 nas costas e o escrito “Obrigado Cicinho”. Dessa forma se encerrou a última entrevista do ídolo são-paulino como jogador profissional.
Confira a coletiva de Cicinho na íntegra.
Álvaro Logullo