Nesta quarta-feira (31), o portal “UOL Esporte” divulgou em primeira mão uma entrevista com Isaac, ala do São Paulo. O foco da conversa foram os dias em que o atleta enfrentou a Covid-19 pela segunda vez em cinco meses e que trouxe mais problemas do que no primeiro diagnóstico.
A primeira contaminação aconteceu em setembro de 2020 e, na ocasião, o jogador não teve complicações e foi assintomático. Porém, em fevereiro de 2021, ele foi diagnosticado outra vez poucos dias após uma grande atuação diante do Pinheiros. “[A recuperação] foi um pouco demorada. Tive medo quando comecei a sentir um pouco de falta de ar. Meu maior medo era ter uma piora e precisar ir ao hospital”, disse Isaac.
“Eu senti bastante dor de cabeça, tive um pouco de falta de ar. Quando voltei, passei por avaliação da nutricionista e avaliação física. A primeira semana foi muito difícil. Eles me seguraram um tempo muito maior, fizeram os exames, para eu não correr risco de ter lesão. Preferiram me tirar dos jogos, me deixar forte de novo pra eu poder voltar”, comentou Isaac.
Isaac se mostrou preocupado com a situação caótica que São Paulo (e o Brasil todo) vive em relação à falta de leitos, UTI’s lotadas e vacinas demoradas. Além disso, o país registrou mais um recorde na última terça-feira (30) com 3.780 mortes em um único dia. Sobre o momento, o ala observou que o cenário atinge, além do corpo, o emocional das pessoas, acarretando outras complicações.
“Muitas informações deixam a gente com medo. A nossa cabeça, quando a gente pega, fica ruim. Tem muita gente morrendo disso. É uma doença que se sabe muito, mas não se sabe tudo ainda. A gente fica com medo. Tem tanta gente forte, ativa, que se cuida, e quando vê está intubado, passando mal. Quando você pega uma doença dessa, com tantas mortes por dia, com certeza você vai sentir medo”, afirmou o ala.
O jogador também contou ao “UOL” que perdeu duas pessoas próximas pela Covid-19. “Tive um amigo muito próximo, que era da igreja. A gente tava sempre junto pra tudo. Eu vivia muito na casa dele, o Rafael, e o Vanderlei, que veio a falecer, era como um pai. (…) Foi doloroso, porque na hora de ver o enterro dele, eu pedi pro Rafael me ligar por vídeo, e eles tiveram que ver o enterro a 50 metros de distância. Não puderam nem se despedir. Foi algo que doeu bastante. Foi ali que eu vi que o negócio [covid] estava aí”, contou Isaac.
SÃO PAULO x CERRADO
Isaac deve estar em quadra nesta quinta-feira (1º) diante do Cerrado. O jogo faz parte da rodada de retoma do NBB e será disputado em Brasília, Distrito Federal, por conta das restrições impostas em São Paulo. Sobre a volta às quadras, o jogador destacou uma palavra: gratidão.
“É um sentimento de gratidão por não ter acontecido nada pior [comigo]. Todos os atletas precisam estar em atividade, é uma gratidão por estar saudável e fazendo o que eu gosto de fazer. Nosso time é muito bom, um elenco muito forte. Não é à toa que estamos em terceiro. Estamos cada vez mais lutando para ganhar esse título [NBB]. É uma oportunidade, um time forte, um elenco bom, unido, todo mundo fechado em busca desse objetivo. Tá todo mundo focado nisso aí”, destacou.
Por fim, Isaac pediu para que as pessoas se cuidem: “Eu senti na pele os sintomas desse vírus. Por duas vezes eu peguei, então, posso dizer realmente que está aí. É um cuidado muito grande que temos que tomar. Temos que ter mais consciência do que estamos fazendo”.
Vitória Corrêa – twitter.com/tlsvick
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