Estreante em competições internacionais, São Paulo se prepara para a Basketball Champions League Americas

São Paulo
João Pires/LNB

Após terminar o Novo Basquete Brasil (NBB) temporada 2019/20 na terceira colocação, e ser bem sucedido na batalha de bastidores, o São Paulo confirmou uma vaga na principal competição da bola laranja do continente, a Basketball Champions League Américas (BCLA). Sendo estreante em torneios internacionais, o basquete tricolor irá disputar a competição ao lado dos brasileiros Franca, Flamengo e Minas. O primeiro obteve a vaga após vencer a Copa Super 8 da temporada passada, já o rubro-negro conseguiu a vaga por ter sido o primeiro na fase de classificação do último campeonato nacional, e o time mineiro entrou na disputa através da desistência dos times uruguaios e vencer Corinthians e Botafogo nos bastidores.

Como funciona a BCLA?

A Champions League Américas foi lançada em 21 de setembro de 2019 em Montevidéu no Uruguai, em substituição a tradicionalíssima Liga das Américas, com o objetivo de celebrar o melhor time do continente americano exceto Estados Unidos e Canadá. O torneio é organizado pela FIBA (Federação Internacional de Basquete) e é realizada em caráter anual, com a primeira edição realizada na última temporada, contando com 12 equipes participantes.

Na primeira edição, as 12 equipes foram divididas em quatro grupos de três, com os dois melhores de cada chave se classificando para as quartas-de-finais. O mata-mata até o duelo final seria realizado em melhor de três, o que não foi possível justamente na decisão, realizada em apenas uma partida, devido a pandemia de COVID-19. Flamengo e Quimsa (Argentina) disputaram o título da primeira edição com vitória dos ”hermanos” por 92 a 86.

A edição deste ano terá um regulamento diferente devido a pandemia de Coronavírus.  Mantendo os quatro grupos de três equipes, o torneio deste ano será realizado em bolhas, divididas em três ”momentos” com cada equipe realizando seis partidas na primeira fase da competição. A principal diferença para a anterior, é que nessa temporada se classificará apenas uma equipe de cada grupo, para a realização de um ”final four” em meados de Abril.

O grupo do São Paulo 

Originalmente composto por São Paulo, Quimsa (atual campeão do torneio) e C.D Valdívia, houve uma mudança de última hora com a equipe chilena desistindo de sua participação do torneio por não se considerar apta a conciliar os requisitos necessários para a entrada no Chile, com as competências necessárias para a disputa. Curiosamente, a vaga ficou com outra equipe chilena, a Universidad de Concepcíon.

A primeira bolha do grupo será disputada na Arena Obras em Buenos Aires, nos próximos dias 31, 1 e 2 com o tricolor atuando primeiramente contra Universidad de Concepción no primeiro dia de Fevereiro, e no dia dois enfrentará a Quimsa fechando esta primeira etapa da competição. As sedes das outras bolhas ainda não foram divulgadas, mas a expectativa é que sejam realizadas no mês de março.

Os Adversários do tricolor: Universidad de Concepción

Primeiro adversário do tricolor na fase de grupos e também estreante na competição, a equipe chilena vive uma realidade completamente diferente do São Paulo no momento deste primeiro encontro. A equipe do técnico Cipriano Nuñes estreou na liga de seu país apenas no último dia 17 após dez meses de inatividade, enquanto os comandados de Cláudio Mortari atuam regularmente desde o início de Outubro. Porém a equipe começou muito bem o campeonato local, conseguindo vitórias sobre o Español Talca, AB Temuco e C.D Valdívia.

A equipe do SPFC 24 Horas entrevistou Carlos Soto, comentarista da rádio ”Para ti” de Valdívia (Chile) e (@fueradejuegotv1) para falar sobre o momento do adversário e as expectativas para o duelo que marca a estréia da equipe são-paulina na competição. Para Carlos, o duelo será muito difícil para a equipe do Chile,pois a temporada no país acabou de começar.

”Como todas as equipes aqui , a equipe ficou 10 meses sem jogar,e até agora eles jogaram 3 partidas e chegará na BCLA com esse mesmo número. Certamente serão reforçados com alguns estrangeiros que não jogam regularmente aqui. Ao contrário do C.D Valdivia, eles trabalharam pelo menos a parte física antes de 4 de janeiro,  realizando treinamento físico em recintos ao ar livre. Seus jogadores mais importantes são Diego Silva, Carlos Lauler e Eduardo Marechal, todos selecionados nacionalmente. Sobre jogadores estrangeiros, hoje eles têm Carlos Milano, que é um jogador de basquete venezuelano que mora no Chile há anos e por enquanto ele ocupa a posição de estrangeiro. Nos anos anteriores, ele já havia jogado como estrangeiro no campeonato local, mas sempre acabam substituindo-o. 

Para a BCLA , os reforços serão os americanos Durrell Summers, Brandon Moss e o dominicano Luis Santos. Santos nunca jogou no Chile antes, já  Summers jogou na liga nacional, mas não na U. de Concepción, é um pontuador nato. Moss ja havia atuado pela equipe anteriormente.”

A Universidad Concepción lidera a ”Zona B” da Liga Nacional do Chile com três vitórias em três partidas tendo vencido a CDE Talca por 74 a 68 , Temuco por 66 a 58 e o C.D Valdívia por 76 a 63. Falando em estatísticas, destacam-se o ala Diego Silva ( 17 ppj, 40,7% 2pts e 27,7% 3pts) , o armador Carlos Lauler (14,7 ppj, 37.6 % 2pts e absurdos 60% na bola de 3 pontos), devemos claro considerar que são apenas 3 partidas disputadas, mas é um jogador que o São Paulo deve tomar cuidado do perímetro, o também ala Sebastián Carrasco ( 14,7 ppj, 57,1% 2pts, 39,1% 3pts) e o ala-armador Carlos Milano ( 10ppj e 35,7% 2pts).

Pouco conhecido dos brasileiros, o basquete chileno já fez parte da vida de um ex atleta do basquete tricolor. William Drudi que hoje é treinador do sub-12 e sub-13 do tricolor paulista, já atuou pelo C.D Valdívia e tem muito carinho pelo basquete local. Apesar de ter sido bem sucedido em sua passagem por lá, enumera também as dificuldades vividas principalmente pelos atletas americanos.

”Lá eles dão muita prioridade para a contratação de pivôs, porque os chilenos acabam não sendo tão altos, então na maioria das vezes eles contratam americanos, e eu fui um dos poucos brasileiros que jogou lá. Normalmente, os americanos são meio que descartáveis, o jogador tem que chegar e resolver o problema da equipe, e se o time perder ou não estiver indo bem, eles trocam o americano. Aconteceu que eu fiquei lá seis meses, que é o período que dura a competição e passaram cinco outros atletas estrangeiros, então mesmo que a gente perdesse alguns jogos, eu jogava bem e mantinha bons números, e eu acabava continuando enquanto eles mandavam outro atleta estrangeiro embora. Então os americanos vão pra lá com a faca nos dentes, para chegar e resolver, pois a culpa acaba caindo sempre neles.

Imagino que o São Paulo deve tomar cuidado justamente com os americanos, pois são os jogadores que devem puxar a pontuação e que vão forçar mesmo o jogo, e sempre tem um ou outro chileno um pouco mais baixo que tem um bom arremesso e uma boa condição de jogo. Pra mim foi muito bom, pois além de uma ótima experiência, sai com o título de MVP da competição.”

Associación Atlética Quimsa

A equipe Argentina de Santiago Del Estero é nada mais, nada menos que a atual campeã da BCLA Américas. Tendo caído no grupo do Sesi Franca e Aguada na última edição do torneio, o time argentino passou no primeiro lugar da chave com 3 vitórias e 1 derrota. Destaque para as duas vitórias encima do time francano de Hettsheimeir, David Jackson, Parodi e cia , uma delas com plena dominância dentro do Pedrocão pelo placar de 82 a 74.

Nos playoffs, o time do técnico Jorge Sebástian González enfrentou a equipe do Mogi nas quartas-de-final, e não tomou conhecimento vencendo as duas partidas. Na semifinal enfrentou a tradicional equipe do San Lorenzo, bicho papão das competições sul-americanas nos últimos anos e teve a série dividida devido a paralisação de todas as competições devido a pandemia de Covid-19. Com a série empatada em 1 a 1 e já com mudanças em seu elenco,a equipe eliminou o time de Almagro no jogo três e se classificou para a final, onde venceu o Flamengo em Montevidéu por 92 a 86.

Durante a paralização devido a pandemia, a equipe do Quimsa teve mudanças significativas em seu plantel, que originaram a base da equipe atual. Para efeitos de comparação, da equipe que enfrentou o San Lorenzo pela primeira partida da semifinal, saíram jogadores importantes como Léo Mainoldi, Juan Brussino, Evan Ravenel e Ismael Romero e chegaram para o elenco que disputou a última partida semifinal e a final, destaques como Fabián Barros, Franco Baralle, Trevor Gaskins, Antony Kent e Diamon Simpson.

Falando apenas em estatísticas,o time argentino anotou 94 pontos por partida na última temporada, e teve como maior pontuador o ala-armador norte-americano e MVP da última temporada Brandon Robinson que disputou 9 partidas e anotou 20,8 pontos em média e também foi o principal passador da equipe com 4 bolas para cesta por compromisso. Um dos pilares da equipe pré pandemia era o pivô Ismael Romero que deixou a equipe após 7 partidas com 13,7 pontos por jogo e 6,4 rebotes. Outro destaque entre os que fizeram 7 partidas foi o armador argentino Juan Brussino que anotou 11 pontos em média e deu 3,7 assistências. Entre os que chegaram apenas para disputar a as partidas finais, destaques para o ala-pivô Fabián Barros e o armador Franco Baralle que anotaram contra San Lorenzo e Flamengo 15,5 pontos em média respectivamente. Outro nome de destaque nessas duas partidas foi o Panamenho Trevor Gaskins que colaborou com 13 pontos e 3,5 rebotes.

Nesta temporada a equipe da cidade mais antiga da Argentina lidera a liga nacional de seu país com 22 vitórias em 26 jogos, e tem como destaques na competição o quarteto Brandon Robinson ( 12,4 ppj, 47,1% 2pts e 35,2% 3pts) , Franco Baralle ( 8,8 ppj , 41,5% 2pts e 35,7% 3pts) , Fabián Barros ( 8,1 ppj, 54,4% 2pts e 32,8% 3pts) e Diamon Simpson ( 11,5 ppj e 61,3% 2pts), aliados aos sempre eficientes Mauro Cosolito ( 10,5 ppj, 53,8% 2 pts e 37% 3pts) e Trevor Gaskins ( 7,9 ppj, 50% 2pts e 26,8 3pts).

Outra informação importante sobre o time da Quimsa, foi a recente contratação do pivô norte-americano Ferrahohn Hall com passagem recente pela G-League pelo Windy City Bulls (filiado ao Chicago Bulls) e pelo basquete da República Checa. Hall foi contratado com a intenção de disputar a BCLA pelo time argentino e também a final da Copa Intercontinental que será disputada contra os espanhóis do San Pablo Burgos campeões europeus da última temporada.

Para falar sobre o time argentino, a equipe do SPFC 24 Horas falou com o jornalista Enéas Lima ,repórter e criador do Blog Garrafão RN , especialista quando o assunto é BCLA Américas. Para Enéas, o time de Santiago Del Estero é o favorito do grupo do tricolor, e tem o basquete mais coletivo de agradável dos últimos anos na América do Sul.

O Quimsa é a equipe argentina que tem o basquete mais coletivo e agradável de se assistir nos últimos anos. Tudo isso graças ao excelente trabalho do técnico Sebastian Gonzalez que soube muito bem selecionar bons jogadores locais e acertou em cheio na contratação de estrangeiros. Na busca pelo bicampeonato, o Quimsa entra como grande favorito no grupo do São Paulo. A se destacar a regularidade do trio formado por Mauro Cosolito, Fabian Barrios e Brandon Robinson. Robinson que disputará novamente tranquilamente o prêmio de MVP. E hoje se tivesse que apostar em um nome do Quimsa nessa Champions seria do armador Franco Baralle. Baralle que tem potencial para ser um jogador mais completo que Juan Brussino.

O torneio mais importante da América do Sul  será transmitido pela DIRECTV na Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Equador, Peru e Paraguai, assim como a DAZN no Brasil e YouTube nos demais países.

Tabela do São Paulo: Bolha Buenos Aires (Ginásio Obras)

Segunda-feira (01/02) 20:10: São Paulo x Universidad Concepción – Transmissão DAZN

Terça-feira (02/02) 20:10: Quimsa x São Paulo – Transmissão DAZN

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O Arremesso Tricolor é uma proposta independente e totalmente exclusiva do site SPFC 24 Horas.

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