Quando Fernando Diniz foi contratado pelo São Paulo no ano passado me causou grande estranheza. Não achei que seria a melhor opção para um clube que não tinha (tem?)convicção de que trabalho queria dar andamento. Só para exemplificar a gestão Leco contabiliza 10 trocas de técnicos (contando os interinos) e o Diniz vinha ganhando a fama do técnico argentino Bielsa – procura o bom futebol mais que tem a síndrome de perdedor.
Ele assumiu e fiquei com medo dele querer desmontar o que havia e tentasse colocar seu estilo numa reta final de brasileirão, algo que custaria a vaga direta para a Libertadores. Para minha surpresa, Diniz soube ser um bom técnico tampão (tem uns técnicos que são especialistas nisso) e pragmaticamente levou a vaga. Ele me ganhou ali. E fiquei sem entender porque exatamente neste momento virou um “imbecil”. Diniz é um técnico para pré-temporada e era agora que deveríamos mantê-lo mesmo. E graças a Deus o tricolor não ouviu parte de sua torcida e da imprensa que afirmavam que o Diniz não era técnico para o São Paulo.
No inicio do ano a mudança era visível, um time que preserva o toque de bola e constante troca de posições. Um time envolvente e que cria diversas chances de gols por jogo. Longe do São Paulo de seus antecessores, um São Paulo com boa proposta de jogo. Só que ainda sem confiança e sem pontaria. Nem foi questão de resultado, empatou os dois clássicos que disputou e na pior seqüência que teve houve clara interferência da arbitragem para prejudicá-lo. A certeza de que o Diniz não era técnico para o São Paulo se estabeleceu no torcedor e em uma imprensa que analisa resultado e não o trabalho. Ainda bem que a diretoria percebeu isso e bancou.
Saiu os gols e eles fizeram os cegos enxergarem como o São Paulo esta jogando bem. Como é gostoso ver o tricolor jogar. Esses dois jogos silenciaram as cornetas que berravam na parte tricolor da Barra Funda e deu voz a um outro tipo de torcedor – os entusiasmados. Frases como “Somos favoritos a tudo” ou “Que venha o River Plate” começam a ser ouvidas nas arquibancadas e começa a chegar nos “analisadores de resultados” da imprensa. Para mim é tão nocivo quanto as cornetas. Cria uma expectativa fora da realidade que pode transformar um resultado normal (como por exemplo, empatar com o River no Morumbi) em balde de água gelada que apague tudo.
É preciso calma, tanto para criticar como para elogiar. Diniz é técnico para o São Paulo sim. Mas (ainda) não é um Telê Santana.
Alexandre Drumond