Sabe aquele cara, apaixonado, que manda flores para a sua musa? Redige poemas maravilhosos. Compra os melhores bombons. Tenta descobrir os gostos da amada e procura satisfazê-los, tudo numa tentativa de conquistar seu amor e sempre quebra a cara? Sempre é visto como um amigo ou simplesmente é ignorado? É essa a sensação que tive ontem com o São Paulo do Diniz.
Diniz ama o futebol ofensivo. Ele montou seu time para fazer gol. Só que por alguma razão que apenas os deuses do futebol sabem, não consegue. Incrível como as chances são criadas, como o São Paulo é seguro na defesa, no meio campo, na armação de jogada e tão inseguro na hora de finalizar. Como o tricolor é frio na saída de bola, frio na troca de passes, escolhe quase sempre a melhor opção na assistência, mas no chute final (seja qual for o jogador) é afoito e nervoso.
O clássico contra o Corinthians foi outro jogo que o tricolor massacrou o adversário. Não tomou conhecimento de quem estava do outro lado e buscou o gol. O time adversário teve o finalzinho do primeiro e alguns relampejos no segundo tempo onde conseguiu levar perigo. O tricolor dominou o resto, se impondo e criando espaços na defesa inimiga. Hernanes perdeu gol por não chutar de primeira. Reinaldo perdeu gol por pensar demais na frente do goleiro adversário. Alexandre Pato perdeu duas chances – e uma delas explica bem a falta de amor do gol com o time do Diniz.
No lance, Vitor Bueno acha o Pato sozinho na entrada da grande área, o atacante dominou em velocidade e já estava frente a frente com Cássio. O goleiro corintiano saiu para o abafa e o atacante tricolor bateu forte, rasteiro no canto direito, tirando do goleiro. Bateu certo. Bateu pra fazer o gol que tiraria o peso dos seis meses de jejum (exceto se o juizão anula-se de novo). A bola caprichosamente escolheu sair pra tiro de meta. Jurava que seria gol, tanto que no lance achei que o Cássio tinha tocado nela. Como culpar o Pato? Em tempos de amor correspondido… era gol e três pontos.
Depois o Tiago Volpi salvou o São Paulo. Fez uma defesa fantástica numa cobrança de falta. E a arbitragem resolveu pedir música no Fantástico com o terceiro jogo seguido que prejudica o tricolor e não deu um pênalti no Igor Gomes no finalzinho do jogo. Mas nada disso importaria se pelo menos dois das cinco chances claras de gol tivessem entrado. É inadmissível um time dominar tanto, ser tão superior ao adversário e precisar ser salvo da derrota pelo seu goleiro ou depender de um pênalti para vencer. A defesa deveria ser pra salvar o gol de honra do adversário e o pênalti para engrossar o placar já construído.
Não culpo o Diniz. É visível que seus times são montados para o gol. O gol que parece não ir muito com a cara dele. Precisa descobrir urgentemente como conquistar o danado ou acabará sendo prejudicado muito seriamente. Num campeonato de pontos corridos isso já prejudica, num “mata-mata” é mortal. Não dá pra viver nesse eterno amor não correspondido.
Alexandre Drumond