São Paulo perde disputa de pênaltis e termina em quarto na Libertadores Sub-20; Confira o balanço da campanha Tricolor

Após empate por 1 a 1, o River Plate do Uruguai venceu a disputa de penalidades por 5 a 4. (Foto: Divulgação/Twitter Conmebol)

Neste sábado (24), os garotos de Cotia entraram em campo no Estádio Centenário, em Montevidéu, para seu último compromisso na Libertadores Sub-20 de 2018. Na partida válida pelo terceiro lugar da competição, a equipe até buscou o empate no tempo normal, mas acabou derrotada nos pênaltis pelo River Plate do Uruguai e agora volta para o Brasil sem medalha.

Após perder a semifinal para o Nacional, também do Uruguai, na última quarta (21), André Jardine entrou com força máxima para disputa do bronze. O adversário, superado pelo Independiente Del Valle, contava com apenas cinco titulares na equipe e apenas quatro atletas no banco de reservas. Mesmo assim, os anfitriões conseguiram o triunfo após 1 a 1 no tempo normal e placar de 5 a 4 nas penalidade máximas.

O jogo

O São Paulo começou dominando as ações, com algumas chegadas perigosas no ataque. No entanto, quem marcou primeiro foi o River Plate-URU, em contra-ataque gerado por erro de passe do Tricolor no meio de campo. Cristian Martín aproveitou a bola recebida na cara do gol e apenas deslocou Júnior.

A partir daí, os garotos de Cotia demonstraram certo descontrole, principalmente na defesa, com muitos erros na saída de bola e desatenção. Mesmo assim, o River não conseguiu aproveitar o momento de desequilíbrio do Tricolor.

No segundo tempo, o São Paulo voltou melhor. Em 12 minutos, a equipe finalizou três vezes com muito perigo. Antony substituiu Helinho e acertou o travessão. A pressão seguiu intensa e o desgaste físico tomou conta dos uruguaios. Aos 44 minutos, enfim, a insistência resultou no gol. O zagueiro Walce, após cruzamento da direita que atravessou toda a área, conferiu de cabeça para as redes.

Com o empate em 1 a 1, a partida foi para as penalidades. Rodrigo, Walce, Igor Gomes e Fabinho marcaram seus gols, mas Oliveira desperdiçou. Os uruguaios foram impecáveis e converteram todas as suas cobranças. Final de disputa, 5 a 4 para o River Plate-URU, que conquistou o bronze.

Goleiro uruguaio defendeu a cobrança de Oliveira; Único pênalti desperdiçado na disputa. (Foto: Divulgação/Twitter Conmebol)
Nacional Campeão

Imediatamente após a partida do Tricolor, ocorreu a grande final da competição entre Nacional-URU (algoz do São Paulo) e Independiente Del Valle, do Equador. Os donos da casa sagraram-se campeões após vitória por 2 a 1, com ambos os gols marcados pelo atacante Brian Ocampo. Foi o primeiro título uruguaio da Libertadores (em qualquer categoria) desde 1998, quando o mesmo Nacional foi campeão da competição profissional.

Confira a análise do Nacional, campeão da Libertadores Sub-20 de 2018

Resumo da campanha

Campeão da Libertadores Sub-20 em 2016, os meninos comandados por André Jardine entraram nesta edição com o intuito de defender o título. Cabeça de chave do Grupo A, a equipe não encontrou dificuldades nas primeiras duas partidas da primeira fase. Goleadas no Quebracho, da Bolívia, por 6 a 0 e no Atlético Venezuela por 6 a 1.

Jogando pelo empate na última rodada contra o Talleres, da Argentina, para se classificar às semifinais, o São Paulo encontrou dificuldades pela primeira vez. Com um a menos desde o início do primeiro tempo, a equipe contou com defesa de pênalti de Júnior aos 44 minutos da segunda etapa para segurar o empate em 1 a 1 e confirmar a passagem para a fase seguinte.

Na semifinal, o adversário foi o Nacional, do Uruguai. Jogando em casa, os uruguaios tiveram a melhor campanha da primeira fase com 13 gols marcados e nenhum sofrido. Diante de um time mais forte e organizado, os comandados de André Jardine sucumbiram, acabaram falhando em jogadas pontuais e sofreram a derrota. O placar de 3 a 0 para o Nacional foi exagerado, se analisarmos a atuação do São Paulo, mas, sem dúvidas, a vitória uruguaia foi merecida.

Como um prêmio de consolação, o Tricolor entrou em campo para vencer a disputa de terceiro lugar. No entanto, esbarrou novamente em um time da casa, dessa vez nas penalidades, e acabou finalizando o campeonato com uma frustrante quarta posição.

De fato, as expectativas no início do torneio eram altas. Vindo de uma grande campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior, com derrota apenas na final, o São Paulo era um dos grandes favoritos ao título continental. No entanto, a conquista não veio e a participação são-paulina se encerrou de forma melancólica neste sábado com mais uma revés.

Mas ao invés de tratar a campanha como fracasso, é preciso tentar compreender os pontos positivos e perspectivas futuras deixadas pelo São Paulo na Libertadores Sub-20 de 2018.

Base serve para formar

Vencer não é tudo nas categorias de base. Ao menos não deve ser. As derrotas para o Flamengo na Copinha e agora na Libertadores Sub-20 deixaram um gosto amargo na boca do torcedor são-paulino. Impressão de uma equipe que chegou longe, mas na hora da decisão não soube se comportar adequadamente. Time pipoqueiro? Não é bem assim.

As derrotas nos dois torneios tem muitas semelhanças. Gols do adversário no início do jogo e a partir de então times extremamente recuados. O São Paulo até criou, mas não conseguiu finalizar bem suas jogadas. Um pouco de preciosismo e ansiedade, normais em garotos com menos de vinte anos.

São Paulo disputou cinco partidas na Libertadores Sub-20, com duas vitórias, dois empates e um derrota. (Foto: Divulgação/Twitter Conmebol)

Não vencer a Copinha nem a Libertadores não faz da equipe ‘pipoqueira’. Basta retornar ao ano passado para entender como o São Paulo vem sendo vitorioso nessa mesma categoria sub-20: Foram quatro títulos ao longo de 2017. Se os títulos neste ano ainda não vieram, paciência. Nenhuma equipe triunfa eternamente. Existem infortúnios.

Importante é que o São Paulo segue revelando seus talentos. Igor Gomes, Toró, Helinho, Liziero, Luan, entre muitos outros jovens extremamente promissores, que pudemos ver nos últimos meses. Todos com plena capacidade de se juntar ao time principal e evoluir ainda mais, se tiverem as devidas oportunidades.

Muitos torcedores identificaram queda de rendimento em alguns jovens do São Paulo, após os mesmos participarem de treinos com os profissionais. Salto alto? Não se deve esquecer do alto desgaste físico imposto por esse torneio. Iniciado no dia 10 de fevereiro, foram 5 partidas disputadas em 14 dias. No mês de janeiro, a equipe também disputou uma maratona de jogos: 9 duelos em 23 dias. Portanto, não é correto apontar falta de comprometimento dos jovens levando em base apenas as derrotas recentes. A questão física pode sim, ter sido um fator determinante para a queda de rendimento no final dos torneios.

Virtudes e deficiências

Na Libertadores Sub-20, o São Paulo teve duas grandes atuações logo em seus primeiros dois jogos. Atuando de forma coletiva e segura, a equipe criou e concretizou inúmeras chances, dando um verdadeiro show. Toró com quatro gols pode ser apontado como o destaque. Gabriel Novaes também foi importante marcando duas vezes.

Nas partidas restantes, a equipe não conseguiu repetir desempenhos ofensivos tão impactantes. As chances até foram criadas, mas faltou um pouco mais de tranquilidade nas finalizações. Helinho se esforçou, buscou o mano a mano pelas laterais, tentou criar oportunidades, mas não teve sorte. O meio de campo perdeu um pouco de sua mobilidade facilitando a marcação do vestiário. Novamente, a questão física influenciou nessa diminuição do ímpeto tricolor.

Toró foi o artilheiro da equipe na competição com quatro gols marcados. (Foto: Igor Amorim/saopaulofc.net)

Já na defesa, dificuldades com as bolas aéreas que preocupam. Assim como na final da Copa São Paulo, a equipe voltou a sofrer gols de cabeça na semifinal contra o Nacional, culminando com a eliminação. Toda vez que a bola sobrevoava a área são-paulina, o torcedor ficava com medo do pior. André Jardine precisa trabalhar essa deficiência urgentemente, pois ela já custou duas derrotas neste início de ano.

Em contrapartida, o goleiro Júnior foi destaque. Não somente pelo pênalti milagroso defendido nos acréscimos contra o Talleres, mas também por atuações seguras e boas intervenções ao longo dos jogos. Com a bola nos pés, o garoto ainda se atrapalha um pouco, mas a tendência é uma boa evolução.

O treinador são-paulino André Jardine demonstrou ousadia, mas que em certos momentos acabou por ser imprudência. Entrou com um time bastante ofensivo contra o Nacional, que encontrou muitas dificuldades e acabou sendo derrotado. Uma tentativa que não deu certo. Porém, as mudanças do treinador foram válidas ao longo de toda a competição, sempre buscando a vitória através de um futebol envolvente e objetivo. Jardine tem muitos méritos pelo sucesso da equipe que comanda desde 2015.

Papel digno

Se o título não veio, ao menos tivemos a oportunidade de ver muitos bons jogadores tecnicamente e um treinador capacitado capaz de organizar o time taticamente. Um futebol bonito, ofensivo, com ousadia e dribles. Características que agradam o torcedor, principalmente quando colocamos na conta o time profissional do São Paulo.

Assistir a garotada vem sendo empolgante. O torcedor espera que os meninos de Cotia sejam tratados com muito carinho pela instituição São Paulo. Eles ainda podem render muitos frutos ao clube no futuro.

Menção aos vinte jogadores que representaram o São Paulo na Libertadores Sub-20 de 2018:

Goleiros: Junior e Thiago Couto; Laterais: Bruno Dip, Caio, Liziero; Zagueiros: Diego, Rodrigo, Tuta e Walce; Volantes: Cassio, Luan, Rafael; Meio-campistas: Gabriel Sara, Helinho, Oliveira e Igor Gomes; Atacantes: Antony, Fabinho, Gabriel Novaes e Toró; Treinador: André Jardine.

Álvaro Logullo

Álvaro Logullo

21 anos, estudante de jornalismo e devoto do São Paulo FC. Filho, neto, irmão e sobrinho de são-paulinos. Apaixonado por estádios de futebol, pretendo ir a todos os jogos do Tricolor, no Morumbi, em 2018. Porque se a fase é ruim, o amor é eterno!

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