Junho é o tão conhecido “Pride Month”, e, mais especificamente, no dia 28 é comemorado o dia mundial do Orgulho LGBTQIA+. Como forma de apoio a luta contra a Homofobia, o São Paulo postou em suas redes sociais a foto do Morumbi envolto de um arco-iris e um texto que dizia:
Existe um ponto em comum que nos une: o amor pelo São Paulo. O clube é formado por são-paulinos de diferentes idades, crenças, classes, regiões e diferentes formas de amar. Não há amor mais ou menos legítimo. Há apenas amor. E o São Paulo se orgulha de todos os seus torcedores.
Entre os torcedores esse texto foi recebido de diversas formas e sentimentos. Houve quem apoiasse e quem criticasse tal atitude. O argumento dos críticos foi baseada na famosa frase “O São Paulo não deve se envolver nesses assuntos”. É através dessa frase que eu me inspirei a criar este artigo de opinião. O São Paulo deve se envolver nesses assuntos? O São Paulo deve ser palco para se falar de homofobia?
De cara, a resposta é SIM! Homofobia é um problema social e estrutural. Existe até hoje um estigma muito ruim em cima desse assunto, principalmente quando nos é ensinado que é “ruim” ser gay. Já parou pra pensar que quando você chama algum amigo seu de “bicha”, você está presumindo que isso é algo ruim? Pois bem, dentro do futebol, dentro do estádio, que são lugares que reproduzem pensamentos e vivencias de nossa sociedade, isso se multiplica. Dentro do estádio de futebol existe um consciente coletivo de que todos podem falar e se expressar como quiserem, até certo ponto. Logo, é muito comum ouvir gritos e xingamentos que reproduzem falas homofóbicas. Enquanto continuarem aceitando como normal os gritos e cânticos que reforcem esse preconceito, continuará existindo homofobia não só dentro do estádio, mas como fora dele.
“Ok, mas o que o São Paulo tem a ver com isso?”
O São Paulo é um clube que carrega consigo mais de 17 milhões de torcedores. Como imagem e modelo a ser seguido, quando o clube posta algo falando sobre o tema, abre margem para discussão e mudanças de opiniões. O São Paulo carrega consigo o poder de influência para com o seus torcedores. Se você continua pensando que é ruim o São Paulo se relacionar com esse assunto, mostra que nada mudou no seu pensamento, afinal, você continua vendo como algo ruim o fato de o seu clube do coração estar falando sobre esse tema.
É fato que esse assunto deve estar em pauta no futebol em geral, mas é importante lembrar que quando se trata de São Paulo, esse assunto é mais sério. Lembremos, por muito tempo como forma de “zoação” de torcedores rivais o apelido pejorativo de “Bambi” era comumente usado. Uma vez que dentro de campo não havia como argumentar contra o São Paulo, o extra campo começou a ser utilizado.
Ainda na mesma época, Richarlyson, um ex-jogador, que atuou de 2005 a 2010 sendo multicampeão pelo clube teve por muitas vezes o seu status de ídolo apagado. O motivo? Acreditavam que Richarlyson era homossexual. Com o passar dos anos, de fato o jogador se abriu e se declarou como homossexual. Mas ai que tá, o que muda? Pouco importava para a torcida o que o jogador fez e conquistou pelo clube, o fato de não querer alguém não hétero como ídolo vinha a frente da grandeza dele como jogador.
Existem torcedores que há anos não frequentam o estádio por conta de outros torcedores que reproduzem atitudes e falas homofóbicas. É praticamente impossível ir para o estádio com o cabelo colorido, usando brinco ou pulseiras. Camisas coloridas, rosas? Nem pensar. Isso deve ser mudado!
O São paulo não só deve, o São Paulo É palco para se falar de homofobia. Afinal, como descrito no post do clube, o que nos une é apenas uma coisa: O amor pelo São Paulo. Amor é amor, independente de quem você ame. Devemos nos respeitar como torcedores (e adversários). O São Paulo é para todos!
Gustavo Marinheiro