O que o futuro nos reserva?

(Foto: Divulgação / @SaoPauloFC)

 

A 32ª rodada chegou ao fim e agora restam seis jogos para determinar o destino do São Paulo no Campeonato Brasileiro. A vexatória derrota para o Flamengo em pleno Morumbi e sob os olhares de mais de 47 mil são-paulinos, parece ter sido a ‘virada de chave’ para que todos os que negavam a realidade a entendessem. Os discursos irreais da diretoria e comissão técnica sobre classificação para Libertadores, mesmo quando nada indicava para isso, mudaram e o cenário atual é a briga contra o rebaixamento.

O desempenho do time durante todo o campeonato já mostrava que o foco deveria ser, antes de qualquer outro, se distanciar do Z4. Salvo raras exceções, o São Paulo teve jogos terríveis em que não mostrou resultado e nem desempenho. O típico time que parecia não compreender a diferença entre uma vitória, empate ou derrota. Aquele que parecia achar que a qualquer momento emplacaria uma sequência de vitórias e garantiria sua vaga na Libertadores. O que achava que a situação estava 100% sob seu controle. 

O final da temporada 2021

A última década teve pelo menos duas grandes provas (2013 e 2017) do sofrimento que é a briga contra o rebaixamento. Mas diferentemente do que aconteceu nesses anos, quando a essa altura do campeonato o time já estava em franca recuperação, a temporada atual é mais desafiadora. Em 2021 o declínio é constante e nenhum sinal de reação foi visto em momento algum. O time soma oito vitórias em 32 partidas e 38 pontos em 96 disputados. Campanha pior do que qualquer outra já enfrentada pelo clube.

Outro ponto de dificuldade é a apatia vista jogo após jogo. Alguns jogadores por vezes parecem estar no piloto automático e não mostram indignação, contrariedade e nem qualquer tipo de reação. Além disso, Rogério Ceni tem escolhas duvidosas nas escalações e pareceu querer recuperar jogadores, que notoriamente não mereciam mais esse esforço, ao invés de focar em pontuar o máximo possível utilizando quem vinha bem.

De maneira geral, tudo isso terá de ser analisado para essa reta final de temporada e para as próximas, mas nada disso muda os reais culpados por tudo estar assim: o sistema político do clube.

Nova diretoria, mesmos erros

A nova diretoria, chefiada por Julio Casares, esteve em campanha durante vários meses para conseguir a eleição, e conseguiu. O novo – ou nem tão novo assim – grupo, chegou  ao poder ostentando um discurso de mudança, profissionalismo e transparência, tudo que não era visto há tempos pelos lados do Morumbi. Curiosamente, muito alinhados com o que todos na torcida queriam ouvir. 

Será que as coisas finalmente iriam mudar? Logo nas primeiras decisões veio a resposta: não. A transição da diretoria, feita da pior forma possível, contribuiu com o fim melancólico da temporada 2020. Queriam mudar tudo de uma hora pra outra e afastar qualquer resquício do péssimo trabalho da gestão anterior, da qual também participaram. Mudanças rápidas para demonstrar trabalho ou egocentrismo para serem tidos como os salvadores da pátria?

Ao longo da temporada 2021 esse questionamento também teve uma resposta, especialmente quando o Campeonato Paulista foi insanamente priorizado e tratado como Copa do Mundo. Ao ignorar todo o contexto de um time que emendava uma temporada na outra, a diretoria colocava o desejo de inserir seu nome na história do clube como os responsáveis por tirar o time da fila de títulos à frente de qualquer planejamento. O que se vê no restante do ano é uma consequência também disso.

As contrariedades

Ao longo dos meses do primeiro ano de gestão de Julio Casares, todo o discurso de campanha sucumbiu diante dos problemas causados por suas próprias escolhas. Não houveram melhorias no marketing, nem na comunicação, muito menos no desempenho do time em campo e no mercado de contratações. Aqueles que após o título paulista apareciam o tempo todo para entrevistas e nas redes sociais, hoje em dia nem ao menos permitem comentários em suas publicações.

O time enfrenta uma fase ruim e ninguém se deu ao trabalho de prestar esclarecimentos à torcida. Agora não tem mais vídeo no Instagram, nem entrevistas nos canais de TV e muito menos a tão dita transparência. Só restou o silêncio e as contradições. Quando tudo deu errado, o ano de transição se tornou ano de reconstrução.

As decisões de poucos, que afetam muitos

O caos visto em campo reflete perfeitamente a confusão administrativa que rodeia o São Paulo. Quem em outrora foi exemplo de como fazer, hoje é tido como ultrapassado e limitado. Ao contrário da angústia que se faz presente no coração dos torcedores, a preocupação dos que comandam não está em tirar o time dessa situação ou profissionalizar as coisas, mas sim em se perpetuar no poder.

O sistema político do São Paulo não é democrático e frustra quem ama esta instituição. A estrutura impõe que duas centenas de conselheiros definam os rumos de um clube composto por 20 milhões de torcedores apaixonados. É, antes de mais nada, profundamente triste acompanhar a destruição diária acontecer diante de nossos olhos, e não poder fazer nada a respeito.

O fantasma do rebaixamento se aproxima um pouco mais a cada ano, em descompasso com a mudança, que parece cada vez mais distante. O desejo geral é de que as coisas consigam mudar sem que haja a dor do descenso, até porque a torcida não mereceria passar por isso. Infelizmente isso parece um sonho distante, mas o Clube da Fé mantém a esperança viva, mesmo que toda a estrutura pareça fazer de tudo para afundar o presente e o futuro deste grandioso clube. 

 

Por: @juliarobita 

Por hoje é isso, pessoal. Até a próxima! 

Boa sorte para nós! 

 

Julia Robita

24, estudante de jornalismo, são-paulina e meio aleatória. Gosto de falar sobre esportes, música e o que mais tiver

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