Na ferrovia do Paulistão, o São Paulo está em velocidade reduzida

Com sete pontos em três jogos, time ainda demonstra mesmos erros de 2019. Ainda falta bastante para fazer a torcida acreditar em algo melhor para o futuro

Em meio a Guerra Civil Americana, no século XIX, Robert Smith compôs uma peça chamada “The Great Locomotive Chase”. A ideia era demonstrar pela música um pouco da perseguição que existia pelas ferrovias dos EUA durante os combates. Quando se ouve a composição, é possível se empolgar com os pequenos detalhes. O trem chegando na estação e saindo em alta velocidade.

Se alguém fosse corajoso para fazer uma canção baseada no desempenho do São Paulo até o momento, certamente não faria sucesso. Em 2020, já foram três jogos e o que se viu até o momento não empolga. Assim como em 2019, a transição defesa-ataque é lenta. Isso se deve principalmente pela formação do meio-campo, que utiliza dois jogadores com idade avançada, muita técnica, mas pouca agressividade. Com isso, inevitavelmente algum deles irá “sumir” do jogo em determinado momento.

Talvez a maior surpresa seja Tchê Tchê. Neste ano, como primeiro volante ou até mesmo formando uma linha de três na zaga, tem ajudado bastante na saída de bola. Mas, a partir daí, o time não evolui. A saída pelas laterais tem deixado a desejar. Pela esquerda, Reinaldo começou muito mal o ano. Pela direita, Juanfran não tem conseguido tabelas eficientes. Muitas vezes fica sozinho sem a aproximação dos meias. Além do mais, sua principal virtude é oferecer uma boa cobertura defensiva pela lateral do campo. O jogo de ontem contra a Ferroviária foi uma boa demonstração disso.

Torcida em Araraquara
(Foto: Rubens Chiri | São Paulo FC)

Três jogos. Sete pontos ganhos. Não é ruim. Mas para quem está há tantos anos sem título, é preciso mais. Não apenas em pontos ganhos, mas também em desempenho. Falta agressividade e vontade de vencer. Contra o Água Santa, o time se contentou com o 2×0. Ontem conseguimos o empate em um raro (e bonito) chute de fora da área de Hernanes. A virada no começo do segundo tempo com Arboleda deixou as coisas mais fáceis. Contra o Palmeiras, que não sabe o que é perder do São Paulo no Paulistão há dez anos, faltou o “algo a mais”.

É como um passageiro que fica mais de uma hora esperando pelo seu trem e, quando ele chega, está lotado e precisa esperar pelo próximo. O time precisa mudar. Antony e Igor Gomes, que estão na seleção brasileira sub-23, podem ajudar a modificar esse quadro. Mas ainda é pouco. A torcida não aguenta mais tantos anos de vacas magras. O elenco é praticamente o mesmo do ano passado. A diferença está na expectativa. No começo de 2019, estávamos animados por contratações aparentemente boas, além das que chegaram ao longo do ano. Hoje, sem contratações, a perspectiva para o futuro é ruim.

A conclusão disso tudo é que Diniz precisa dar um jeito de fazer o time jogar. Em março teremos a Libertadores, num grupo que dará trabalho. Se o time continuar nessa morosidade, certamente o fim será trágico.

Gabriel Luna

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.