Estreando na Copa Libertadores, o Binacional terá o São Paulo pela frente na primeira partida de sua história nessa competição.
O Escuela Municipal Deportivo Binacional foi fundado no dia 18 de dezembro na cidade de Desaguadero, na região administrativa de Puno, sudoeste do Peru.
Em 2010, Desaguadero (que é uma cidade da Bolívia, com uma pequena parte dentro do território peruano. Daí a expressão Binacional) vivia uma forte influência futebolística do lado boliviano da fronteira. E essa questão levou o prefeito da cidade na ocasião, Juan Carlos Aquino, a promover a fundação de um clube de futebol para promover o esporte na região de Puno. E assim, surgiu o clube com o nome inicial de Club Deportivo Binacional de Desaguadero.
Em 2011, o Binacional de Desaguadero estreou na Copa Peru, que funciona como um selecionador de equipes para a primeira divisão do país. Na sua temporada de estreia, não obteve bom desempenho. Já em 2012, chegou na fase nacional, enfrentando equipes de outras regiões do Peru. Chegou a superar o Deportivo Credicoop, da cidade de Tacna, nos pênaltis. Porém, o Binacional foi eliminado após manobras externas promovidas pelo Credicoop, o que no Brasil chamamos de “virada de mesa” ou o famoso “tapetão”.
Já na Copa Peru de 2013, também chegou na fase nacional, mas caiu para o San Simón de Moquegua. Em 2014, voltou a não passar da fase regional. O trabalho do Binacional para chegar na Liga Peruana se desenhava para ser mais árduo do que o esperado. Nem a mudança de formado para a edição de 2015 ajudou o Binacional. Eliminação para o Policial Santa Rosa na fase regional.
Em 2016, o prefeito de Desaguadero e presidente do Binacional, Juan Carlos Aquino, promoveu a “mudança administrativa” do clube, da região de Puno para a região de Arequipa. Para isso, teve que adquirir o Escuela Municipal de Paucarpata, clube fundado na região em 2008. E assim aconteceu a fusão entre o Paucarpata e o Binacional, assim chegando ao nome atual: Escuela Municipal Deportivo Binacional.
Já com seu novo nome e com sua nova região administrativa, o Binacional teve encontros amistosos com grandes equipes, como o Alianza Lima. Disputou a Liga Distrital de Paucarpata (algo parecido com um campeonato estadual no Brasil) em 2016, fazendo uma campanha brilhante, conquistando o título e marcando incríveis 70 gols na competição. Já na Copa Peru, o Binacional mais uma vez bateu na trave para chegar na Liga Peruana, depois de ser superado nas fases finais por Racing de Huamachuco e pelo Sport Rosario, ficando em terceiro lugar.
Em 2017, o Binacional foi ao mercado atrás de atletas de alto nível, para buscar o título da Copa Peru de forma absoluta. Era uma obsessão. Disputou amistosos contra grandes clubes do país como o Cienciano, o Real Garcilaso e o Melgar (o qual goleou com um sonoro 6×1).
Deu certo. Na Copa Peru em 2017, o Binacional superou León de Huanuco, Defensor Laure Sur, e Unión San Martín de Ica, conquistando o tão sonhado título, e consequentemente, o tão sonhado acesso ao Campeonato Nacional. No dia seguinte, festejos. Homenagens e cantorias por várias regiões do Peru. Arequipa, Paucarpata, Juliaca, Puno, Llave, Juli, e finalmente, Desaguadero.
Em 2018, o Binacional retornou para a região administrativa de origem, Puno, mas com um sério problema para resolver: encontar um estádio para mandar seus jogos na Liga 1, a primeira divisão do futebol peruano.
Enquanto a diretoria tentava resolver essa questão, o clube disputou um Torneio de Verão, tendo conquistado 6 vitórias, 5 empates e 3 derrotas.
O Binacional começou logo em seguida a disputa do Apertura Peruano. Uma campanha até boa, um oitavo lugar para o iniciante na elite do país. Porém, o Clausura foi assustador. Brigou para permanecer na competição que sua coletividade tanto trabalhou para estar. E o destino reservou o melhor para o Binacional. Na 12ª rodada, a vitória fora de casa sobre o Sport Rosario por 2×0 garantiu a manutenção do Binacional na Liga 1. E, a soma dos pontos conquistados no Torneio de Verão e no Clausura, somados de mais alguns pontos conquistados na reta final daquela temporada, deram ao clube sua primeira classificação para competições internacionais. O jovem clube disputaria a Copa Sul-Americana de 2019.
2019 chegou mágico para o Binacional. O clube enfrentou o poderoso Independiente de Avellaneda, o maior campeão da Copa Libertadores. Evidentemente, a classificação não veio, mas o alento sim. A Federação Peruana de Futebol certificou o Estádio Guillermo Briceño Rosamedina, em Juliaca, e autorizou o Binacional a mandar lá suas partidas.
A nova casa trouxe sorte. A campanha incrível na sua segunda temporada na Liga 1 Peruana foi coroada com o título e a garantia de sua primeira participação na Copa Libertadores.
Vai receber, em Juliaca, três campeões da competição. As visitas de São Paulo, River Plate e LDU, com suas camisas e atletas de relevância internacional no futebol, proporcionarão emoções inesquecíveis para os torcedores deste jovem e destemido clube, que mostrou para os peruanos que com determinação, tudo é possível.
Binacional e São Paulo se enfrentam nesta quinta (05), às 21h, em Juliaca, e no dia 5 de maio, às 21h30, no Morumbi.
Caio Felix
Twitter: @OCaioFelix