De volta ao Morumbi, São Paulo encara confronto direto diante do Bauru Basket

FOTO: Victor Lira/Bauru Basket

Quinto colocado do Novo Basquete Brasil (NBB), o São Paulo enfrenta, nesta segunda-feira (28), o Bauru Basket, em confronto direto por vaga no G4 da competição nacional. Após uma sequência de seis jogos no Ginásio Poliesportivo Henrique Villaboim, o tricolor paulista volta a atuar no Ginásio do Morumbi, casa da equipe são-paulina. A partida inicia-se às 20h (horário de Brasília) e será transmitida pelo DAZN.

Último confronto

Diante do Fortaleza Basquete Cearense, os comandados de Cláudio Mortari colecionaram mais uma derrota melancólica e decepcionante na elite nacional, desta vez por um placar de 92 a 85. O tricolor paulista dominou grande parte do duelo e, ao fim do terceiro período, chegou a estar com uma vantagem de 11 pontos no marcador. No entanto, o São Paulo teve mais um apagão em momentos cruciais e viu a equipe nordestina, comandada por Desmond Holloway (28 pontos) e Dontrell Brite (27 pontos), diminuir a vantagem ainda no terceiro quarto e virar o jogo nos dez minutos finais. O revés para o time de Alberto Bial marcou a terceira derrota dos são-paulinos, que agora amargam a quinta colocação, no torneio.

Apesar do mau resultado, atuações individuais merecem destaque. O pivô Lucas Mariano foi muito acionado no embate e conquistou um duplo-duplo de respeito: 31 pontos e 10 rebotes (10/18 2PT e 3/5 3PT), além dos 31 de eficiência. Georginho de Paula também foi um dos principais jogadores da partida, finalizando o jogo com 20 pontos, 11 rebotes e 6 assistências. Nos números coletivos, o São Paulo aproveitou 44% dos arremessos de três pontos, 45% nas bolas de dois pontos e 83% dos lances livres, coletou 37 rebotes, distribuiu 22 assistências, roubou 6 bolas e deu 2 tocos. Em suma, a atuação ofensiva do tricolor paulista não foi ruim. O clube do Morumbi, contudo, foi péssimo defensivamente e não fez o suficiente no ataque para compensar as falhas defensivas.

O adversário – Bauru Basket

Campeão do Novo Basquete Brasil (NBB) 2016/17, o Bauru Basket é um dos clubes mais tradicionais do basquete brasileiro e está fixo no topo do cenário nacional há anos. Entretanto, a histórica equipe paulista não se destacou nas últimas temporadas, sobretudo na edição anterior, quando enfrentou diversas dificuldades e finalizou o NBB 2019/20 com 11 vitórias em 26 jogos. Para a época atual, os bauruenses optaram por uma reformulação geral no plantel e se reforçaram trazendo nomes de calibre. O objetivo principal? Brigar novamente pelo título da competição. Após outra série de adversidades, o brilho da cidade sem limites havia finalmente retornado. Nick Wiggins, Lucas Faggiano, Renato Carbonari, Dayvon Draper, Kevin Crescenzi, Lucas Brito, Samuel Pará, Demétrius Ferraciú e outros deram lugar a Alexey Borges, Dikembe, Alex Garcia, Gui Deodato, Tyrone Curnell, Alexei, João Pedro, Léo Figueiró e, por fim, Zach Graham. Um upgrade e tanto, não?

Após um Campeonato Paulista de altos e baixos, Bauru vem fazendo um bom início de NBB sob o comando do renomado Léo Figueiró. Com sete vitórias em nove jogos, o Dragão é o terceiro colocado da competição e já consolidou triunfos importantes diante de Mogi, Brasília, Cerrado, Caxias, Corinthians, Paulistano e Campo Mourão. Todavia, a equipe bauruense sofreu duras derrotas para Flamengo (90 x 73) e Pato Basquete (80 x 79) e pode perder a posição caso seja derrotada pelo São Paulo nesta segunda-feira.

Esses resultados colocam o Bauru Basket na posição de sexto melhor ataque do NBB 2020/21, com em média 82.5 pontos por partida. Uma das melhores defesas da competição, a equipe bauruense lidera a categoria de roubos de bola (9.2 por partida). Os números também são bons nas assistências (sétimo com 17.3 por partida), aproveitamento nas bolas de três pontos (quinto com 37%), aproveitamento nas bolas de dois pontos (58.1%), erros (décimo quinto com 11.4 por jogo) e eficiência (96.7). Em contrapatida, as estatísticas são ruins nos rebotes (décimo quarto com 35.2 em média) e tocos (décimo sexto com 0.8 por partida).

Mesmo com vários destaques individuais, o Bauru Basket é um time extremamente coletivo e, consequentemente, a pontuação da equipe torna-se muito distribuída. Dito isso, seis jogadores do plantel bauruense possuem médias superiores a 10 pontos por jogo. São eles: Alex Garcia (15.3 pontos e 4.5 rebotes), Zach Graham (15.3 pontos), Alexey Borges (14.9 pontos e 7.2 assistências), Gui Deodato (14.1 pontos), Gabriel Jaú (13.o pontos e 10.2 rebotes) e Tyrone Curnell (11.7 pontos e 5.1 rebotes). Além deles, Larry Taylor (7.4 pontos) e Dikembe (6.3 pontos) destacam-se vindo do banco de reservas. Por fim, João Pedro, Alexei, Emanuel e Lukas fecham a rotação.

O jogo

Para falar sobre o duelo, a equipe do SPFC 24 Horas entrevistou o jornalista Lucas Guanaes, fundador da Locomotiva Esportiva, comentarista no Jornada Esportiva e colunista no Área Restritiva. Guanaes, que já foi repórter nas transmissões do NBB, traçou suas expectativas para o confronto, analisou o time bauruense e muito mais.

Para Lucas Guanaes, o duelo é parelho e não há favoritismo. “O jogo promete ser muito tenso e equilibrado. São dois dos cinco melhores elencos do Brasil, que ainda não se enfrentaram na temporada, já que não se cruzaram no Paulista. Também são dois times que precisam se reerguer após duas derrotas nos últimos três jogos. Totalmente imprevisível.”

“Bauru terá o elenco completo após vários jogos desfalcado de Zach Graham, que demorou a ter sua situação regularizada e, depois, sem Jaú, que testou positivo para covid-19. É, portanto, o primeiro jogo da temporada em que Figueiró terá o famigerado número de dez adultos à disposição, além de Emanuel e um ou outro complemento de atletas mais jovens. Fisicamente falando as atenções se voltam à Jaú e Dikembe. O primeiro, como dito, estará de volta depois de três jogos fora e ainda não se sabe o quanto seu físico foi afetado pela covid-19, uma vez que outros atletas do NBB, como Marquinhos, por exemplo, têm sofrido nessa recuperação. Como o jogo do Jaú passa muito pela mistura de atributos técnicos e imposição física, seu reestabelecimento é um ponto de atenção. E Dikembe ainda não entrou em forma desde o início da temporada. Sua evolução, contudo, é nítida, embora ainda insuficiente. Como o time ficou quase duas semanas sem jogar, espera-se um passo a mais em direção à plena forma física. Por fim, com o elenco completo e com vários jogadores que podem desempenhar diferentes funções, as escolhas de Figueiró terão cada vez mais peso no desempenho do time e minutagem de cada atleta.”, informou o jornalista.

A fim de conquistar um triunfo diante dos bauruenses, o tricolor paulista terá de se preocupar com pontos específicos, como aborda o criador do Locomotiva Esportiva. “Num primeiro ponto, o São Paulo precisa se arrumar internamente e não ser tão instável ao longo das partidas, principalmente nos últimos minutos, momentos que custaram suas vitórias contra Minas e Fortaleza Basquete Cearense. Olhando para o adversário, apesar de Bauru ter vários atletas que podem resolver uma partida, muito do desempenho ofensivo da equipe passa por Alexey, seguramente um dos grandes nomes da competição até aqui. Se Georginho tem tudo para prevalecer sobre ele no ataque, na defesa a história se complica, uma vez que Alexey tem bom desempenho tanto em transição, como no jogo mais cadenciado. Além disso, também é o líder em roubos na competição, com 2,6 por jogo. Além dele, Alex e Larry dispensam apresentações, sendo de grande valia defensivamente. Apesar do São Paulo ter o melhor ataque da competição, não deve encontrar facilidade contra defensores deste calibre. Tal qual Shamell, Graham chegou para ser o gatilho do time e tem cumprido bem sua função nos primeiros jogos. Agora, porém, deverá estar mais entrosado e com novas armas em seu repertório, não apenas sendo um desafogo no perímetro e/ou se fazendo valer de jogadas mais individuais. Entre os maiores, Jaú volta para ser a peça que faltava ao lado de Tyrone para conter pivôs que abrem o jogo, como Renan, Jefferson e Lucas Mariano. Sem ele, por exemplo, Hettsheimeir desfilou na defesa bauruense semanas atrás.”, analisou.

Guanaes também comentou sobre as possibilidades a disposição do técnico bauruense Léo Figueiró. “Como terá todo o elenco à disposição, Léo terá como fazer praticamente qualquer tipo de alteração ao longo da partida. Contudo, após ter enormes dificuldades em conter Hettsheimeir contra o Flamengo, tendo o retorno de Jaú, acredito que Figueiró deverá iniciar com Jaú e Tyrone como pivôs, ao invés de Tyrone e Dikembe. Léo tem tentado implantar seus ideais no time, mas a má fase de Dikembe e dificuldade em ter o elenco completo até então, a equipe sempre resolveu suas partidas com Alexey na armação, Alex, Larry e Gui Deodato se revezando na ala, Jaú e Tyrone como pivôs. Diante de Campo Mourão, porém, quem resolveu o jogo foi Dikembe, dando indícios de que ele pode ser confiável em duelos mais pesados. Agora, com Dikembe mais leve, Jaú de volta e Graham mais entrosado, teremos uma ideia melhor de quem Figueiró prefere ter em quadra em cada momento da partida.”

Bauru não entra em quadra há exatos 13 dias. O último duelo dos bauruenses foi diante do Campo Mourão, em uma vitória no último dia 15. De acordo com o jornalista, esse período sem jogos é imprevisível. “Não há como prever se o hiato de 13 dias será positivo ou negativo. A equipe pode tanto sofrer com o ritmo de jogo e ver o São Paulo melhor, como se apresentar mais entrosada e com menos pendências físicas. Espero, também como apreciador do basquete, que essa parada tenha sido positiva, com um jogo lá e cá até o final. Falando apenas dos compromissos bauruenses, derrotas como a sofrida para o Flamengo e vitórias como as sobre Brasília e Caxias não têm graça.”, afirma Lucas Guanaes.

Por fim, Lucas Guanaes numerou as vantagens e desvantagens de cada equipe neste clássico do NBB. “São dois elencos muito semelhantes. Ambos possuem um armador em altíssimo nível (Georginho e Alexey), amparado por dois alas muito experientes no NBB (Bennett/Shamell e Alex/Deodato/Larry), além de pivôs que abusam da força física, mas também possuem muita qualidade técnica (Renan/Lucão e Jaú/Tyrone). Acredito que a rotação fará a diferença na partida. Ambos os treinadores por vezes reduzem muito a minutagem de nomes como Dawkins, Isaac, Jefferson e Gerson, pelo São Paulo, e Alexei, Dikembe e João Pedro. O São Paulo tem suas armas mais definidas no trio Georginho, Shamell e Lucas Mariano, enquanto Bauru tem tido uma variedade de destaques ao longo das últimas partidas, sempre, porém, com Alexey dividindo os holofotes. A estatística pura e simples não é muito justa para analisar esta partida, a meu ver. O ataque Tricolor ser o melhor do campeonato e a defesa bauruense ser superior à de Mortari e companhia não significa tanto assim quando ambos os técnicos precisarão enfrentar um elenco tão parecido em nível de força, mas diferente em características individuais. Georginho e Alexey estão ambos entre os melhores do ano, mas não exercem as mesmas funções, assim como Lucas Mariano e Dikembe, por exemplo. É um pouco clichê, mas em última instância terá vantagem quem entrar mais focado num ritmo melhor. Mas fiquem atentos aos ajustes de ambos os treinadores, que devem mudar o andamento de seus times ao longo da partida.”, finalizou.

FICHA TÉCNICA:

Jogo: São Paulo x Bauru Basket

Local: Ginásio Poliesportivo Dr. Antonio Leme Nunes Galvão, Morumbi (SP).

Data e horário: 28 de dezembro, 20h00 (horário de Brasília).

Transmissão: DAZN

PROVÁVEIS TITULARES:

São Paulo: Georginho de Paula, Corderro Bennett, Shamell Stallworth, Renan Lenz e Lucas Mariano. Técnico: Cláudio Mortari.

Bauru: Alexey Borges, Zach Graham, Alex Garcia, Tyrone Curnell e Gabriel Jaú (Dikembe). Técnico: Léo Figueiró.

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Diego Marcondes

17 anos. Amante de basquete e são-paulino. Um dos percusores do Arremesso Tricolor. Também colaboro em Jumper Brasil e BasCast Brasil.

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