O novo coordenador técnico do São Paulo, Vagner Mancini, falou com a imprensa neste sábado (5), negou ser uma sombra para Jardine, revelou o motivo para aceitar o desafio e contou como será a sua função no clube do Morumbi.
Vagner Mancini, 52 anos, aposentou dos gramados em 2004 pelo Paulista de Jundiaí, assumiu como treinador do clube em 2005 e logo foi campeão da Copa do Brasil, levando a equipe do interior para a Copa Libertadores em 2006, e por lá venceu o River Plate por 2 a 1, mas caiu ainda na fase de grupos. Mancini seguiu novos projetos, em 2007 foi para a Arábia, depois treinou times grandes como Grêmio, Santos, Vasco, Cruzeiro, também passou diversas vezes pelo Vitória de 2008 até 2017, sempre saia e retornava, trabalhou no Sport, Botafogo, Ceará, Guarani, Chapecoense e Athlético-PR, ou seja, de 2005 até 2017 não parou, agora terá um novo desafio…
Um desafio, uma coisa nova. Eu que já estou há bastante tempo no futebol, como ex-atleta, técnico, e agora enfrentando um desafio. O que fez a diferença nessa escolha foi exatamente tentar entender o que São Paulo queria do Vagner Mancini e o que o Vagner Mancini vislumbrou nessa nova função dentro do São Paulo. O São Paulo tem a mentalidade de se fortalecer fora de campo. É importante quando você tem o investimento dentro de campo, que o atleta olhe para fora também e veja uma equipe forte também fora de campo. As atribuições estão voltadas para ser o elo entre diretoria, a parte executiva, que olha de uma forma muito macro, até chegar na comissão técnica. Quero dar o respaldo necessário a todos eles, para que possam fazer um excelente trabalho no dia a dia”, disse o novo coordenador do São Paulo.
E completou falando mais sobre o trabalho que será feito: “Nada mais é do que agir e coordenar todos os setores do clube, para que todos eles possam dar a condição da comissão técnica exercer junto aos atletas aquilo que nós temos de melhor. A escolha do Jardine para ser o técnico do São Paulo já vem de encontro a uma padronização que existe dentro do clube. Eu vou atuar exatamente em cima disso, fazendo com que a base também esteja presente. Hoje, temos, além de um técnico que vem da base, atletas que vieram da base e que vão ter oportunidade neste ano. Essa integração faz com que meu papel seja fundamental. Eu também serei o elo dentro dessas funções, fazendo com que tudo fique muito simples de ser entendido no dia a dia e que a gente tenha resultados com isso.”
Sobre o trabalho de base no São Paulo e o seu papel dentro disso: “A partir do momento em que o atleta chega no profissional, ele tem que ter o respaldo de uma estrutura que possibilite ele jogar. Nós sabemos a pressão que existe em cima de todos os clubes grandes por resultados, por conquistas e tudo mais. Mas é importante, quando o atleta chegar no profissional, que ele se sinta seguro para exercitar. E o clube também se sinta seguro para fazer com que esses atletas possam fazer parte do elenco principal. O São Paulo forma muitos jogadores. Ao longo desses anos, a gente tem visto vários atletas que se destacaram em outras equipes. A gente quer exatamente o contrário, que eles se destaquem dentro do São Paulo”.
O mercado do São Paulo tem sido ativo, Vagner Mancini comentou: “Faço parte de uma equipe que define uma série de coisas. A partir do momento em que sou consultado sobre tudo o que acontece dentro do clube voltado ao futebol, a coordenação técnica de futebol exige que minha opinião também faça parte de um grupo que vai analisar tudo sempre.”
Vagner Mancini trabalhou com o volante Willian Farias no Vitória, e revelou sua participação nesse reforço: “Eu fui consultado ainda pelo Jardine. Nós estávamos juntos no curso da CBF quando o Jardine me perguntou sobre o Willian Farias. Naquele momento, eu ainda não estava certo no São Paulo. Havia uma possibilidade, posterior a isso é que fizemos o acerto. Fui consultado, dei minha opinião. Acho que o Willian Farias tem tudo para ajudar o São Paulo, assim como outros atletas que estão aí também tiveram de certa forma uma consulta à minha pessoa em outras ocasiões.”
A diretoria nega um possível retorno do Alexandre Pato neste momento, mas Mancini citou: “Mais um assunto também que surgiu hoje. Não estou a par ainda de tudo. Talvez, ao longo do dia a gente defina alguma coisa. Mas é um nome de peso, não tenha dúvida. Um atleta de destaque, que já jogou no São Paulo e que certamente vai ser analisado com muito carinho”.
Natural de Ribeirão Preto, Vagner Mancini fez história no Paulista de Jundaí, e conhece muito bem Nene, ambos atuaram juntos no clube do Jayme Cintra, sobre uma possível saída, o coordenador falou: “Eu não estava a par ainda, mas vou checar a informação. É lógico que o mercado está de olho em vários atletas do São Paulo. Temos que analisar. O Nenê é um atleta importante dentro do sistema de jogo, um atleta que fez muitos jogos, tem alto índice de jogos, se levarmos em conta o fato da idade e do tanto que ele jogou. Você vê que é um atleta diferenciado. Eu, particularmente, tenho muita informação a passar e a conversar com o Nenê, porque tive oportunidade de jogar com o Nenê. Então, é uma amizade, uma relação de confiança de muitos anos. Certamente, hoje eu o vejo como uma peça fundamental. Lógico que vamos sentar e analisar tudo aquilo que surgir em termos de interesse de outras equipes.”
A avaliação do Vagner Mancini sobre o atual elenco são-paulino: “Eu vejo um time forte, fortalecido em relação a 2018. Tudo aquilo que você vê no futebol, às vezes a gente analisa uma equipe diante de nomes, diante de papel, e muitas vezes o segredo não está aí. Porque todo mundo tem bons jogadores. A chegada do Hernanes, a chegada de outros atletas, deu um corpo maior ao São Paulo, mas o dia a dia é que faz a diferença. Ter um ambiente bom de trabalho, onde o atleta se sinta capaz de realizar aquilo que ele pode, certamente vai ter êxito. Estou muito mais seguro em dizer que o dia a dia saudável te dá muito mais resultados do que simplesmente montar um bom time no papel”, vale lembrar que o então coordenador, enfrentou o São Paulo em 2018, na ocasião era técnico do Vitória.
Por ser técnico de ‘origem’, gerou um boato que o Mancini seria uma sombra para o novato Jardine, o que não agradou o atual coordenador: “A partir do momento em que sentamos para acertar o contrato, a primeira coisa que eu deixei muito claro é que não há a menor possibilidade de o Vagner Mancini assumir em qualquer hipótese. Porque a minha vinda para cá é exatamente para exercer uma função diferente, função de coordenação, para dar respaldo, para ajudar, dar respaldo, levar informação também a outros lados, ao lado da diretoria, ao lado de todos os setores que formam a estrutura do departamento de futebol. Então, não há a menor possibilidade. O Jardine tem o meu apoio incondicional, sabe disso. Até porque já conversamos bastante, inclusive antes do acerto ele me ligou, falando do seu desejo também que eu fizesse parte dessa equipe. As coisas estão muito claras, e tenho certeza de que vão ocorrer da melhor maneira possível.”
Ainda falou sobre o suporte que será dado ao técnico: ” Não foi uma decisão fácil de ser tomada. A gente vinha falando há cerca de um mês, até que nós sentamos com a diretoria para que entendêssemos a função que seria feita. Diante disso, me senti muito mais seguro em fazer parte, porque eu vejo que há um espaço muito interessante, e quero dar para a comissão técnica, para o Jardine, aquilo que muitas vezes eu não tive na minha carreira. Interessante a gente falar sobre isso, porque é uma necessidade que o treinador às vezes tem, que essa informação chegue para a diretoria, e que as informações da diretoria também cheguem para o treinador. Por mais que a gente viva o futebol há muito tempo, a gente não consegue entender por que não há uma sinergia tão grande. Talvez seja essa peça que faça falta dentro de toda a estrutura do nosso futebol.”