Podemos fazer essa comparação do atual técnico interino Marcos Vizolli com André Jardine em 2018 pelo retrospecto nesse final de Campeonato Brasileiro e lembrar como foi o final daquele ano e o começo de 2019. Vale ressaltar também que esse ano já temos um treinador garantido a partir do primeiro jogo do Paulistão, Hernan Crespo.
Vamos ao retrospecto dos treinadores, que assumiram o clube na mesma rodada em anos diferentes:
André Jardine
1 vitória (1×0 contra o Cruzeiro)
2 empates (0x0 contra o Sport e 1×1 contra o Grêmio)
2 derrotas (2×0 contra o Vasco e 1×0 contra a Chapecoense)
Marcos Vizolli*
1 vitória (2×1 contra o Grêmio)
2 empates (1×1 contra Ceará e Palmeiras)
1 derrota (1×0 contra o Botafogo)
*a matéria foi escrita após a derrota contra o Botafogo, podendo ser igualado na quinta-feira, diante do Flamengo no Morumbi.
Vizolli tem um estilo de comandar o clube que lembra o ex-técnico do São Paulo, Fernando Diniz, inclusive fazendo as alterações na segunda metade do tempo complementar, mesmo se o time estiver perdendo o jogo e não jogando absolutamente nada, como foi o exemplo do duelo diante do Botafogo. Ele só tirou Toró para colocar Léo por causa da expulsão de Reinaldo, e aos 19 minutos ele fez as primeiras alterações: sacou Juanfran e Gabriel Sara para colocar Igor Vinicius e Galeano. 10 minutos após, colocou o cansado Hernanes e João Rojas, que finalmente entrou em campo após 2 anos, no lugar de Igor Gomes e Bruno Alves, porém não mudou absolutamente nada.
Já André Jardine preferiu continuar com boa parte dos 11 jogadores que Diego Aguirre colocou em sua última partida, no empate contra o Corinthians na NeoQuimica Arena. Algumas mudanças ocorreram nos 5 jogos finais, dando chances para Brenner, Antony e até Trellez, mas o resultado sabemos qual foi.
Mas qual seria a diferença dos treinadores interinos e da situação?
Em 2018 o São Paulo foi líder do Campeonato, conquistou o título do primeiro turno e tudo começou a dar errado após o empate contra o Paraná, na primeira rodada do returno. Ainda ganhou do Ceará por 1 a 0 com gol de Bruno Peres, mas depois a chance do hepta foi por água abaixo, com péssimos resultados, falhas do elenco de modo geral, quebra de tabu do rival após 16 anos e apenas 4 vitórias nos 19 jogos restantes do Brasileirão.
Acabou o torneio na 5.ª posição com 63 pontos, 3 a menos que o Grêmio, clube que foi o último garantido na fase de grupos da Copa Libertadores do ano seguinte. Além disso, Leco e Raí continuaram confiando no treinador interino até a derrota no clássico para o Corinthians por 2 a 1 em territórios rivais, após também a eliminação inédita na pré-Libertadores para o Talleres de Córdoba.
Na atual temporada, a situação crítica do Tricolor começou a partir da derrota para o rival de Itaquera por 1 a 0, novamente na NeoQuimica Arena e que muitos consideraram a partida que enfim derrubaria o tabu de nunca ter vencido no estádio do Corinthians. Ainda venceu Atlético Mineiro (3×0 que iludiu muito a torcida) e o Fluminense no Maracanã, porém a eliminação nas semis da Copa do Brasil para o Grêmio foi crucial para a tragédia no clube da Barra Funda iniciar já no segundo dia do ano, quando levou 4 gols do RB Bragantino em menos de 45 minutos.
Derrota para o rival com elenco quase todo da base, goleada para o Inter, derrota para o Atlético Goianiense, empate com o Ceará com falha de Tiago Volpi, não vencer o Palmeiras e as chances de título, que chegaram a mais de 60% pro Tricolor quando estava 7 pontos na frente do Colorado fizeram todos os sonhos e ilusões da torcida irem por água abaixo. E para não precisar novamente ir disputar as primeiras fases da competição mais importante do continente, precisa derrotar o Flamengo em casa e que pode conquistar o título Brasileiro até mesmo com uma derrota, dependendo apenas do Inter vencer o Corinthians no Beira-Rio. Se empatar, o Fluminense precisaria de uma vitória apenas para ultrapassar o São Paulo nos critérios de desempate e conseguir a vaga direta na fase de grupos.
Vale lembrar também que se o Palmeiras vencer a Copa do Brasil, a vaga na fase de grupos está garantida, algo que seria um alívio para a equipe não precisar de fases eliminatórias, igual foi em 2019. Se o Grêmio ganhar e o Tricolor ser ultrapassado pelo Fluminense, o Ayacucho do Peru será nosso adversário e a decisão da vaga será nos 3.350 metros de altitude do Estádio Inca Garcilaso de la Vega. Caso classifique, poderá ter pela frente o Independiente Del Valle, clube sensação nos últimos anos e que vem com ótimos desempenhos.
Afinal: por qual motivo o São Paulo pode não viver a mesma coisa de 2019?
Naquela temporada, o grande erro da gestão Leco-Raí foi a insistência em Jardine, que se tornou fundamental para o vexame do Talleres e o péssimo início de Campeonato Paulista, sendo mudado isso por Vagner Mancini, após assumir o clube interinamente até Cuca comandar o São Paulo na reta decisiva do estadual.
Para esse ano, onde nem pré-temporada será feita devido a pandemia e outros fatores, Hernan Crespo já vai chegar com o duelo de estreia no Paulistão na porta, duelo esse contra o Botafogo de Ribeirão Preto no Morumbi. É algo que pode ser um alívio para o torcedor, mas também preocupa se caso ir para a pré-Libertadores e o clube ser eliminado precocemente, e a torcida vai começar a cobrar a cabeça do treinador.
Só não pode esquecer que peças como Reinaldo, Trellez, Pablo e outros que não vem em boa fase estavam nessa eliminação vexatória e seguem no elenco, mesmo fazendo partidas horrorosas e que fazem a torcida só passar raiva atualmente.
Salvem o Tricolor Paulista.
Christopher Henrique (@oChrisHenrique)