VAR: uma ferramenta para deixar o futebol mais polêmico?

Nesta quarta-feira (14), em entrevista ao Seleção Sportv, canal pertencente ao grupo globo, o presidente da comissão de arbitragem da CBF Leonardo Gaciba confessou que houve um erro no uso do VAR para a anulação do gol marcado por Luciano, pela sétima rodada do Campeonato brasileiro. Na ocasião, o tricolor saiu derrotado por 3×0.  Segundo afirmação de Gaciba: “Fizemos uma análise do lance. A linha realmente não é colocada (de forma correta). Há outros detalhes que temos na análise que a gente faz. Não adianta lutar contra a imagem. Claramente, a linha não está colocada de forma padrão. Não é erro da tecnologia. É um equívoco humano da colocação da linha de impedimento”.

Leonardo Gaciba em entrevista sobre o erro do VAR. Foto: ge.com

A fala do presidente da comissão de arbitragem traz a tona uma antiga discussão: o VAR mais ajuda ou atrapalha o futebol como um todo?

De antemão digo que a tecnologia mais atrapalha do que ajuda em inúmeras situações, e a explicação para isso é simples: a arbitragem brasileira não tem capacidade de trabalhar com uma tecnologia dessas. Tanto os árbitros de campo como os árbitros de vídeo. A arbitragem brasileira, queira ou não é defasada com relação as arbitragens europeias, onde o VAR aparentemente funciona.

Em 95% (ou até mais) das vezes onde a tecnologia do arbitro de vídeo foi requisitada, esta foi mal utilizada. Como grande exemplo temos o jogo de ontem (15) contra o Fortaleza pela copa do Brasil, quando o jogo ficou parado por ao menos 10 minutos para revisar uma clara expulsão do goleiro adversário, além de um pênalti (consultado pelo VAR) ao meu ver claríssimo não marcado no ultimo lance do jogo. E dessa vez, Gaciba, em quantos meses você passa aqui admitindo novamente o erro da tecnologia? Qual vai ser a desculpa da vez?

Acumulando ao menos uma polemica por rodada, o VAR tornou-se grande protagonista do campeonato brasileiro desde sua implementação, o que é um grande absurdo. Bandeirinhas marcam apenas impedimentos óbvios, árbitros preocupados apenas com lances escandalosos e demoras excessivas para consultar lances óbvios e interpretativos (quando o VAR não deve atuar). Assim se configura o atual cenário dessa tecnologia no Brasil, e sem qualquer perspectiva de melhora. O VAR aparece demais, chama o protagonismo para si e passa a impressão que tenta ser um show a parte. A tecnologia trouxe mais dúvidas que certezas, transformando até o impedimento em lance interpretativo.

Apesar de não gostar, compreendo que dizer não ao VAR é virar as costas as evoluções tecnológicas que vivemos, por mais que isso signifique dizer adeus a aquele futebol “raiz” (que cada vez fica mais longe de existir novamente) tão apreciado por s saudosistas e apreciadores do esporte anteriormente praticados. Mas como o VAR aparentemente veio para ficar, o Brasil deve suspender seu uso até a arbitragem brasileira mostrar-se capaz de aproveitar o que deve ser uma FERRAMENTA, e não o protagonista. Ainda temos muito a evoluir para utiliza-la corretamente.

Saudações Tricolores;

Murilo Zanardi

Twitter: @murilozanardi

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