Tudo o que você precisa saber sobre o basquete do São Paulo

Atualmente presente no cenário nacional o departamento de basquete do São Paulo Futebol Clube não se resume apenas as campanhas recentes na Liga Ouro e no Novo Basquete Brasil. O tricolor coleciona grandes capítulos com a bola laranja no passado, já que a modalidade é bem antiga dentro do clube.

O início

O basquete do São Paulo foi fundado em 1930, mas o primeiro título da modalidade veio somente 13 anos depois, quando o tricolor venceu o extinto Campeonato Paulista da capital em 1943. O time são-paulino não protagonizou grandes campanhas e nem bons campeonatos durante este período e por conta de muitas dificuldades financeiras voltou a ganhar um título apenas em 1989, conquistando o também extinto Campeonato Estadual da primeira divisão, que garantiu a equipe do Morumbi uma vaga na elite paulista em 1990, o último torneio disputado no século 20. O tricolor paulista voltou a disputar o Campeonato Paulista em 2005, mas desta vez em parceria com o AD Santo André, que acabou no mesmo ano.

Nova era

Em novembro de 2018 o São Paulo oficializou a volta da equipe profissional de basquete para a disputa da Liga Ouro, que na época era a divisão de acesso ao Novo Basquete Brasil, a elite do basquete nacional.

O ex-presidente da Liga Nacional de Basquete (LNB), João Fernando Rossi, foi contratado para a função de gestor geral da modalidade, coordenando as atividades do renomado técnico Cláudio Mortari e também do diretor e conselheiro Maurício Sanzi. Juntos montaram um elenco com bastante qualidade, que mesclava juventude e experiência e colocava o São Paulo como um dos favoritos ao título da competição.

O plantel do tricolor para a disputa da Liga Ouro 2018 era formado pelos armadores Deonta Stocks, Lucas Brito, Igor Araujo e Thiaguinho, o ala-armador Jalen Jones, os alas Ted, Danilo Drudi, os alas-pivôs Anderson Rodrigues e Kyle Benjamin João Vitor e Sidão.

A equipe comandada por Cláudio Mortari e Enio Vecchi fez uma boa campanha na primeira fase da competição, finalizando a temporada regular na segunda colocação geral com nove vitórias em quatorze jogos, um aproveitamento positivo de 64,3%, classificando-se diretamente para as semifinais do torneio. O São Paulo teve um ótimo desempenho jogando dentro de sua casa, vencendo seis das sete partidas no Ginásio do Morumbi.

Nos playoffs o tricolor enfrentou o Campo Mourão na semifinal. A equipe paranaense havia vencido o Rio Claro por dois jogos a zero nas quartas de final. A série foi bastante disputada, o time do Paraná venceu o primeiro jogo dentro do Morumbi por 78 a 76. Novamente em casa, o time do técnico Cláudio Mortari levou a segunda partida por um placar de 95 a 87. O São Paulo não temeu o Campo e mesmo fora de casa na terceira partida venceu com total propriedade, 103 a 80. O segundo jogo no Paraná foi disputado, mas o time paulista acabou sofrendo um revés por 92 a 89, forçando um jogo cinco. Por fim, a partida que levara o tricolor a final foi decidida tranquilamente, com uma vitória nada contestada dos paulistanos por 90 a 79.

Na grande final o adversário era a UNIFACISA, equipe que havia superado barreiras para chegar na decisão. Os paraibanos venceram o Cerrado nas quartas de final por dois a zero e o Londrina na semifinal por três jogos a um. O São Paulo foi derrotado novamente na primeira partida da série, perdendo por um placar de 81 a 72. No segundo jogo, talvez o mais equilibrado, não havia um favorito, mas o tricolor venceu por 85 a 84. Na Paraíba a situação complicou, os são-paulinos perderam o jogo 3 por 71 a 66 e precisava vencer a partida seguinte para levar ao Jogo 5. E não deu outra, mesmo fora de casa os paulistanos venceram a equipe da Paraíba por 86 a 82, forçando um fatídico Jogo 5. Mesmo com o Ginásio do Morumbi lotado o São Paulo não conseguiu derrotar a UNIFACISA e mais de dois mil são-paulinos comemoraram apenas o vice-campeonato após uma derrota por 80 a 78.

Os destaques do São Paulo na Liga Ouro:

Jalen Jones – 18.5 pontos e 6.3 rebotes.

Deonta Stocks – 17.2 pontos e 4.7 assistências.

João Vitor – 13.0 pontos e 8.0 rebotes

Na elite

Mesmo com o vice-campeonato da Liga Ouro 2019 o São Paulo garantiu vaga na temporada 2019/20 do Novo Basquete Brasil (NBB) após adquirir a franquia do Joinville, que desistiu da competição por não ter condições financeiras de disputar o torneio.

Antes de estrear na principal competição nacional, o tricolor paulista voltou a disputar uma edição do Campeonato Paulista de forma independente após 29 anos. Com muitas mudanças, o elenco são-paulino era formado inicialmente por: Georginho de Paula, Igor Araujo, Cassiano Bueno, Jalen Jones, Desmond Holloway, Shamell Stallworth, Danilo Penteado, Jefferson William, João Mamedes, Renan Lenz e Douglas Kurtz. 

 

Com um plantel recheado de estrelas, a equipe comandada por Cláudio Mortari fez bonito no Grupo A, que também contava com a participação de Franca, Mogi, Pinheiros, Osasco, Liga Sorocabana América. O São Paulo finalizou a fase de grupos com oito vitórias em doze jogos, garantindo a terceira colocação em uma campanha histórica do time do Morumbi.

Nos playoffs o tricolor paulista enfrentou a UNIFAE nas oitavas de final e venceu a equipe do interior paulista com propriedade, dois a zero na série. Já nas quartas de final encarou o tradicional e forte Bauru, mas não temeu o grande clube paulista e com um show surpreendente do armador Georginho de Paula, classificou-se para a semifinal após uma vitória por dois jogos a um na série, que contou com muitas reviravoltas positivas para o São Paulo. O duelo mais difícil para os são-paulinos aconteceu na semifinal, quando enfrentaram o poderoso e multi-campeão, Franca, que era na época o atual campeão paulista e vice-campeão do NBB. Os francanos confirmaram o favoritismo e bateram os paulistanos por dois a zero na série, mas enfrentaram algumas dificuldades neste caminho.

Os destaques do São Paulo no Campeonato Paulista:

Georginho de Paula – 15.8 pontos e 8.2 rebotes.

Desmond Holloway – 15.2 pontos e 4.5 rebotes.

Renan Lenz – 12.8 pontos e 5.8 rebotes.

Shamell Stallworth – 12.6 pontos e 3.6 assistências.

Jefferson William – 11.6 pontos e 5.9 rebotes.

Com a eliminação no Campeonato Paulista, o São Paulo teve tempo para se organizar e se preparar para a estreia no NBB. O ala-armador Desmond Holloway sofreu uma lesão no ombro na semifinal do estadual e seria submetido a uma cirurgia, que o deixaria de fora de quase toda temporada, com expectativa de volta apenas no fim da fase regular da liga nacional. Com o desfalque, o tricolor precisou ir ao mercado e contratou o renomado ala Léo Meindl, que estava treinando no Oviedo da Espanha e é um dos maiores nomes do basquete brasileiro atualmente. Além do Léo, o pivô Murilo Becker também foi contratado para fortalecer a rotação de Cláudio Mortari.

O São Paulo estreou no Novo Basquete Brasil com uma vitória sensacional em cima do maior rival Corinthians, mostrando de vez a sua força. No primeiro turno o tricolor colecionou grandes vitórias também sobre Flamengo, Botafogo, Pinheiros, Bauru, Franca e Paulistano, grandes equipes presentes no cenário nacional. A rotação de Cláudio Mortari muitas vezes impressionava os torcedores, já que o experiente treinador tem o costume de deixar os titulares na quadra durante quase 40 minutos, dando pouco tempo de descanso para os cinco iniciantes descansarem. Mesmo cobrado e criticado o estilo deu certo e deixou as estrelas Georginho, Shamell, Léo Meindl e Renan Lenz em completa evidência.

Com onze vitórias e apenas quatro derrotas o tricolor finalizou o primeiro turno do NBB de maneira histórica e inédita para uma equipe estreante, permanecendo no topo da tabela, na terceira colocação geral. O time são-paulino se classificou para a Copa Super 8, torneio que reuniu as oito melhores equipes da primeira metade do campeonato. O São Paulo enfrentou o Minas nas quartas de final e foi eliminado precocemente após uma derrota por 82 a 68 em pleno Ginásio do Morumbi.

Com o histórico recente o tricolor voltou para o segundo turno bastante desacreditado e com o potencial ameaçado. Na primeira partida da segunda metade do torneio sofreu sua primeira (e única) derrota fora de casa com o revés por 94 a 90 para o Rio Claro. A partir dali o São Paulo emplacou uma sequência incrível de nove vitórias em dez jogos, vencendo Botafogo, São José, Paulistano, Pato, Minas, Brasília, Corinthians, Bauru e UNIFACISA e sendo derrotado apenas pelo Franca. 

O poderoso São Paulo havia entrado fortemente na briga pelo título, mas foi interrompido pela paralisação do NBB em decorrência do avanço do surto de coronavírus no Brasil. Por conta da pandemia da COVID-19 a Liga Nacional de Basquete (LNB) decidiu encerrar a fase regular do campeonato e partir direto para os playoffs assim que o torneio retornar. Com a medida da liga, o tricolor avançou diretamente para as quartas de final após uma campanha inédita de incríveis vinte vitórias em vinte e seis jogos, finalizando na terceira colocação geral. Caso o NBB realmente continue, os são-paulinos aguardam o vencedor de Paulistano e Pinheiros para saber seu adversário na principal fase do campeonato.

Os destaques do São Paulo no NBB 2019/20:

Shamell Stallworth – 18.8 pontos e 3.8 assistências.

Léo Meindl – 17.9 pontos e 7.2 rebotes.

Georginho de Paula – 15.5 pontos, 8.7 rebotes e 7.5 assistências.

Renan Lenz – 12.3 pontos e 5.7 rebotes.

Jefferson William – 11.2 pontos e 6.1 rebotes.

Basquete feminino

A força atual do departamento de basquete masculino no São Paulo é eminente, mas poucos sabem que o tricolor paulista já conquistou títulos na modalidade com o elenco feminino, um marco na história do clube e do esporte. Confira na thread todas as informações sobre esta importante época do time do Morumbi:

Diego Marcondes

17 anos. Amante de basquete e são-paulino. Um dos percusores do Arremesso Tricolor. Também colaboro em Jumper Brasil e BasCast Brasil.

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