Bem como na última temporada, Renan Lenz vem se destacando pelo São Paulo neste início do Novo Basquete Brasil (NBB) 2020/21. O ala-pivô, que é sem dúvidas um dos jogadores mais úteis e regulares do país, tem sido, novamente, peça fundamental no esquema tático de Cláudio Mortari, mesmo agora exercendo novas funções e tendo minutos reduzidos devido a chegada dos novos reforços. Uma única dúvida paira nas cabeças dos fãs de basquete nacional: Por que Renan Lenz não tem a atenção que merece?
Cláudio Mortari é definitivamente um homem de sorte. É unanimidade afirmar que o Renan é o tipo de jogador que todo treinador gostaria de tê-lo no plantel. O camisa 44 do tricolor pode ser útil nas mais diversas funções dentro de quadra, seja começando como titular ou até mesmo saindo do banco, situações vividas pelo ala-pivô no São Paulo e que foram/estão sendo exercidas com êxito. O destaque do gaúcho no cenário nacional só foi possível graças a um processo de evolução contínuo e silencioso nas últimas temporadas, essencialmente após sua passagem pelo Pinheiros e, claro, a chegada no time são-paulino. Elevar ao máximo seu estilo de jogo deu a Renan Lenz características que, hoje, são raras em grande parte dos atletas da mesma posição.
Ala-pivô de ofício, Lenz tem força, estatura e versatilidade o suficiente para atuar na posição cinco e não sofrer com desvantagens perante a outros pivôs. Além dos 2.07m de altura, Renan pesa somente 104kg, tornando-se assim um dos “grandes” mais leves, agéis e agressivos do basquete nacional. Em comparação com o pivô Rafael Hettsheimeir, referência de pivô brasileiro dominante no garrafão, o atleta são-paulino é quatro centímetros menor e pesa pouco mais de vinte quilos a menos. Defensivamente Renan Lenz não é um primor, mas nada que lhe torne um alvo do adversário. Apesar de ser um bom protetor de garrafão, o gaúcho tem, em sua maioria, dificuldades na leitura de trocas defensivas, que podem ser muito bem exploradas nas jogadas de pick-and-roll e pick-and-pop.
Renan Lenz é útil e eficiente nos principais fundamentos do basquete. No perímetro, chutou para 42.5% na última temporada, convertendo 48 de 113 arremessos, números impressionantes para um ala-pivô, que atuou na posição 5 durante grande parte da época. Dentro do garrafão, foi ainda melhor: finalizou a edição anterior do NBB com 70.1% nas bolas de dois pontos, com 68 acertos em 97 tentativas. Além desses destaques, o que mais impressiona no jogo de Renan é a agressividade, afinal ele é um dos jogadores com maior arsenal ofensivo do Brasil, incluindo enterradas espetaculares. Finalizou a temporada 2019/20 com números impressionantes: 12.3 pontos, 5.7 rebotes, 1.2 tocos e 16.3 de eficiência. Voltando a trazer comparações, os números de Renan são próximos ao de Lucas Dias, melhor ala-pivô do país. Na temporada anterior, o jogador de Franca teve médias de 15.5 pontos, 5.2 rebotes, 0.7 tocos, 32.4% nas bolas de três pontos e 55.8% nas bolas de dois pontos. É claro que funções, volume e nível técnico são incomparáveis, mas Renan Lenz foi nitidamente mais eficiente do que o principal nome da posição em terras tupiniquins.
O ala-pivô teve extrema importância em diversos pontos do São Paulo na campanha no NBB 2019/20, não atoa o tricolor paulista venceu todos os jogos (dezesseis) em que Renan Lenz contribuiu com 10 ou mais pontos. Renan era (e ainda é) a melhor opção de Cláudio Mortari para jogadas de catch-and-shoot, principalmente quando seus companheiros de equipe tem vantagem na estatura. Por que? Eu explico. O time são-paulino adotou as jogadas no poste baixo como um dos pontos principais da equipe, sobretudo com Georginho, Shamell e Léo Meindl, que exigiam maior atenção da defesa adversária. Dito isso, foi amplamente comum ver um desses três chamando a dobra defensiva no poste baixo e, consequentemente, deixando Lenz livre no perímetro, seja na boca do garrafão, na zona morta ou nos polos laterais. Além disso, o camisa 44 foi muito acionado em jogadas de pick-and-pop com o armador Georginho de Paula, que também utilizou, mas em menor escala, o pick-and-roll. Se não bastasse todas essas características, Renan também era muito bem explorado fisicamente, principalmente em contra-ataques, sempre sendo surpreendentemente o primeiro a chegar para enterrar.
Já para a temporada 2020/21, a expectativa era de uma queda brusca nos números de Renan Lenz, já que o ala-pivô não seria mais a referência do garrafão são-paulino e, claro, teria de dividir minutos e volume com os reforços Lucas Mariano e Gerson, além do remanescente Jefferson William. No entanto, o panorama vem sendo positivo nesse início de edição do Novo Basquete Brasil (NBB), essencialmente em grandes jogos, repetindo feitos apresentados na última época.
Em sete jogos na atual edição da elite nacional, Renan tem, no momento, médias de 10.0 pontos, 4.7 rebotes, 0.9 tocos e 12.9 de eficiência, além de 41.9% no perímetro e 70.6% nas bolas duplas, números extremamente parecidos com os da temporada passada. Vale lembrar que o ala-pivô atuou em média por 30.3 minutos no NBB 2019/20, quase oito minutos a mais do que nesse início no NBB 2020/21.
Na noite de ontem, o São Paulo conquistou, diante do Flamengo, sua sexta vitória no NBB. O tricolor paulista encerrou a invencibilidade dos cariocas ao vencer o duelo por 80 a 68. Renan Lenz, que voltou ao quinteto titular neste confronto, foi o destaque da partida. Intenso e confiante, o ala-pivô esteve em quadra por 38 minutos e finalizou o embate como cestinha, anotando 21 pontos. O camisa 44 também contribuiu com sete rebotes, 4/8 nas bolas de três pontos, 4/5 nas bolas de dois pontos, três roubos de bola, um toco e 27 de eficiência. Além disso, ele teve o melhor plus/minus do jogo: +14. Completo, não?
Uma coisa é certa: o brilho de Renan Lenz ofuscou Olivinha e Hettsheimeir, dupla de sucesso do garrafão flamenguista. O ala-pivô está mais que acostumado com grandes desafios e não foi a primeira vez (e nem será a última) em que ele se destaca diante de fortes adversários.
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