São Paulo não quis jogar, apostou no ferrolho e falhou

Tricolor caiu novamente diante do arquirrival em fase eliminatória; Tabu já dura desde 2000. (Foto: Reprodução)

Nesta quarta-feira, em Itaquera, o São Paulo entrou em campo torcendo para que o jogo acabasse logo. Não jogou para vencer. Não pretendia marcar um gol. Nem dois. Desde o início a equipe deixou clara sua proposta. Queria sair dali com o placar igual ao do início da partida.

É verdade, que, com a vantagem no confronto, o São Paulo não precisava buscar incessantemente a vitória. Também é verdade que Diego Aguirre acabou de chegar e ainda tenta entender as peças que tem a disposição. E quando se chega em um time numa fase aguda de competição o importante é não inventar. Arrumar a defesa, proteger a meta e ver no que dá. Aguirre não inventou.

E talvez tenha sido a ‘falta de invenção’ a responsável pela eliminação do São Paulo.

O Corinthians contava com retornos importantes, com alguns parênteses a serem feitos. Fágner mal havia chegado de Berlim e foi colocado em campo. Claramente cansado. Rodriguinho e Clayson jogaram, mas com sacrifícios físicos. Nenhum dos dois cem por cento.

O São Paulo de prontidão mostrou suas cartas. Não tinha o que esconder. Atuou recuado em campo, esperando a ação do Corinthians. Permitiu a troca de passes em torno da área, as chegadas pelos flancos, os cruzamentos. Muitos escanteios e faltas cedidas. Arboleda e Bruno Alves mostravam segurança afastando tudo que vinha pela frente.

Atuar de forma reativa, dando a bola para o adversário não é o problema. Acontece que o contra-ataque são-paulino não saiu. No primeiro tempo uma ou duas chances de gol, mas nada muito ordenado ou convincente. No segundo tempo, o panorama piorou. Nenhuma chegada perigosa. E um time que se defende e não oferece risco, chama o adversário para cima.

O Corinthians não teve o que temer. Carille sacou um dos volantes, colocou mais um atacante. Seu time apertou o São Paulo dentro de sua própria área. Sidão batia os tiros de meta e a bola não ficava mais de cinco segundos no campo de ataque Tricolor. Uma situação muito cômoda para o time da casa.

Pois, uma hora, de tanto insistir, a bola acaba entrando. O miolo de defesa do São Paulo que foi impecável por 92 minutos, falhou nos acréscimos do segundo tempo. Gol de cabeça do baixo Rodriguinho, que jamais deveria ter cabeceado tão livre.

Nos pênaltis, parece que já se sabia o que ia acontecer. O Corinthians pilhado com a vitória conquistada. O São Paulo devastado com a derrota sofrida. Na disputa emocional, melhor para o time de Itaquera.

Jogadores foram abraçar Liziero que desperdiçou o pênalti decisivo; O garoto foi uma das poucas fontes de inspiração na partida. (Foto: Marcelo Hazan)

Mas, penalidades a parte, o torcedor são-paulino sabe que a classificação deveria ter vindo nos 90 minutos. E por mais que se tenha ficado tão perto da vaga na final, é necessário uma autocrítica sobre a partida desempenhada pelo São Paulo.

Diego Aguirre disse em sua coletiva que a ideia não era chamar tanto o Corinthians para o ataque e que os méritos foram do adversário em atuar bem. Oras, se uma equipe como o Corinthians, com dificuldades claras em propor o jogo e alguns desfalques conseguiu acuar o São Paulo de tal forma, o que esperar de jogos contra equipes mais explosivas ofensivamente?

Rodriguinho, Matheus Vital, Clayson, Emerson Sheik, Pedrinho. Não são exatamente peças de um esquadrão imbatível. Na primeira partida, enquanto o São Paulo quis jogar, igualou a partida, assustou, venceu. Desde a segunda etapa do Morumbi, a equipe simplesmente abdicou de jogar futebol.

O Corinthians percebeu isso e, com muita organização e insistência, decidiu assumir as rédeas da partida. O São Paulo morreu abraçado com sua proposta, Aguirre colocou Lucas Fernandes e Caíque que não conseguiram jogar. Diego Souza foi uma tragédia, um desrespeito com o torcedor. Desfilou em campo como se estivesse em uma partida de fim de semana no clube.

Acuado e pressionado o time se apequenou diante do Corinthians. Fez uma retranca, que, em toda minha vida, nunca tinha visto semelhante. Nem contra o Liverpool na final do Mundial de 2005. Evidentemente que o São Paulo daquele ano era muito superior, mas o adversário também era melhor. A diferença daquele Liverpool para aquele São Paulo era maior do que deste São Paulo para o Corinthians. Mas, mesmo assim, o São Paulo se acovardou.

Poderia ter se classificado, sim, é verdade. Dedicação e entrega não faltaram. A equipe ficou a dois minutos da final e perdeu em um lance de infelicidade. Uma falha pontual. Mas o sentimento após a desclassificação é de que a equipe não jogou para merecer a vaga.

Existem diversas estratégias e todas têm seu valor. Jogar pelo 0 a 0, se defendendo o jogo inteiro era uma possibilidade. Como jogar com mais ousadia e tentar matar o confronto ainda no Morumbi também poderia ter sido tentado. Aguirre escolheu a primeira opção e falhou. 

Falar depois da derrota é fácil, mas, sinceramente, preferia ver o time tentar igualar as ações do jogo, buscar o resultado e eventualmente ser eliminado, a fazer o que fez nesta quarta-feira e avançar para a final. No final das contas, o time não propôs nada e acabou caindo fora da mesma forma.

Este é o nosso São Paulo atualmente. Não tem para onde correr.

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Álvaro Logullo

Álvaro Logullo

21 anos, estudante de jornalismo e devoto do São Paulo FC. Filho, neto, irmão e sobrinho de são-paulinos. Apaixonado por estádios de futebol, pretendo ir a todos os jogos do Tricolor, no Morumbi, em 2018. Porque se a fase é ruim, o amor é eterno!

Este post tem um comentário

  1. Marcelo

    Nosso São Paulo é para jogar assim não recuado demais, rifando a bola em alguns momentos, em certos momentos ninguém no meio campo.

    Ótima frase
    Porque se a fase é ruim, o amor é eterno!

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