Na última quarta-feira (13), a diretoria do São Paulo optou pela saída do então treinador, Hernán Crespo. Poucas horas depois, seu sucessor já estava anunciado: Rogério Ceni, um dos maiores ídolos do clube. Apesar de ambas as partes terem divulgado a saída do argentino como “comum acordo”, a saída já era esperada, visto os maus resultados no Brasileirão.
Crespo deixou o São Paulo após 53 partidas e um aproveitamento de 57,23%. Mesmo estando no clube há apenas 8 meses, o treinador já era detentor do quarto trabalho mais duradouro da Série A, escancarando a cultura pífia do futebol brasileiro sobre a mudança de técnico.
FIM DA FILA E RESPEITO AO CLUBE
Mesmo com o pouco tempo de casa, Hernán Crespo e sua comissão técnica marcaram seus nomes na história do tricolor. Os argentinos foram responsáveis pelo título do Paulistão, que tirou o São Paulo da fila após 9 anos.
Mas nem só o futebol apresentado encantava o torcedor são-paulino. O respeito, satisfação e gratidão de todos os membros da comissão por trabalharem no São Paulo estava claro. Hoje, felizmente, eles têm seus nomes marcados na história do clube.
Crespo, multicampeão e craque como jogador, se mostrou ainda mais craque como pessoa. Em pouco tempo no Brasil, já parecia dominar o idioma, de modo que facilitasse seu trabalho. Seus companheiros, claro, também seguiram o mesmo caminho.
Há tempos o São Paulo não tinha pessoas que respeitassem tanto a história do clube, frente ao comando da equipe. O último talvez tenha sido, justamente, Rogério Ceni, novo treinador do tricolor.
NOVA DIRETORIA, MESMAS ATITUDES
Apesar de todo o respeito e profissionalismo por parte dos argentinos, quem não honrou sua parte foi a diretoria do clube. Como sempre, com atitudes amadoras e sem fundamentos. Bastou a primeira sequência negativa da temporada para Júlio Casares e sua cúpula demitirem o melhor treinador do São Paulo em anos.
O atual diretor de futebol, Carlos Belmonte, cravou em entrevista à Energia 97 que Hernán Crespo não seria demitido do cargo. Porém, não demorou uma semana para que o argentino deixasse o comando técnico da equipe.
Fora isso, Júlio Casares já havia dito que Rogério Ceni não assumiria o posto de treinador do São Paulo sob sua gestão. Meses depois, na primeira oportunidade, bastou uma conversa de meia hora para o presidente se apoiar em um dos maiores ídolos do clube em um momento de crise, assim como fazia Leco.
RELAÇÃO CRESPO-TORCEDOR
Por outro lado, quem não deixou de apoiar o argentino foi o torcedor são-paulino. Nem mesmo a presença do maior ídolo do século foi capaz de parar gritos de “Crespo! Crespo!”, antes da partida contra o Ceará.
Nas redes sociais, o clima de gratidão por ter tirado o clube da fila, era nítido. Em seu Twitter, Hernán passou a tarde curtindo posts de torcedores se despedindo de sua comissão técnica.
Mesmo com a diretoria retirando a frase “donde no llegan las piernas va a llegar el corazón” do vestiário, o torcedor não esquecerá tão cedo. Crespo foi responsável por frases que marcaram a campanha do Paulistão, assim como “squadra bagnata, squadra fortunata”, referente aos treinamentos com chuva.
DESPEDIDA
O argentino, junto com a sua comissão, fez questão de visitar o CT da Barra Funda na sexta-feira, para que pudesse se despedir do elenco. Até foto com o novo treinador, Rogério Ceni, eles tiraram. E claro, a felicidade estava estampada no rosto de todos.
Membros da diretoria, como Júlio Casares e Carlos Belmonte, também posaram ao lado de Crespo. O presidente se despediu do treinador em seu Instagram, com a frase “um amigo que o futebol me deu”.
Todo o profissionalismo e respeito ao clube marcaram a trajetória de Hernán Crespo frente ao São Paulo. O título do campeonato paulista, marcado por atuações que encantaram os são-paulinos, está na história do clube. Talvez não seja um adeus, mas sim um até logo.