O reencontro tricolor: 575 dias depois, enfim voltamos

Foto: São Paulo FC
Foto: São Paulo FC

Em março de 2020, o Brasil se viu acuado por um vírus pouco conhecido, que estava prestes a mudar a rotina e vivência do mundo. O futebol, é claro, não poderia ficar de fora destas incertezas criadas pela COVID-19. Para torcida Tricolor, não foi diferente.

Quis o destino que, o último jogo do São Paulo com torcida, fosse justamente no campeonato que a nação tricolor mais ama: a Libertadores. No dia 11/03/2020, na vitória convincente por 3×0 sobre a LDU, que o clube se “despediu” do seu torcedor, mesmo sem saber.

Pouco mais de três dias depois, o clássico contra o Santos, pelo Paulistão, já foi realizado sem torcida. A vitória por 2×1 sobre o Peixe empolgou ainda mais os são-paulinos, que se viram abandonados com os 128 dias de paralização do campeonato.

Foto: Rubens Chiri/ São Paulo FC
Foto: Rubens Chiri/ São Paulo FC

Nem o mais pessimista dos torcedores poderia imaginar que, apenas 575 dias depois, o torcedor tricolor poderia, enfim, voltar para casa. E foi justamente contra o Santos, o adversário do primeiro jogo sem público, que a torcida voltou para o Morumbi.

UM NOVO TIME (OU QUASE ISSO)

Em meio a este tempo, muita coisa mudou. Dos 11 jogadores que iniciaram a partida desta quinta-feira (07/10), seis jogadores não haviam sentido o calor do torcedor tricolor. Miranda e Calleri, na verdade, já conheciam essa atmosfera, mas de outras passagens.

Fora isso, o clube foi inconstante nesse meio tempo. De eliminações vexatórias até o título Paulista, o São Paulo tirou de seus torcedores os mais diversos sentimentos. Sentimentos esses, que refletiram na volta do público ao estádio.

Desde o aquecimento, a torcida não deixou barato para o goleiro Tiago Volpi. A cada gol sofrido no treino, era um xingamento diferente. Nas arquibancadas, o nome de Luciano era o mais comentado entre os são-paulinos. As voltas de Miranda e Calleri, também marcaram o jogo.

Foto: Divulgação/Santos FC
Foto: Divulgação/Santos FC

Nem mesmo o frio do Morumbi continha a emoção dos torcedores. Era visível no rosto de todos a satisfação de ali estarem, apoiando o clube que tanto amam. Durante o jogo, o apoio foi total. Os mais de 5 mil torcedores presentes no Morumbi, não deram sossego para suas cordas vocais durante o jogo. No entanto, também não hesitaram em vaiar após o apito final.

DESSERVIÇO AO TORCEDOR

Por outro lado, quem pareceu não estar feliz e animado com esse reencontro foi, justamente, o São Paulo. Não os jogadores. Esses, no caso, fizeram uma boa partida, apesar do resultado ruim. Mas sim a diretoria, que riu do torcedor nessa volta do público.

Dentre os 5 times Paulistas na Séria A, o São Paulo teve o ingresso mais caro. O valor de saída era R$110,00. O setor popular prometido pelo Presidente Júlio Casares, não apareceu.

Além dos valores exorbitantes, a logística para o público acessar o estádio era uma das piores possíveis. O “check-in”, como nomeou o clube, era um verdadeiro desrespeito com o torcedor tricolor.

Foto: Pedro Alvarez
Foto: Pedro Alvarez

Não bastassem os horários pré-estabelecidos, que era um desserviço com o trabalhador (das 10h às 18h, durante a semana), o clube exigia xerox de, ao menos, 2 comprovações: ingresso e carteira de vacinação. Comprovações essas, que facilmente poderiam ser feitas de forma on-line, assim como a apresentação do exame PCR.

Tais burocracias, geraram um público de apenas 5.529 torcedores e uma renda bruta inferior a R$400.000,00. Isso, visto que o Morumbi é o maior estádio do estado de São Paulo e, mesmo com a capacidade de 30%, poderia recepcionar aproximadamente 20.000 torcedores.

A insatisfação foi tanta que a diretoria já voltou atrás e anunciou o setor popular a partir do próximo jogo, contra o Ceará. Setor esse, que no Brasileirão de 2019, custava apenas R$10,00 para os sócios torcedores.

O são-paulino estava com saudades do São Paulo. Já o São Paulo, não estava com tanta saudade assim do são-paulino.

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