Papel da imprensa esportiva

Olá nação tricolor.

Hoje vou fazer um texto diferente. Cada vez mais eu vejo um comportamento na imprensa esportiva que tem me incomodado bastante. A mesma mídia, que critica os técnicos brasileiros, alegando que estão obsoletos e não conseguem produzir nada de diferente, que elogia os técnicos estrangeiros e o futebol praticado fora do país, e que critica o comportamento dos cartolas, demonstra, cada vez mais, uma enorme incoerência, e que pouco contribui para o nosso futebol.

Atualmente, estamos na 10ª rodada co Campeonato Brasileiro, e já tivemos 7 técnicos demitidos. Por conta desse número alto, um tema muito abordado na mídia foi a falta de planejamento e convicção dos diretores dos clubes, criticando essa filosofia de troca excessiva de técnico, que é muito comum no nosso futebol. Porém, será que a mídia não tem um papel importante nisso?

Alguns podem dizer que não, que os jornalistas apenas estão dando a opinião deles, que eles não têm nenhuma responsabilidade, e que quem manda e decide são os diretores. Tudo bem, por um lado, isso é verdade, mas eu acho sim que a imprensa tem uma forte responsabilidade pelo atual estado do futebol brasileiro.

Recentemente, Tiago Nunes foi demitido do Corinthians. Na véspera da demissão, a pauta do programa Fox Sports Rádio, comandado por Benjamin Back, era “Quem deve ser o novo técnico do Corinthians?”, sendo que, naquela altura, não tinha-se definido se o técnico iria mesmo ser demitido, pelo contrário, o que se falava no bastidores, ainda, era de que o presidente do time não iria demiti-lo.

Toda semana Arnaldo Ribeiro, ex-comentarista da ESPN e atualmente na SPORTV, faz uma espécie de “campanha” pela demissão do Fernando Diniz. Cada dia que passa ele aparece com um “argumento” diferente pedindo sua demissão, ou até mesmo pra tentar responsabilizar o técnico pelos maus resultados: “Não adianta jogar bem, tem que ganhar”, “Fernando Diniz destruiu a defesa do São Paulo”, “Fernando Diniz queimou o Pato”, “O time não finaliza porque o Diniz incentiva os jogadores a não chutar, e sim a passar”, “O gol sofrido pelo Volpi foi culpa do Diniz, pois ele não substituiu o Hernanes antes, autor da falta”. E não bastasse isso, ele ainda “sugeriu” a contratação do Mano Menezes junto ao São Paulo.

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Isso sem contar o comentarista Mauro Cezar da ESPN, desde o início do ano atacando o técnico Vanderlei Luxemburgo, sugerindo que o Palmeiras devia demiti-lo logo pra trazer alguém “mais capacitado pra tirar proveito desse elenco tão qualificado”. Outro episódio, na mesma ESPN, foi do jornalista Jorge Nicola, no programa BB Debate, sugerindo que a diretoria do Flamengo deveria demitir Domènec Torrent em caso de derrota para o Santos, pela 6ª rodada do Brasileirão (sim, após 6 rodadas o técnico devia mesmo ser demitido, realmente).

Dito isso, acho que está na hora da imprensa repensar sobre as suas atitudes e passar por um processo de qualificação dos seus profissionais. Já faz um tempo que eu coloco a credibilidade de alguns jornalistas em jogo, principalmente após o episódio da ESPN, que os jornalistas analisaram a atuação do Ganso num jogo em que ele não esteve em campo, ou quando um jornalista afirmou que o Lucas Moura tinha “mais de 30 anos”, sendo que nessa época o jogador tinha 27 anos.

A mesma imprensa, que critica a troca excessiva de técnicos, tem sim, por conta desse tipo de postura que citei, responsabilidade nisso. Não é função da imprensa sugerir demissão de treinador e nem se quer fazer “campanha” contra determinado técnico. Ela pode e deve avaliar os trabalhos feitos, mas jamais induzir que a demissão deve ser feita, pois isso acaba influenciando os torcedores, que acabam fazendo maior pressão contra os técnicos dos seus clubes, induzindo à demissão dos mesmos por parte dos dirigentes.

Como diria Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Saudações!

Imagem: Reprodução/SPORTV

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