Pagando o Pato

Foto: Rubens Chiri/SPFC

O título remete a uma expressão que significa fazer papel de bobo ou ser usado por alguém, principalmente pagando por aquilo que não deve ou sendo responsabilizado por algo que não fez. Pode também ser usada para demonstrar que uma pessoa pagou por alguma coisa que não usou ou por algo que apenas beneficiou outra pessoa. Essa expressão vem sendo corriqueiramente utilizada  por comentaristas e torcedores, toda vez que se fala da contratação do Alexandre Pato. Mas será que realmente estamos pagando o pato neste caso?

No final de março de 2019 o tricolor venceu a concorrência com seus rivais, Santos e Palmeiras, anunciando a contratação do atacante Alexandre Pato. O contrato é válido até dezembro de 2022. No primeiro ano, Pato recebeu um salário mais baixo, de acordo com matéria publicada no GloboEsporte.com, cerca de R$ 190 mil por mês. Agora, em 2020, sofreu um reajuste substancial, tendo um aumento para aproximadamente R$ 700 mil. O total do gasto ao fim de seu contrato, em 2022, será de 8,6 milhões de euros (cerca de R$ 38 milhões) incluindo o pagamento de 2,5 milhões de euros (R$ 11 milhões) devido ao acordo que o São Paulo fez com o jogador para ressarcir o que ele desembolsou para rescindir seu vínculo com o Tianjin Tianhai, da China – esse valor foi diluído ao longo do contrato.

A negociação foi conduzida pelo Alexandre Pássaro e supervisionada diretamente pelo Raí. Tendo o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, como um grande entusiasta. Na época, grande parte da torcida são paulina endossou a contratação, diria até que sua contratação foi para acalma-la. E sendo sincero, parecia mesmo um bom negócio lembrando que o Alexandre Pato teve uma boa passagem pelo tricolor, sendo um dos destaques do time vice-campeão brasileiro de 2014. Porém, o futebol e a vontade apresentada pelo jogador em 2019 fizeram a contratação se transformar em um grande erro. Pato estava visivelmente fora de forma e com a atenção mais voltada a sua vida pessoal do que a profissional. Não teve rendimento nem quando conseguiu uma sequência de jogos ou atuou na posição que mais gosta (sendo um quarto homem de meio-campo pela esquerda). Virou reserva e depois nem era a primeira opção de banco para o ataque.

Para percebemos como as coisas na vida podem mudar rapidamente, o jogador que era querido por parte da torcida – se tornou negociável. Uma contratação que teve arranjos financeiros interessantes (convenhamos, pagar 700 mil por um jogador que tem potencial para ser destaque do seu time é razoável) acabou se tornando um peso financeiro por se tornar apenas uma opção no elenco (caso semelhante ao Jucilei). Tudo isso em menos de um ano. E o Pato acabou de recusar uma proposta para trocar o tricolor pelo Shabab Al Ahli, clube de Dubai, demonstrando que não será fácil se livrar dele.

O que me acalenta é que se as coisas mudaram para ruim, podem mudar para boa. Poderemos estar daqui há um ano, comemorando novamente, esta contratação e o dinheiro investido nela passe a ser irrisório. Basta o Alexandre Pato ser o jogador que foi em 2014 (nem quero o Pato ilusório que alguns criaram quando ele surgiu) dando assistências e gols importantes, só depende do Pato e (posso está me iludindo) parece que ele está mais focado nesta pré-temporada. Por que, no final das contas, o problema nunca foi pagar o Pato, desde que seja o Pato certo.

Alexandre Drumond

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