Enfim, o torcedor pode dormir com certa tranquilidade. Em um sábado gelado na capital paulista, o São Paulo fica em um movimentado 2 x 2 diante do Atlético Mineiro no Morumbis, buscando o empate após levar 2 x 0. Com o pontinho conquistado, terminará o Brasileirão entre os 6 primeiros, e garante pelo menos a vaga na Pré-Libertadores do ano que vem; cumprindo o mínimo objetivo que sobrou em 2024.
Com toda a certeza, nada é mais São Paulo do que o roteiro do 1º tempo. Aos 36 segundos (!!), a defesa cochilou, Hulk carregou pelo meio e chutou na trave; no meio disso, Paulinho aproveitou a zaga marcando a bola, entrou sozinho na área e conferiu na sobra. Ao menos, o gol não abalou o tricolor do meio pra frente, com a reação e boas chances vindo de imediato. Porém, em nova bobeira da zaga aos 16min, Hulk cobrou falta na área e Paulinho entrou livre pra ampliar. Por sorte, o Atlético resolveu ajudar, e aos 24, Fausto Vera marcou contra, após escanteio cobrado por Igor Vinícius. O São Paulo manteve a atitude, contando com ótimos lances de Lucas, e em um cruzamento magistral do camisa 7, a bola chegou rasteira para André Silva empatar aos 46, em jogada iniciada por Alisson. Antes do intervalo, Luiz Gustavo carimbou a trave atleticana em um belo chute, o segundo na etapa inicial.
No 2º tempo, ficou a impressão de que a cota de emoções foi gasta na etapa inicial. O São Paulo seguiu pressionando, mais presente no campo de ataque, mas com uma conversão menor em chances; o Atlético, por sua vez, sequer finalizou ao gol de Rafael, assustando só aos 45 minutos em falta levantada pra área, saindo pela linha de fundo. Entre substituições e muita correria, o São Paulo deixou no torcedor um gostinho de quero mais. Porém, independente do placar, a equipe jogou pra vencer o tempo todo, mereceu vencer. Isso é o mais importante, entrar com essa atitude no máximo de partidas, fez valer o ingresso para os quase 37 mil no Morumbi. Em uma noite fria, e com um horário nada convidativo nos dias de hoje.
Notas:
Rafael – Figurante na partida, e sem culpa nos dois gols sofridos. 6.0
Igor Vinicius – Também inocente nos dois gols, e autor da “assistência” que abriu caminho para a reação no jogo, além de razoável apoio no ataque. 6.5
Ruan Tressoldi – Partida bem abaixo, deixou o torcedor com saudades de Arboleda, e até de Sabino. 3.0
Alan Franco – Também não fez grande partida, mas ganha pontos pelos dois duelos individuais que venceu no 2º tempo, um deles sozinho contra Hulk. 4.5
Rafinha – Discreto em um bom sentido, sem comprometer e sem ajudar. 5.0
Luiz Gustavo – Um dos protagonistas do 1º tempo, com ótimas aparições no ataque. 7.0
Alisson – É um grande clichê dizer lembrar a falta que fez ao time durante a temporada. Até mesmo em um jogo mais discreto como hoje, faz diferença. 7.0
Ferreirinha – Apagado, sem grandes lances ou participações no ataque. 5.0
Luciano – Pavoroso mais uma vez, e ainda ganhando um amarelo evitável em briga com Saravia. 3.0
Lucas – O segundo protagonista da equipe no 1º tempo, com dois grandes lances no ataque. Sempre diferente e com potencial de mudar o jogo. 8.0
André Silva – O segundo gol “salvador” em três jogos, podendo lhe consolidar como sombra de um apagado Calleri. Eficiente como um clássico atacante, e “só” um gol hoje saiu barato. 9.0
Reservas:
Wellington Rato – Substituiu Luciano aos 24 minutos do 2ºT. Discreto, cobrando apenas uma falta pra longe. 4.0
Marcos Antônio – Entrou no lugar de Alisson aos 24 minutos do 2ºT. Sem destaque. 4.0
William Gomes, Michel Araújo e Patryck – Entraram a partir dos 32min, e analisados juntos pela mesma razão: não tiveram nenhum destaque no jogo. Para todos, fica a nota 4.0
Luis Zubeldia – Enfim, tirou William Gomes da prisão (ou de onde estava esquecido), mas poderia ter dado chances a outras novas peças, ao invés das mesmas trocas de sempre. Com a vaga na fase de grupos da Libertadores nas mãos do Botafogo, e uma questionável permanência em 2025 quase certa, por que não testar peças esquecidas agora? 6.5
Nota geral – Mais uma vez, exalto o principal fato: o importante no futebol é sempre merecer a vitória, merecer aplausos independente do placar, mesmo que o placar mostre 4 x 0 a favor do adversário. O 2 x 2 de hoje poderia soar até um resultado mentiroso por outros olhos, e não seria nada absurdo. Em outros dias, talvez a vitória viesse. 7.5
Bola cheia
André Silva – A péssima fase de Calleri durante a temporada custou bastante ao São Paulo, e felizmente, encontramos uma boa sombra para escapar de sua dependência. Temos dois atacantes com faro de gol, André Silva mostra novamente que pode ser muito útil ao time. Basta jogar mais.
Torcida – Tal qual as lamentações por Alisson, elogiar o torcedor é chover o molhado. Mesmo sem grandes ambições, e com um time vindo de péssima atuação na última quarta, vimos 37 mil são-paulinos no Morumbis; e com um horário melhor e menos perigoso, os 50 mil seriam bem possíveis. A pessoa que apontar o torcedor de São Paulo de “modinha” já rompeu a barreira do clubismo e da loucura.
Bola murcha
Luciano – Tem estrela e já salvou o time em muitos momentos importantes, mas será que é tão difícil não fazer tantos jogos pavorosos? Ser escalado como meia e não no ataque realmente atrapalha, uma ideia péssima. Porém, se não há como mudar isso, que pelo menos não comprometa, e nem chute uma bola da entrada da área para a lateral.
João Silvino
(YouTube: João Silvino / Instagram: @JPSilvino_2004)