O São Paulo Futebol Clube, um dos maiores times da história do Brasil, precisava de um resultado considerável na noite desta quarta-feira, histórico dia 13 de fevereiro, no Morumbi. Para tanto, contou com uma torcida que abraçou o time, esqueceu-se das vergonhas que passou até chegar nesse jogo e cantou seu amor ao time o tempo inteiro. Esperado. O que ninguém esperava era uma escalação sem sentido, um time apático e desligado, um Talleres aguerrido e uma eliminação tão vexatória quanto a que ocorreu.

O mínimo que se esperava de um time que entra com dois gols de desvantagem é que ele entre colocando fogo no jogo e tome as iniciativas. Não foi isso que aconteceu com o Tricolor na noite de hoje. E muito pela escalação da equipe: com um meio para frente contando com William Farias, Hernanes, Éverton, Helinho, Diego Souza e Pablo, o time mal conseguiu criar e viu o Talleres povoar o campo e ter as melhores chances. Utilizando-se em demasia de chutões e ligações diretas, o São Paulo não conseguia se encontrar e via, com perigo, o adversário argentino chegar em contra-ataques perigosos. A visita do ídolo Kaká ao time antes do jogo parecia não ter surtido efeito positivo.
A torcida até tentava empurrar, mas o time não se ajudava. Com um apagão como há muito não se via, o tri campeão da Libertadores parecia se igualar em tamanho com o inexpressivo Talleres. Com as parcas chegadas e quase nenhuma jogada perigosa, o time desceu para o vestiário sob vaias e desconfianças. O planejado para o jogo pareceu não ter dado certo diante de um arrumado adversário, que demonstrava tranquilidade e muito se utilizava da “catimba” tradicional argentina.
Veio o segundo-tempo. Apesar de uma mudança de postura, o jogo do São Paulo continuava sem emplacar, o zero não saía do placar e o tempo ia massacrando a mente dos são-paulinos. Jardine, então, decidiu mudar: entraram Araruna e Nenê nos lugares de Bruno Peres e Helinho, respectivamente. A paciência da torcida estava acabando. Vieram os tradicionais gritos de Muricy. Com um futebol burocrático, o São Paulo até tinha o domínio das ações, mas não levava real perigo ao gol de Herrera.

Faltando quinze minutos para o final do jogo, veio o desespero. O tricolor não se encontrava, as mudanças não tinham surtido efeito e apenas um milagre parecia poder salvar a classificação para a próxima fase. E aí, veio o tom de crueldade: Éverton foi expulso. Mais uma expulsão do São Paulo em competições internacionais (14 nos últimos 16 jogos). O psicológico já não existia e eram puros coração e vontade.
A partir de então, o que se viu foi o retrato de um São Paulo decadente, que de há muito já não representa a grandeza de um passado glorioso. Um verdadeiro amontoado em campo, sem nenhuma fagulha de esperança que possa alentar o torcedor para o resto do ano. Quando o garoto Antony entrou em campo, mais nada poderia ser feito.
Previsível? Sim. Até esperado pelo primeiro jogo. Mas, do jeito que se deu, totalmente lamentável. O grande e temido São Paulo fora eliminado pelo pequeno, mas organizado e ligado Talleres. A diretoria precisa ser cobrada, mais até do que Jardine, que, com 39 anos, recebeu uma bomba e acaba como “bode expiatório” dos problemas do time. Certamente, será demitido e o foco sairá dos principais responsáveis, que são os mesmos cartolas que dominam a política do clube há tempos.
Mais um tabu quebrado: após não ver os rivais ganhando Libertadores, construindo estádio e superando seus brasileiros, agora o São Paulo entra para o rol estrelado de clubes eliminados na pré-Libertadores. Parabéns aos responsáveis.
Pobre São Paulo.

NOTAS
VOLPI: fez o que podia dentro do que se esperava. Não trabalhou muito, apesar das muitas chegadas do Talleres. NOTA 5;
BRUNO PERES: sinceramente, com todo respeito ao jogador, não justificou até hoje sua contratação e/ou escalação. Um dos piores em campo. NOTA 2;
ARBOLEDA: Simplesmente um monstro. Um dos únicos que honrou o manto que vestia. NOTA 8;
BRUNO ALVES: Jogador que colabora muito e que tentou fazer o dele em campo. Nada de excepcional. NOTA 5;
REINALDO: Carismático, engraçado e com boas subidas. Mas não é jogador para usar a 6 que já foi de Júnior em uma Libertadores da América pelo São Paulo. NOTA 3;
WILLIAM FARIAS: Limitado, mas não comprometeu. NOTA 4;
HERNANES: Fora de sua melhor forma. Longe daquele craque que o torcedor está acostumado. NOTA 4;
DIEGO SOUZA: Não aproveitou as chances que teve e se mostrou apagado boa parte do jogo. NOTA 3;
PABLO: Precisa fazer mais do que até agora para justificar os milhões investidos. Tão apagado quanto o time. NOTA 4;
ÉVERTON: Tentou fazer a dele, criou algumas jogadas e terminou expulso no segundo-tempo, fulminando qualquer tentativa de reação da equipe. Irresponsabilidade que não afeta o jogador que é, mas, nas circunstâncias, faz por merecer a NOTA ZERO;
HELINHO: O garoto entrou em campo arriscando todo seu repertório de jogadas. Tentou, brigou bastante, mas não podia fazer nada mais do que tentar, diante de um time tão morto. NOTA 6;
NENE, ANTONY E ARARUNA: Entraram já com a classificação perdida e nada puderam mudar. SEM NOTA;
ANDRÉ JARDINE: Apesar de ser o menos culpado pela fase do clube, hoje escalou mal a equipe, não fez o time corresponder e não fez valer a fama que fez na base de time que joga para frente. Armou um time medíocre e parecia aceitar o resultado que se desenhava. Merecia uma sorte melhor, em um momento melhor do clube. Hoje, NOTA ZERO;
TORCIDA: 44 mil guerreiros foram apoiar um time que não a merece. Há muito, a torcida e a base são as únicas coisas que brilham no São Paulo Futebol Clube. NOTA DEZ.