[EXCLUSIVO] Coordenador das categorias de base, Dinho Guimarães fala sobre trabalho com jovens no basquete do São Paulo

Foto: Instagram SPFC Basquetebol

A escola “Made in Morumbi”, reconhecidamente um dos melhores e mais vitoriosos trabalhos de base feitos no Brasil e na América do Sul, vem colecionando títulos e prêmios devido a sua qualidade e competência. Dinho Guimarães, coordenador da base eleita, no último ano, a melhor do estado pela Federação Paulista de Basketball (FPB), vive o São Paulo desde garoto, e hoje é um dos grandes responsáveis pela formação de atletas, tarefa de suma importância no basquete nacional e que vem sendo feita com êxito em um dos clubes mais conhecidos do mundo. Em entrevista exclusiva para o SPFC 24 Horas, Dinho falou sobre o trabalho que faz com as futuras estrelas são-paulinas.

Ciente da responsabilidade que carrega, Dinho começou sua historia no São Paulo como estagiário. Inicialmente, saiu e retornou ao clube, em oportunidade dada pelo seu amigo e diretor do basquete Maurício Sanzi. Atual coordenador de base, Dinho sempre sonhou em dirigir o São Paulo em alguma oportunidade, e a chance de trabalhar no seu clube de coração se tornou muito mais que um simples emprego. “Sempre sonhei em dirigir o São Paulo, desde o meu início de carreira como técnico. Esse sempre foi um grande sonho e, claro, objetivo. A oportunidade foi construída com muito estudo, trabalho e dedicação. Posso dizer que é um grande privilégio ter essa responsabilidade de coordenar a base de um dos maiores clubes do mundo e indiscutivelmente uma das maiores estruturas de basquete do país e da América do Sul.”, disse.

O começo do atual comandante das equipes sub-16 e sub-17 do São Paulo não foi nada fácil. Apenas com muito trabalho e perseverança foi possível transformar derrotas duras em equipes vencedoras. Ciente da dificuldade que foi empreendida nesse processo, os atuais resultados enchem de orgulho o coordenador da base tricolor. “É muito difícil alcançar algo tão grande sem sofrer. Posso dizer que o processo de solidificação da nossa estrutura foi extremamente duro e com uma metodologia e mentalidade vencedora. Mas hoje posso dizer que nós temos uma grande fábrica de talentos para o basquete brasileiro.”, afirmou Dinho.

Focado não somente no trabalho dentro de quadra, Dinho não enxerga somente o que é entregue dentro das quatro linhas. Questionado sobre os principais títulos de sua trajetória, o coordenador preferiu dividir suas conquistas a todo processo. Ao longo da trajetória como técnico, eu tive a oportunidade de trabalhar com grupos formados por pessoas incríveis que me deram o privilégio de alcançar títulos a nível metropolitano, estadual, nacional e sul-americano. Além de alguns prêmios individuais e a oportunidade de dirigir uma seleção metropolitana. Mas quando se fala de base, eu vejo que o grande legado e os maiores títulos eles estão não nas medalhas e nos troféus, mas nas relações que você deixa e nas pessoas que você forma.” 

Um grande sonho dos mentores do basquete são-paulino, e que antes parecia distante, era interligar categorias de base ao elenco profissional, algo que se tornou mais próximo desde o início do projeto de Liga Ouro em 2018. Com o amadurecimento do projeto do basquete adulto e a necessidade de haver um projeto de LDB entre os times que disputam a competição, Dinho revela que esse plano já está em ação e deve acontecer no próximo ano. “Está em execução um trabalho interdisciplinar do mais alto nível e o grande objetivo desse trabalho é colocar garotos da nossa base tanto na LDB quanto na nossa equipe principal. Eu posso dizer que isso está muito perto de acontecer e que talvez no próximo ano já tenhamos performando tanto na LDB quanto na equipe principal garotos da base do São Paulo.”, informou.

Assim como todo treinador de basquete, Dinho Guimarães tem sua filosofia de trabalho. Focado na importância de um trabalho interdisciplinar, acredita que apenas através da ligação dessas disciplinas é que um atleta pode performar no mais alto nível possível. Outro ponto importante é a relação sincera entre treinador e jogador desde o primeiro contato, o que dá o parâmetro real ao garoto daquilo que já entrega, e do que ele pode melhorar. A nossa filosofia é trabalhar equipes e atletas como um todo. Normalmente se fala em multidisciplinar, nós falamos em interdisciplinar. O que a gente quer dizer com isso? Que as disciplinas elas se interligam, se potencializam, e com isso a gente dá o maior respaldo possível com nossos profissionais para que essas equipes e atletas cheguem no mais alto nível possível . Então aqui nós temos interligadas as frentes de trabalho, área acadêmica, técnica, física, nutricional, estatística, fisioterápica, tudo isso junto, tudo isso interligado e potencializado para que as equipes e atletas consigam chegar ao mais alto nível possível. Posso dizer que a sinceridade ela é fundamental dentro desse processo. Sem uma relação sincera e leal, o feedback fica falho e o atleta não vai conseguir se desenvolver adequadamente. Ele só vai ter parâmetro do que está ruim, ou do que está em evolução, ou do que esta bom se ele tiver uma relação sincera com os membros dessa comissão interdisciplinar técnica.”

O ano de 2020 foi atípico em todas as frentes e afetou todas as áreas e funções. Com o basquetebol de base não foi diferente. Obrigado a adaptar totalmente o seu trabalho, a equipe de base do basquete tricolor preferiu não lamentar o cenário pandêmico e seguiu em frente, podendo se orgulhar de não ter deixado os garotos parados em todo ano e ter iniciados os trabalhos via zoom logo no início da quarentena. Nós aqui temos uma premissa básica de não reclamar de situações adversas. Então a partir do momento que o cenário pandêmico foi instaurado, imediatamente a gente foi buscar qual ferramenta era a melhor e mais adequada para que a gente mantivesse os treinos mesmo que a distância. Elencamos o zoom e começamos imediatamente o trabalho. Esse trabalho foi planejado pela nossa comissão técnica interdisciplinar e executado imediatamente após o início da quarentena. Então eu posso dizer com muito orgulho que em nenhum momento o basquete do São Paulo parou esse ano. Trabalhamos três vezes por semana ininterruptamente desde o início da quarentena com todos os garotos desde o sub-10. E os grandes responsáveis por transmitir o conhecimento desse trabalho interdisciplinar para os garotos hoje dentro desse trabalho via zoom são os professores Wanderson Silva, Marcus Sestrem e William Drudi.” 

Assim como toda categoria de base, tanto no Brasil como no exterior, existem procedimentos e critérios para a seleção de atletas de base. E no São Paulo não é diferente. Com um trabalho organizado em três frentes, nosso coordenador deixa claro que é possível que atletas de todo cenário nacional possam ter o sonho de atuar no São Paulo. Nós temos algumas frentes de trabalho que dão oportunidades aos garotos em performar dentro das equipes da base do São Paulo. A primeira e mais importante frente de trabalho que nós temos é a escolinha made in Morumbi. Famílias que tenham garotos de 8, 9, 10,11 anos e que tenham vontade de aprender basquete de maneira interdisciplinar no mais alto nível e gratuitamente é só nos procurar nas redes sociais que nós estamos de portas abertas para garotos nessa faixa etária sempre. A segunda frente de trabalho é oportunizar vagas são os processos seletivos, popularmente conhecidos como peneiras. Em cenário normal não pandêmico nós realizamos esses processos seletivos sempre no início e no final do ano, o processo se inicia de forma não presencial em nível nacional, então nós disponibilizamos um questionário para que garotos do Brasil inteiro possam se apresentar, e a partir da apresentação desses questionários a gente convida os garotos a vir até o São Paulo e participar dos nossos testes. E a terceira frente de oportunizar vagas são os olheiros, os técnicos de outros estados e alguns agentes que nos trazem informações de potencialidades que tem território nacional e às vezes até mesmo sul-americano.”

Como tudo vai se flexibilizando no Brasil inclusive a prática do esporte em alto rendimento, a pergunta que se passa tanto na cabeça dos atletas que já fazem parte de equipes de base, tanto dos garotos que sonham ter oportunidade em uma equipe, é quando as competições irão ter início novamente. Questionado se o São Paulo trabalha a base para competir ainda esse ano nosso coordenador é enfático “Nós não acreditamos dentro desse cenário pandêmico que a volta das competições de base seja algo ideal. Diante disso, nós já estamos trabalhando 2021 na expectativa de termos segurança para que os nossos meninos possam performar nas competições no mais alto nível possível.”

Sem dúvida uma das coisas que o São Paulino mais espera é ter um time competitivo também na LDB. Mas por se tratar de um projeto novo, sabemos das dificuldades. Para nossa sorte, temos dois jogadores no nosso elenco principal que já estão acostumados a esse tipo de competição. São eles Igor Araújo e Danilo penteado que além de já terem disputado a liga de desenvolvimento já terão a experiência de dois paulistas e dois NBB na equipe principal. Dinho acredita em um time competitivo não só por esses dois atletas, mas também pelos atletas que já fazem parte do São Paulo e também dos que irão chegar. “O nosso projeto de LDB está em plena execução. Nós temos garotos em plena atividade interdisciplinar se preparando fortemente para performar nesse campeonato do ano que vem. Além disso, estamos captando garotos do mais alto nível para deixar ainda mais encorpado esse time, e é claro, que por toda a qualidade que tem e experiência como a Liga Ouro, dois campeonatos paulista e dois NBB que os nossos Igor Araújo e Danilo Penteado serão os grandes líderes e trarão um peso grande a essa equipe que nós estamos muito ansiosos para ver em ação.”

Por fim, como todos sabemos, depois da dificuldade vem à bonança. E é exatamente isso que o nosso coordenador e técnico espera para a prosperidade da base como um todo no pós pandemia. Esperando voltar a fazer o que ama no que ano que vem que é estar na beira da quadra, Dinho também deseja isso aos atletas, voltar a fazer o que ama como uma das perspectivas para a próxima temporada. Depois desse 2020 totalmente atípico com esse cenário pandêmico e com uma vida cheia de restrições e protocolos, o que eu espero para todos os trabalhos de base do país e do mundo, é que tenhamos saúde, e segurança para que os professores, e os atletas consigam ir para a quadra e fazer aquilo que mais amam fazer. O resto hoje é só complemento.”

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