Saudações tricolores! Hoje trago um bate papo com Fabio Machado, candidato ao conselho deliberativo pelo grupo Nova Força São Paulo. As eleições ocorrem nesse Sábado (28).
Fábio Giaconi Machado formou-se em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP e, desde a graduação, envolveu-se com a gestão financeira. Foi diretor Financeiro da Associação Atlética Acadêmica Politécnica (órgão responsável pela administração das equipes esportivas da faculdade).
Começou sua carreira profissional como analista de private equity na Neo Investimentos, onde permaneceu por mais de três anos. Atualmente, trabalha na área de investment banking em uma das principais instituições financeiras do país: o Itaú BBA.
Ao lado de Fábio Carbone e Kristian Ornerg – que também entrevistamos em nosso portal – Fábio foi um dos autores das propostas de gestão financeira do Nova Força.
• Para começarmos fale um pouco mais sobre você e sobre a sua carreira profissional. São Paulino desde quando?
Tenho 26 anos, nasci e morei em São Paulo a vida toda. Me formei em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP e trabalho no mercado financeiro, atualmente no Itaú BBA na área de Investment Banking (assessoria a companhias em operações de fusões & aquisições ou mercado de capitais)
Sou são paulino desde que nasci, toda a família da minha mãe é são paulina fanática. Minha infância foi nas cativas vermelhas do Morumbi, indo praticamente em todos os jogos. Meu avô materno é conselheiro vitalício do São Paulo há mais de 50 anos. Eu mesmo sou sócio do clube desde 2009, quando tinha 15 anos.
• Como você vê a atual gestão e como acha que pode ajudar sendo conselheiro?
A atual gestão infelizmente é uma das piores – se não a pior – da história do São Paulo. Não pela seca de títulos, que é apenas o resultado de uma série de decisões ruins. O pior legado dessa gestão está na questão financeira, com uma dívida que deve encerrar o ano na casa dos R$800 milhões, sem perspectiva de melhoria no curto prazo. Leco não apenas não ganhou títulos, mas tirou a capacidade do clube investir e brigar de igual para igual no curto prazo com outros clubes em situação melhor.
Como conselheiro, meu foco será na questão financeira. Vou fiscalizar os resultados do clube trimestralmente e cobrar que a Diretoria esteja entregando o orçamento, reduzindo as dívidas e os gastos excessivos. É papel do conselheiro analisar os resultados financeiros do clube e cobrar o presidente quando os mesmos não vêm bem. Além disso, quero fiscalizar a diretoria do ponto de vista dos contratos. É obrigação do conselheiro analisar e aprovar/rejeitar os contratos acima de ~R$1,2 milhão. Analisarei tudo com o maior cuidado possível evitando que o clube seja lesado e que gastos desnecessários sigam ocorrendo.
• O que acha do atual Marketing do São Paulo? Como melhorar arrecadação com ele?
Acho que está parado no tempo. O São Paulo fatura menos em marketing hoje do que diversos outros clubes de torcida menor. Não sou especialista em marketing, mas sei que há muito potencial na 3ª maior torcida do Brasil que não é explorado, e para isso basta ver que o faturamento nessa área não vem crescendo já há vários anos. Por exemplo, o programa de sócio-torcedor é apenas um mecanismo de venda de ingressos, com poucos benefícios e atratividade para o torcedor
• O que acha do atual elenco? Prevê muitas vendas?
Só para ficar claro, minha visão aqui é como torcedor. Não sou profissional de futebol e como conselheiro não é meu papel tomar decisões sobre contratações, quem deve ser o técnico e etc.
Acho o elenco bastante promissor, com excelentes nomes de Cotia (Diego Alves, Luan, Sara, Igor, Brenner, Léo, Nestor, etc), jogadores experientes mais cascudos (Reinaldo, Juanfran, Hernanes, até o Luciano pode entrar aqui), um cara muito diferenciado (Dani Alves), além de finalmente termos resolvido o problema que temos no gol desde a aposentadoria do Rogério. O problema para mim é que o elenco é muito curto e sofre muito quando as peças principais não podem jogar. Com nosso calendário, isso é muito problemático para quem quer brigar por títulos em todas as frentes.
Sobre vendas, sem dúvida terão de acontecer. A situação financeira do clube, a desvalorização do real e, claro, a própria qualidade dos jogadores da base e a vontade natural deles de ir para o exterior tornam difícil segurar. O São Paulo precisa vender jogadores para conseguir se recuperar financeiramente e nós como torcedores vamos ter de entender e nos acostumar.
• Sua chapa apoia o Natel, você entende que o plano de gestão dele é a salvação pro São Paulo?
Não acho que existe salvação mágica para o clube, e nem uma pessoa só é a heroína que vai resolver todos os problemas, mas não tenho dúvidas que o Roberto é o melhor candidato hoje para o cargo, por alguns motivos abaixo:
1. Natel de fato representa a oposição nesse pleito. O candidato da situação sempre se posicionou a favor da gestão Leco no conselho, blindando a diretoria e esteve sempre ao lado do presidente em todas as decisões importantes. Já Natel rompeu com Leco logo no início do seu mandato e passou a ter papel importante na oposição ao presidente dentro do conselho.
2. O Plano da chapa Resgate Tricolor, a oposição, engloba temas importantes como (i) defesa (de verdade) da profissionalização da gestão, trazendo profissionais de mercado para atuar nas diretorias do clube e (ii) defesa da ampliação do direito a voto para presidência para sócios e sócio torcedores. Isso é muito importante para dar participação a milhões de são-paulinos que hoje não tem nenhuma voz.
• O plano de recuperação financeira precisa ser a primeira coisa a ser feito pela nova gestão?
Sem dúvidas. A situação financeira do clube é muito ruim e precisa de ações no curto prazo para que o SPFC volte a ter superávit e consiga reduzir o endividamento. A situação do SPFC hoje é pré-falimentar. Se fosse uma empresa com fins lucrativos já estaria em recuperação judicial. Dessa forma é fundamental colocar profissionais de mercado gabaritados nessa área (e nas demais também), elaborar um plano de negócios minucioso e detalhado e também dar mais transparência e credibilidade às finanças do clube, com contratação de auditoria “Big 4” (grupo das 4 grandes empresas globais no segmento de auditoria), relatórios mensais ou trimestrais de resultado, etc.
• Como você vê a atual politica do clube?
É frustrante. Infelizmente a participação não é incentivada com um sistema muito engessado. 260 conselheiros decidem o presidente. Destes, 160 são vitalícios e apenas 100 são eleitos. Destes 100, 25 entram pelo número de sócio (ou seja, os sócios mais antigos entram independentemente da votação, desde que tenham pelo menos 1% dos votos – ou seja, 20 ou 30 votos)
Assim, na prática há 75 cadeiras em disputa para um conselho de 260. E apenas os 5.000 sócios do clube votam. Mas o SPFC é o clube de quase 20 milhões de pessoas sem nenhuma voz ou representatividade. Esse sistema gera caciques que se perpetuam no poder, candidatos que não tem preparo algum para o cargo ou então que tem interesses que não o bem do São Paulo… Enfim, é desanimador mas participar é a única forma de tentar mudar o clube que amamos. Então quero muito ser eleito para poder contribuir e aos poucos tentar alterar essa situação.
• Nos fale um pouco mais sobre a Nova Força tricolor, quantos candidatos estarão concorrendo por esse grupo?
O Nova Força foi um grupo fundado em 2003 que tem como perfil a tentativa de agregar profissionais com perfil mais técnico que consigam agregar ao clube com a experiência e o conhecimento que possuem. Hoje o grupo tem 4 conselheiros, sendo 3 vitalícios e 1 eleito (que está concorrendo à reeleição). O presidente do grupo hoje é o Marcelinho Portugal Gouvêa, que é conselheiro vitalício e candidato à presidência do Conselho Deliberativo pela chapa da oposição, o Resgate Tricolor.
Hoje temos 8 candidatos, e todos defendem as pautas de profissionalismo, transparência, defesa inegociável do estatuto, voto para presidência para sócios e sócio-torcedores. Convido todos os são-paulinos a lerem nosso Plano de Gestão que está disponível no site e nas nossas redes sociais.
Vimos que tem muitos candidatos por volta dos 30 anos sendo bem novos, você acha que isso pode ser extremamente importante para o futuro do clube?
Acho que idade por si só não é um mérito ou um demérito. Há conselheiros mais velhos que tem ideias parecidas com as nossas. Todavia, entendo que a idade média do conselho e dos candidatos é simbólica da situação política do clube hoje. Precisamos oxigenar com pessoas que tenham pensamento mais moderno, alinhado com as mudanças pelas quais o mundo vem passando e, antes de tudo, com capacidade técnica. É isso que o Nova Força tenta oferecer aos são-paulinos nesta eleição.
Igor Santos