Tuta, nascido em 1999, zagueiro campeão da Taça BH de 2016 e da Copa São Paulo de 2019. Esse é o perfil de mais uma jovem promessa que deixa o São Paulo de forma prematura. Aos 18 anos, Tuta teve sua venda concretizada para o Eintracht Frankfurt, da Alemanha, quatro dias após conquistar o torneio mais importante da base do Brasil. Na sua bagagem, nenhuma partida pelo profissional do clube. Apenas mais um que deixa o torcedor são-paulino na curiosidade a respeito da possibilidade de vingar ou não.
É necessário pontuar que nem todo jogador que brilha na base consegue manter o nível no profissional. Casos não faltam de jogadores que eram joias intocáveis e acabaram não correspondendo às expectativas. No São Paulo, recentemente, houve os casos de Henrique e Lucas Gaúcho, que, a despeito de rodarem por alguns times do futebol nacional, não apresentaram o mesmo desempenho das categorias de base.
Ainda assim, a questão da álea, da incerteza, é o ônus que um clube deve ter sobre alguns jogadores, notadamente os que se destacam. E, nesses casos, a aposta é válida: caso o jogador não vingue, ao menos o clube deu espaço para que a promessa pudesse, aos poucos, mostrar que poderia devolver ao clube todo o investimento feito nas categorias inferiores, a custo zero. E é justamente com relação a esses atletas que o São Paulo vem pecando. Éder Militão, Luiz Araújo, David Neres e Lyanco são casos típicos de jogadores prontos e que poderiam dar ao São Paulo o mesmo status vencedor da base, perdido há pelo menos uma década pelo clube no time principal.
Apesar de afirmar uma mudança de postura com relação aos meninos de Cotia, a diretoria já indicou, em 2019, a possibilidade de empréstimo de Gabriel Novaes, artilheiro e chuteira de ouro da mesma Copa São Paulo que Tuta atuou como zagueiro. Mesmo se pensando, no caso de Tuta, que há Walce, Rodrigo e Morato à frente, será mesmo que essa política de venda de jogadores sem ao menos nem atuar no clube direito está correta?!
Um time de futebol precisa ter as finanças em dia e ninguém disso discorda. Contudo, no São Paulo, parece haver uma política desenfreada de venda de jogadores promissores, fazendo-se relativizar a questão da mantença da base, numa transição que o Santos muito bem faz, mas que o tricolor do Morumbi parece deixar de lado em troca dos milhões que vêm de fora. E essa política parece ter um retorno exato e infalível: o clube enche os cofres, mas vê sua sala de troféus cada vez mais obsoleta. Perdem o clube, o torcedor e o próprio garoto, que mal pode devolver o carinho e o investimento que foram feitos pelo clube ao longo dos anos. É a triste realidade de um São Paulo que mais se preocupa em exportar jogadores do que ganhar títulos. Até quando?