Copa do Brasil no início de sua 30ª edição; Conheça a história, o retrospecto e as curiosidades do São Paulo durante as três décadas do torneio

Atual taça da Copa do Brasil, entregue ao campeão desde 2013 (Foto: Divulgação)

Em 2018, a Copa do Brasil chega à sua 30ª edição. Ao longo das últimas três décadas, o tricolor paulista obteve grandes vitórias, travou batalhas épicas, foi alvo da justiça, sofreu derrotas doloridas e ainda persegue seu primeiro título da competição. Você se lembra do vice-campeonato tricolor? Sabe qual foi a pior campanha? A maior goleada? E quem fez o primeiro gol são-paulino na história do torneio?

Conheça agora um pouco mais sobre a história, o retrospecto e as curiosidades do São Paulo nessas 30 edições de Copa do Brasil.

O torneio

A Copa do Brasil foi criada em 1989, pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, com o intuito de permitir que times de menor expressão pudessem enfrentar os gigantes do país. Isso porque, desde a Copa União, em 1987, o Campeonato Brasileiro havia diminuído consideravelmente de tamanho, restringindo a participação de clubes menores.

As vagas foram cedidas apenas aos campeões dos torneios estaduais (no caso de alguns estados, também aos vice-campeões). A primeira edição teve 32 participantes. Para se ter uma ideia do crescimento da competição ao longo dos anos, em 2018, são 91 clubes inscritos, de todas as cinco regiões do Brasil.

Desde a primeira edição, em 1989, o campeão garante vaga na Libertadores da América do ano seguinte. As fases são todas eliminatórias.  Ao longo dos anos houve algumas alterações no sistema de disputa. Em 1995 foi estipulado que nas duas primeiras fases, caso o time visitante vencesse por mais de três gols, se classificaria de forma automática, sem a necessidade de um jogo de volta. Em 1996, o número foi reduzido para dois gols. No ano de 2001, pela primeira vez os times que estavam na Libertadores da América não participaram da Copa do Brasil, devido a um conflito de datas. Esse fato se repetiu até 2013, quando os clubes da Libertadores retornaram à competição, entrando diretamente nas oitavas de final.

Em 2018, as duas primeiras fases ocorrem em jogo único e o time visitante possui a vantagem do empate. Além disso, pela primeira vez na história não haverá o gol qualificado (a partir da terceira fase). Ou seja, marcar na casa do adversário não será critério de desempate.

Linha do tempo tricolor

O Soberano participou pela primeira vez da Copa do Brasil em 1990, por ter sido campeão estadual em 1989. Derrotou União Bandeirante e Grêmio antes de ser eliminado pelo Criciúma nas quartas de final.

Em 1993, a segunda participação, prêmio pelo título estadual em 1992. Mas neste ano o tricolor optou por utilizar os reservas no torneio. Nem Telê Santana estava no banco no jogo da eliminação contra o Cruzeiro. Compreensível, já que nessa época o São Paulo buscava glórias mais altas.

Durante o restante dos anos 90, pouco destaque para as campanhas tricolores, sempre parando em oitavas ou quartas de final. Em 1996, o São Paulo foi eliminado nos tribunais por utilizar irregularmente o jogador Lima, que já havia jogado pelo Nacional-AM na competição. Acontece que nem a CBF sabia e permitiu a inscrição do atleta, mas uma denúncia do Internacional fez com que o São Paulo fosse excluído. Ambos chegaram a se enfrentar na primeira partida das oitavas de final, empate em 1×1, mas o segundo jogo nem sequer foi disputado. Já em 1998, o tricolor foi eliminado pelo Vasco em um jogo memorável que terminou em 4 a 3 para o time carioca. Nem os dois gols de Raí foram suficientes para classificar a equipe à semifinal.

Na virada do milênio, a maior chance do São Paulo. Finalíssima do torneio de 2000, diante do Cruzeiro. O jogo de ida no Morumbi terminou em um empate sem gols. A volta no Mineirão estava 1 a 1, resultado que dava a taça ao tricolor. Porém, aos 45 minutos do segundo tempo, o time de Minas Gerais achou o gol do título em uma cobrança de falta. Rogério Ceni jura até hoje que sua barreira foi empurrada naquela falta, facilitando a cobrança.

Geovanni (ajoelhado) se prepara para bater a falta que tirou o título de 2000 do São Paulo. (Foto: Divulgação)

Nos anos seguintes, eliminações doídas para o rival Corinthians na semi e para o Goiás nas quartas de final. Veio então um hiato de sete anos sem disputar a Copa do Brasil. E o torcedor tricolor deve se recordar bem o porquê. Desde 2001, os times que tinham vaga na Libertadores não jogavam o torneio nacional. E foram sete aparições seguidas do soberano na ‘Liberta’, entre 2004 e 2010.

O retorno do São Paulo à Copa do Brasil ocorreu em 2011, e terminou em eliminação para o Avaí. Em 2012, nova derrota frustrante, dessa vez contra o Coritiba. Em 2014 o algoz foi o Bragantino (eliminação mais precoce do tricolor, na 3ª fase). Em todas essas três eliminações, o São Paulo venceu a primeira partida, mas sofreu a virada no confronto.

Em 2015, o tricolor alcançou à semifinal. No caminho, eliminou Ceará e Vasco, até parar no rival Santos. O jogo da volta, na Vila Belmiro, foi a última partida oficial do goleiro Rogério Ceni. No ano seguinte, novamente entrando direto nas oitavas, o São Paulo não avançou nenhuma fase, e foi eliminado pelo Juventude. Já em 2017, com Rogério na beira do campo, o São Paulo parou na 4ª fase, diante do Cruzeiro (maior algoz tricolor na história do torneio).

Confira abaixo todas as campanhas do São Paulo na Copa do Brasil.

Estatísticas e curiosidades

O São Paulo possui 108 jogos na história da Copa do Brasil, com 61 vitórias, 20 empates e 27 derrotas. Um aproveitamento de 62%. Em casa, o aproveitamento sobe para 74%: 49 jogos, com 34 vitórias, 7 empates e 8 derrotas. Fora de casa, o retrospecto do São Paulo é de 27 vitórias, 13 empates e 19 derrotas em 59 jogos. O que representa um aproveitamento de 53%.

Entretanto, apesar do bom histórico em casa, o retrospecto recente do São Paulo não é bom. Nos últimos 7 jogos diante de seu torcedor são 5 derrotas e apenas 2 triunfos.

O primeiro jogo da história do tricolor na competição aconteceu no dia 23/06/1990, no antigo Estádio Comendador Luís Meneghel, contra o União Bandeirante. Vitória são-paulina por 1 a 0. Autor do gol? O zagueiro Ronaldão. Primeiro são-paulino a balançar as redes na história da Copa do Brasil.

Presente em 17 das 29 edições organizadas, o São Paulo acumula 1 vice-campeonato, 3 eliminações em semifinais, 7 em quartas de final e 4 em oitavas de final. Além de uma eliminação na 3ª fase e outra na 4ª fase.

A maior goleada da história do soberano ocorreu em 2001, no Morumbi, contra o Botafogo da Paraíba, em jogo de volta da primeira fase: um sonoro 10 a 0. Os gols foram marcados por França (3), Júlio Baptista (2), Luís Fabiano (2), Fabiano Souza, Kaká e Gustavo Nery.

O atacante França, autor de três tentos nessa goleada histórica, também detém a marca de maior artilheiro da história do São Paulo na competição, com 21 gols anotados.

O jogador com mais jogos disputados (como não poderia deixar de ser) é Rogério Ceni, com 67 partidas registradas em 11 edições de Copa do Brasil. O Mito ainda tem 4 gols marcados.

Copa do Brasil é obrigação?

Quando analisamos as campanhas do São Paulo ao longo dos últimos 30 anos, o que vemos não é algo compatível com a história vitoriosa do time. Ao olhar para os rivais, o panorama piora. Vemos Corinthians com 3 títulos e 2 vices, Palmeiras com os mesmos 3 títulos e 1 vice e Santos com 1 título e 1 vice. Mas estatísticas não devem ser analisadas sozinhas. É evidente a necessidade de se contextualizar a história e os diferentes momentos do torneio. Entre 2004 e 2010, quando o São Paulo teve grandes times, não surgiu a oportunidade de conquistar esse troféu. Da mesma forma que, no início dos anos 90, devido ao calendário enxuto, o clube preferiu priorizar outras competições e levou seu time reserva ou o ‘Expressinho’ à campo. Nada disso é “desculpa”, apenas uma leitura coerente da história.

Mas o fato é que o jejum incomoda boa parcela dos torcedores são-paulinos. Principalmente devido às provocações dos rivais, que sempre relembram os triunfos de Santo André e Paulista na competição para menosprezar o São Paulo. Por outro lado, há quem considere o título da Copa do Brasil secundário, prefira uma Sul-Americana, por exemplo, e não se incomode tanto com a seca.  Afinal, a Copa do Brasil é uma conquista obrigatória ou um triunfo dispensável ao tricolor?

Cada um terá sua opinião a respeito desse tema. O que se pode afirmar, com certeza, é que a ausência desse troféu na estante tricolor não diminui o mérito esportivo do clube nas últimas três décadas. Foram dezenas de títulos importantíssimos nesse período. No entanto, é inegável que a Copa do Brasil cresceu, tanto em número de participantes, quanto em relevância e desafio técnico. E com o passar do tempo e a presença frequente nessa competição, cresce a necessidade e o anseio da conquista. Chegou a hora desse título?

Álvaro Logullo.

Álvaro Logullo

21 anos, estudante de jornalismo e devoto do São Paulo FC. Filho, neto, irmão e sobrinho de são-paulinos. Apaixonado por estádios de futebol, pretendo ir a todos os jogos do Tricolor, no Morumbi, em 2018. Porque se a fase é ruim, o amor é eterno!

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