Aguirre testa variações táticas. Quanto isso ajuda ou atrapalha?

E ai galera tricolor.

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(Foto: Celso Pupo/Fotoarena/Lancepress!)

Nas vésperas do jogo contra o Rosário Central, da Argentina, Diego Aguirre esboça novamente jogar com 3 zagueiros, esquema que ele utilizou no segundo tempo contra o Atlético-PR. Sendo assim, ele abdicaria do esquema com 3 volantes, promovendo a entrada de Régis pela ala-direita, recuando Militão para a zaga. Porém, fica-se a dúvida: mostrar variações táticas é sinal de que o cara mostra grande repertório e pode ser importante, ou só atrapalha o time, pois impede na criação de um padrão?

O rodízio e a variação tática são práticas extremamente COMUNS no futebol europeu. Se pegar o Manchester City do Guardiola, desde o princípio da temporada, além de jogar no habitual 4-1-4-1, já vimos o time jogando em esquema com 3 zagueiros e 2 centroavantes, em um clássico 3-5-2, ou até mesmo no 3-4-3, ou em esquema sem volante, no clássico 4-4-2, e em todos, sem exceção, o time saiu-se muito bem, e se pegarmos a escalação, a gente sempre vê Pep fazendo o rodízio, porém, apenas de uma peça ou outra, isto é, em um jogo atua com Danilo na lateral-esquerda, e no outro entra com Delph, em um jogo Aguero é o comandante de ataque, e no outro Gabriel Jesus, também varia os meio-campistas entre Gundogan, De Bruyne e David Silva, e os atacantes pelos lados entre Bernardo Silva, Sané e Sterling, e essa prática é desenvolvida por todos os times grandes do futebol europeu, posso citar também a Juventus de Allegri, que sempre varia de jogar com 3 zagueiros ou numa linha de 4, e assim como o City, sempre joga bem, em ambos os esquemas.

Porém, vimos que esta prática, mesmo sendo muito comum e bem feita na Europa, se torna extremamente difícil de aplicar no Brasil. Juan Carlos Osorio tentou no São Paulo, e de certa forma deu certo, pois na minha opinião, dos últimos técnicos pós-Muricy, ele foi um dos melhores, com toda a certeza do mundo, pois dava gosto de ver o São Paulo jogar naquela época, porém, tenho que ressaltar que o colombiano fazia uso do rodízio de maneira bem exagerada, pois ele não trocava uma peça ou outra, ele trocava praticamente o time todo, e ele também fazia muito uso de improvisações, onde algumas eram boas sacadas, como Carlinhos de ponta e Thiago Mendes de lateral, liberando Auro na ponta também, mas outras eram insanas, como Lucão de volante e Lyanco de lateral-direito.

Outro técnico dessa nova geração, que tenta a todo custo colocar em prática essa ideia de rodízio e variações táticas, é Rogério Ceni, e isso vem sendo motivo de críticas muito fortes no Fortaleza, pois alegam que isso impede na criação de padrão de jogo. De fato, eu tentei acompanhar o rendimento do time cearense no campeonato local, e a impressão que tive foi a seguinte: o início do time foi arrasador, com goleada atrás de goleada, e jogando no clássico 4-2-3-1, porém mais perto da reta final, ele tentou alterar o esquema para uma linha com 3 zagueiros, com o intuito de mostrar variação tática, e o time perdeu-se por completo.

Sendo assim, eu tenho a seguinte constatação para fazer sobre o nosso novo técnico: desde que chegou, ele já jogou em 3 formações diferentes: 4-2-3-1 clássico, com Valdívia e Marcos Guilherme abertos pelos lados, com 3 volantes no 4-3-3, com Petros, Jucilei e Liziero no meio, e agora surge a ideia de jogar com 3 zagueiros. Em todas, em especial o esquema com 3 volantes, o time saiu-se bem, e mostrou grandes perspectivas para um grande ano. e acredito que variação tática é importante, e o esquema com 3 zagueiros é um esquema que vejo com bons olhos, pois Régis é um lateral ofensivo, que muitas vezes atua como ponta, e nesse esquema o técnico tende a extrair o melhor do jogador. Rodrigo Caio, muito criticado por ter sido o pior em campo contra o Atlético-PR, também pode se sobressair nesse esquema, jogando quase como um líbero, pois assim ele pode colocar em prática um dos seus melhores recursos, que é a saída de bola, muito parecido com o que Antonio Conte fez com David Luiz no Chelsea.

Em outras palavras: sim, sou a favor da variação tática, dependendo do adversário, é importante o time ter isso, inclusive esta foi a maior crítica ao antigo treinador, que sempre atuava em esquema com 2 pontas abertos, mesmo atuando com Diego Souza, Nenê e Cueva juntos. E também acho importante o rodízio, desde que não feito de maneira exagerada, trocando o time inteiro de um jogo para o outro, pois o Campeonato Brasileiro é grande, e para ter sucesso nele, é necessário ter um elenco grande, com boas peças de reposição, e o rodízio pode ser uma ideia para ajudar a não desgastar tanto certos jogadores.

Saudações!

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