A derrota nos lembrou: Cotia não é o paraíso!

Por: Rafael Oliveira

Twitter: raffa_tricolor

O motor falhou. Aliás, vem falhando.

Rogério Ceni elegeu Cotia como motor do time. Disse ele “Meu meio campo é a energia desse time. Liziero, Igor Gomes e Sara é o motor do time. Tem força física, são jovens, tem fome. Ajudam a servir Benítez, Luciano e Calleri

No jogo contra o Red Bull Bragantino, entretanto, Igor Gomes começou bem e terminou naquele mais ou menos; Liziero foi uma lástima; Gabriel Sara mais errou que acertou.

Ao longo da carreira, as notas dos três Made in Cotia no Sofascore são, respectivamente, 6.85, 6.81 e 6.68.

Na prática a gente arredonda pra cima e passam de ano com um 7 de quem entrega trabalho atrasado, cola de vez em quando nas provas e as vezes leva o professor na lábia.

Mas antes que me acusem de ser sub 40 (o que de fato sou com meus 37 anos mais ou menos vividos), não estou crucificando os três não. O mais velho entre eles tem 23 anos e é Liziero. Sara e Igor Gomes tem 22 anos apenas.

É normal que, vez ou outra o motor pare de funcionar, especialmente se o resto das peças do carro venham com defeito de fábrica. Não é mesmo Pablo?

Nossos Made in Cotia são bons, é verdade, mas não são o Kaká. São bons jogadores, compõe bem o elenco, mas são irregulares. Nada mudando na carreira dos três, chegaram aos 30 como Reinaldo, com um pouco mais de consciência de campo, errando menos, alternando fases boas e nem tão boas e contribuindo melhor para o ataque. Não há nada de errado nisso.

Errado está o Rogério Ceni em jogar nas costas de três jogadores jovens e, sabidamente irregulares, a responsabilidade de fazer o São Paulo andar.

Só que ai você olha para o banco e vê Benitez, o lobinho. É bom jogador? É. Tem boa visão de jogo? Tem. Sabe como criar para o ataque? Sabe. Seria o nosso meia perfeito se o futebol fosse jogado em dois tempos de vinte minutos. Como não é, não dá; não tem como.

Gabriel Neves é um bom volante, mas ele chegou ao São Paulo como chega quase todo jogador por aqui: com um marketing fudido, ações nas redes sociais engajando a torcida, cada blog tricolor fazendo um dossiê sobre como Neves é fantástico… pacote completo para ficar no banco olhando o meio de campo do São Paulo jogar (mal). Veio para que então?

Nossas melhores opções para o meio amargam banco e Departamento Médico. Ai, ao invés de cobrar da Diretoria reforços, joga-se a responsa nas costas dos Made in Cotia porque sabe que a torcida tem carinho por nossas revelações. A narrativa do jovem promissor que com sua paixão supera-se e salva o dia, cai bem no gosto popular. É o roteiro de 9 em cada 10 novas séries e filmes da Netflix.

Melhor seria admitir logo que o time não tem motor, os pneus estão velhos e remendados, a lataria está toda ela amassada e o câmbio só vai até a terceira marcha. Somos um time lento, que erra muito e vive na oficina.

E que não dá pra se iludir quando o São Paulo joga bem porque sabemos, o problema não é esse. O problema é jogar bem com regularidade. É como você ir a um restaurante e comer o melhor almoço de sua vida. Você sai extasiado, feliz, fala bem do lugar para todo mundo que te dá atenção. Na semana seguinte você marca de levar o contatinho para almoçar, quer causar AQUELA boa impressão, e você sente que o que estão te dando para comer é sebo de cavalo estragado com vísceras de urubu.

Um bom restaurante serve comida boa sempre. Um bom carro não te deixa na mão nunca.

E um bom time não faz o que o São Paulo faz com seu torcedor.

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