A base é o caminho para as vitórias, não para fazer caixa

Olá pessoal.

(Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press)

Faz um bom tempo que tenho mudado um pouco a minha visão sobre a utilização das categorias de base, antes sempre defendia que servia apenas para revelar jogadores diferentes ou craques, que só esses deviam subir para serem observados, e não “aprovava” a utilização daqueles jogadores considerados comuns, que podem compor elenco.

Porém, com o tempo, passei a mudar um pouco a minha visão sobre isso. O último “craque” revelado em Cotia, foi David Neres, vendido por 50 milhões de reais para o Ajax, após participar de apenas 8 jogos no time profissional, e que tem jogado em nível absurdo na Holanda, despertando o interesse de outros times gigantes do futebol europeu. Antes dele, tivemos Casemiro, hoje titular indiscutível da seleção brasileira e do Real Madrid, Lucas Moura, hoje jogador do Tottenham, e Rodrigo Caio, que tem sido convocado constantemente para a seleção de Tite e é o nosso melhor zagueiro, como jogadores “diferentes”. Ou seja, seguindo a lógica que eu tinha antes, apenas esses jogadores deviam ser observados, o resto não presta? Errado!

Primeiro lugar, ainda temos outros vários jogadores de enorme potencial, que ainda não vingaram e mostraram todo o seu futebol, como Shaylon e Lucas Fernandes, mas por causa de meia dúzia de jogos ruins, já não prestam para a massa opinião pública. Porém, não deve ser assim, pois se livrar deles é um enorme erro, com grandes chances de se tornarem novos “Casemiros”, que foi chutado do clube por mostrar falta de foco, e hoje é um dos melhores volantes do mundo, ou seja, tem que ter paciência pois já mostraram que têm talento para jogar no São Paulo.

Outro ponto que tenho pensado melhor, é algo muito dito por vários jornalistas: será que Auro não joga no mesmo nível, ou não entrega o mesmo, pelo menos hoje, que o Bruno? Será que Araruna não é do mesmo nível hoje e entrega o mesmo que Leandro Donizete? Será que Lucas Kal ou Hugo Gomes não entregam o mesmo que Aderllan? Resposta simples: sim.

A base deve ser o caminho para a formação de elenco, não apenas para revelar jogadores diferentes, e também é um meio para economizar dinheiro, ou seja, ao invés de investir uma grana pesada em jogador limitado, aposta na base, pois o cara que vem de Cotia, além de ter capacidade de entregar o mesmo que esse jogador limitado hoje, tem potencial para evoluir e se tornar melhor, além de ser mais barato.

Um time que tem reforçado bem esse ponto que escrevo é o Flamengo: investiu milhões em reforços badalados, como Berrío, Geuvânio, Éverton Ribeiro, Marlos Moreno, entre outros, mas quem tem resolvido e jogado bem, tem sido os garotos da base, Vinícius Júnior e Lucas Paquetá. Tem também o caso de goleiro, passou o ano todo de 2017 passando nervoso com Alex Muralha, com César, um dos melhores goleiros que passou pela base do time, no elenco, e no fim o que aconteceu? César entrou no time na base do desespero, pois Muralha só falhava, e foi decisivo na fase final da Sul-Americana.

Porém, dito tudo isso, eu devo fazer outra ressalva: não podemos transformar a base em fonte de renda. Surgiram ontem rumores sobre possíveis saídas de Lucas Perri, Liziero e Militão. Galera, isso é insanidade, não podemos cometer tal erro de vender milhares de jogadores de novo, além de ser absurdo cogitar vender um cara que não fez nem meia-dúzia de jogos no time profissional.

Agora vou aproveitar e citar alguns jogadores que vejo que podem ser úteis ao elenco, não citando necessariamente o talento em si:

  • Pedro Augusto: assim como Araruna, não é um volante de grande qualidade técnica, porém, se encaixa perfeitamente naquela ideia de que pode ser útil ao elenco. Nunca foi um grande destaque na base, apenas no seu último ano, e é um jogador que se destaca pela boa marcação.
  • Paulo Henrique: realizou apenas um jogo no profissional, contra o São Bento, e foi um dos pontos positivos daquele jogo. Pelo que li, é um volante que tem boa saída de bola, sabe jogar mais avançado como meia, e bate bem na bola, principalmente em cobranças de falta, e também pode ser alternativa no elenco. Em questão de estilo, é mais parecido com o estilo de jogo de Liziero.
  • Tuta: zagueiro que tem jogado improvisado de lateral-direito, foi um dos caras que mais me chamou atenção na Copa SP de 2018. Acredito que ele poderia ser observado no elenco profissional como alternativa para a lateral-direita, visto que o mercado anda muito ruim nesse setor, e diferente do Militão, que vejo como desperdício na lateral pois rende mais como volante ou zagueiro, não acho desperdício o Tuta na lateral, sendo este aquele lateral mais defensivo.
  • Toró: foi o artilheiro do time na Copa SP e mostrou enorme talento. Assim como Paulinho e Caíque, que já estão fazendo parte do profissional, vejo Toró como uma boa alternativa para jogar pelos lados do campo, sendo esta a principal carência do clube.
  • Igor Gomes: meia de ligação de grande potencial, sempre elogiado por Michael Beale, Igor mostrou ser um dos jogadores mais prontos para subir ao profissional, e também se mostrou um dos que tem maior talento, junto com Liziero. Seu estilo de jogo lembra o de Kaká, por ser um meia que conduz mais a bola e tem movimentação.
  • Helinho: disparado, é o nosso jogador mais talentoso do sub-20, e era também um dos melhores jogadores do time sub-17 junto com Brenner, sendo alternativa para jogar pelos lados do campo ou centralizado, e acho melhor a diretoria se desdobrar e garantir logo a sua renovação de contrato, para evitar perder um jogador talentoso que nem aconteceu agora com Marquinhos Cipriano e está perto de acontecer com Militão.

Saudações!

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