[OPINIÃO] De pioneiro a decadente: os problemas do Sócio Torcedor

 

Número atual de Sócios Torcedores (Reprodução: site do Sócio Torcedor)
Número atual de Sócios Torcedores (Reprodução: site do Sócio Torcedor)

Na última semana, o ge.globo publicou um levantamento, com o número de sócios-torcedores dos 20 clubes da Série A. Normalmente, o programa de Sócio Torcedor depende do sucesso dentro de campo, assim atraindo mais adesões. No entanto, a realidade do São Paulo é bem diferente.

Mesmo com dois títulos em um intervalo de tempo de 4 meses, o número de sócios nunca foi grandioso, desde a reformulação do programa, pela gestão de Júlio Casares em 2021. Na final da Copa do Brasil, chegamos a um pico de 60 mil sócios, mas desde então, o número diminui cada vez mais. Quando a matéria do ge foi publicada, na última quarta-feira (20), o São Paulo tinha 55.058 sócios; hoje (27/03),  são 54.800.

Como explicar esse rumo contrário? Um clube que voltou ao sucesso e aos holofotes, mas que não cativa seu torcedor a dar esse apoio.

O que não falta ao programa de Sócio Torcedor do São Paulo são reclamações por parte da torcida. Uma das mais comuns é em relação ao dependente infantil, prática que dá direito a entrada gratuita para crianças de até 12 anos. Quando abrem as vendas, não é difícil encontrar queixas de são-paulinos, afirmando que não conseguem adquirir os ingressos para dependente no primeiro momento, e que após atualizar a página de vendas, os ingressos “desaparecem”.

Outra queixa rotineira é em relação ao resgate de experiências. Nesse caso, com reclamações sobre o esgotamento quase automático, por vezes em menos de 5 minutos.

 

O que diz a torcida são-paulina sobre o Sócio Torcedor?

Para elaboração da matéria, nossa equipe lançou uma enquete no X (Antigo Twitter), dando voz ao torcedor para dizer o que pensa do programa. Um dos questionamentos era sobre o que consideravam como grande falha em nosso programa. Falando de problemas, as opções “Não têm bons benefícios” e “Caro e pouco vantajoso” tiveram 41% dos votos, cada.

Além da enquete, aguns são-paulinos também deram sua opinião mais diretas nos comentários, sugerindo melhoras. Um deles afirmou:

“Mais ações, melhor atendimento, mais vantagens nos ingressos […]”

Outro torcedor:

Kit de produtos […] + ingressos + sorteios + sorteios no Passaporte FC. Hoje só tem resgate que ninguém fica sabendo e ninguém consegue pegar

Opiniões que demonstram não só os problemas, mas, principalmente, o potencial que o São Paulo tem em mãos e não aproveita. Temos um estádio para 60 mil pessoas, por que não promover sorteios de ingressos uma vez no mês? As experiências oferecidas não são de todo mal, porém, as falhas no resgate e o alto custo não encorajam o torcedor.

Em entrevista, com o torcedor são-paulino Guilherme Moura, questionei sobre o ST e obtive as seguintes respostas:

Existe uma carência entre as relação de valor e benefício […] poderiam existir benefícios mais vantajosos. Além de falhas acerca do programa; na final do ano passado, muitos torcedores ficaram de fora do Morumbi, mesmo tendo prioridade na compra dos ingressos.

Acho que os planos iniciais não oferecem tanto como poderiam. Acredito que para a maioria dos torcedores, seja complicado desembolsar um valor considerável para o plano que realmente lhe ofereça vantagem. – Complementou.

Seguindo com os questionamentos para os torcedores, a equipe da SPFC24Horas também perguntou no X sobre a relação do clube com o torcedor, de uma maneira geral, se há distanciamento entre os dois lados. Uma das respostas obtivas foi:

Bem distante, a comunicação são os vídeos da SPFCTV (SPFC Play), que, na prática, “ninguém” assiste. Torcedor não tem acesso ao CT, o torcedor é que “se força” mesmo no dia a dia e nas viagens do clube.

Na entrevista, o torcedor Guilherme Moura também falou sobre:

Não acho que seja distante, mas faltam algumas questões de transparência por parte da diretoria […] me causou estranheza o aumento no preço dos ingressos. O torcedor é o maior responsável pela relação com o clube, mas deve ser uma via de mão dupla, o que muitas vezes não acontece”

Fazendo um comparativo, basta olhar para o gramado rival. No Corinthians feminino, há jogos onde vários torcedores compram ingresso e não comparecem. Parece estranho, mas tem sua explicação: o torcedor faz isso por livre e espontânea vontade, para fortalecer o clube, sem receber nada em troca, na prática. Ele sente que vale a pena tal iniciativa, que ela terá retorno.

Enquanto isso, mesmo com sucesso recente e uma torcida imensa, o São Paulo não consegue ter um Sócio Torcedor forte. O clube que foi pioneiro, vê a sua criação em profunda decadência. É preciso ouvir mais a torcida, tanto de São Paulo, como de todo o Brasil; os torcedores paulistas ainda têm descontos generosos nos ingressos, mas o restante não recebe nada. Mesmo com opção de plano por R$10,99, o são-paulino de Belém, Cuiabá e etc. não tem essa motivação para ajudar o clube de longe. Não sente que o pequeno investimento valerá a pena.

O torcedor paulista, que já salvou o clube do rebaixamento 3 vezes, e o torcedor brasileiro, que lota o estádio onde quer que o São Paulo jogue, merecem mais reconhecimento. Merecem um Sócio Torcedor forte, atrativo e vantajoso. Em tempos de crise e reconstrução financeira, ele se torna ainda mais primordial.

Por: @JPSilvino_2004

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