Não faz tanto tempo assim, eu ia até o Sacrossanto acompanhar o Mais Querido esperando uma boa vitória. Uma das coisas que eu já especulava, era o placar e quantos gols nosso artilheiro iria marcar. Nessa época, Luís Fabiano era nosso camisa nove. Um atleta que dentro de campo demonstrava ser um centroavante nato, com um faro de gol poucas vezes visto nos últimos tempos. Embora o Fabuloso tenha alguns críticos entre nossa torcida, eu considero o jogador o melhor atacante que vi atuar com o manto nesse século. O terceiro maior artilheiro da história do clube com 213 gols não conseguiu traduzir seus tentos em grandes títulos, porém, era inegável que a certeza de gol com ele dentro da área acompanhava o são-paulino a cada partida. Luís por diversas vezes se consagrou artilheiro nas competições que São Paulo disputava, tinha números impressionantes e gols das mais variadas formas. Podia ser de cabeça, de chapa, de bico, de barriga, sem querer, sem ângulo e de qualquer outra forma inimaginável. O Fabigol guardava e corria para o abraço.
Algumas vezes durante os jogos a massa tricolor entoava o nome do atacante, de repente e de forma espontânea e ele sinalizava de volta, demonstrando que estava ligado, só esperando uma bola para fazer a torcida explodir em alegria. Essa sintonia foi incrível e durou um bom tempo e como não se vive somente de alegrias essa história teve momentos conturbados. Por muitas vezes o mesmo torcedor que o ovacionava, despejava a frustração da falta de títulos no jogador. Essa relação era passional e Luís Fabiano costumava responder na mesma medida, sem pensar nem pesar as declarações. No fim de tudo, ele deixou seu nome na história e seus lances na memória do torcedor que ressente hoje a falta de um atleta com as características que LF9 tinha. Embora essa matéria pareça ser uma homenagem ao jogador, usei essa lembrança para o gancho do que realmente quero abordar. Não temos mais um matador!
MEU REINO POR UM CAVALO!
O rei Ricardo III estava se preparando para a maior batalha de sua vida. Um exército liderado por Henrique, Conde de Richmond, marchava contra o seu. A disputa iria determinar o novo monarca da Inglaterra. Durante a batalha, Ricardo III percebeu que alguns de seus soldados estavam fugindo. Rapidamente o rei esporou seu cavalo para ir em direção a linha que havia se quebrado, tentando assim recuperar a posição. Enquanto atravessava o campo de batalha, seu cavalo perdeu uma das ferraduras, o animal derrapou e derrubou o rei. Ao se levantar Ricardo percebeu que mais de seus homens começavam a bater em retirada e ele então gritou: -Um cavalo! Meu reino por um cavalo! Como não havia nenhum outro disponível, o rei não conseguiu reorganizar suas tropas e perdeu a batalha. Esse fato histórico me serviu de inspiração para dar nome a matéria, assim como fazer uma comparação. Assim como Ricardo III perdeu um recurso imprescindível para a guerra na idade média, o São Paulo perdeu a capacidade de formar ou contratar uma peça importante dentro do futebol. Sem um goleador temos vivido de fracassos e frustrações ano após ano, e afirmo isso baseado no fato de que no quesito defesa o time esteve bem representado nos últimos anos.
Se o próprio torcedor e a mídia esportiva concordam que o São Paulo conseguiu montar um sistema defensivo sólido, é consenso também que na questão ataque assim como Ricardo, estamos a pé. Os números individuais dos jogadores responsáveis por marcar os gols da equipe são pífios. Na temporada o Mais Querido já disputou 49 partidas, marcando 46 gols. Média de 0,93 gols por partida. Vale ressaltar que na Copa Libertadores e Copa do Brasil, os atacantes passaram em branco sem marcar sequer um gol. Seria injusto afirmar que os culpados pela falta de títulos nos últimos anos são os atacantes, mas os números mostram que a média de gols da equipe na temporada está muito aquém das nossas tradições. A própria diretoria do clube não tem procurado atletas com o perfil de ‘matador’, na base também não apareceu nenhum jogador com o estilo do Luís Fabiano e as jovens promessas que se destacaram nos últimos tempos acabaram desaparecendo ou saindo muito cedo para o futebol do exterior. Embora tenha dado enfoque ao LF9, se puxarmos a história dos atacantes que já atuaram com o manto, grandes nomes estarão na lista e isso provavelmente fará o torcedor enxergar uma queda de qualidade no setor que tem o principal objetivo do futebol.
ERROS DE TODOS OS LADOS
Não faz tanto tempo assim, eu estive no Sacrossanto para acompanhar o Mais Querido. O que vi dentro de campo foi justamente a falta de um jogador de frente que fuja desse tal futebol moderno que é visto nos dias de hoje. Do centroavante que não tenho como função marcar o lateral, que não precise voltar para tirar bola de escanteio e que tenha como a principal função marcar gol e não o adversário. O desempenho de todos os atacantes está assustadoramente abaixo das expectativas e muitos apontam o dedo para vários fatores que segundo eles contribuem para números tão ruins. O ano já se aproxima do fim e pouco poderá ser feito para corrigir os erros dessa temporada. O São Paulo vem de anos de planejamentos mal feitos, contratações sem explicação ou lógica com o trabalho posto em prática. Soma-se a isso troca de treinadores que pedem atletas de confiança e logo deixam o clube.
Nessa temporada, outro vilão têm se destacado a cada rodada, as lesões seguidas dos atletas do ataque tem irritado o torcedor e são pauta nos programas esportivos. Só para se ter uma ideia, Pablo, Pato, Toró , Antony e Raniel já se lesionaram e ficaram de fora de algumas partidas. Outros atletas mal jogaram 45 minutos nesse brasileirão. Como são-paulino gostaria que de ver um planejamento descente para a próxima temporada que poderá ter logo no inicio do ano uma Libertadores da América. Gostaria de ver a contratação de jogadores pontuais e que cheguem com condições de atuar, técnica e fisicamente, afinal o São Paulo Futebol Clube não é um hospital. Nesse limbo que vivemos nesses anos, conseguimos bons nomes em alguns setores mas não formamos um time de verdade. Para mim um time começa com um bom goleiro, uma defesa sólida, mas também com um ataque consistente. Não tenho esperança de ver outro Luís Fabiano, mas tenho a esperança de que ele não tenha sido o último goleador que vimos vestindo nosso manto.
Pro São Paulo FC Fiant Eximia
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Adriano Carvalho – Twitter @AdrianoC80