Vamos cair?

Foto: Fato Amazônico

“Meu amigo, me diga como eu começo outra vez?

Eu rezo, Senhor

Com estas mãos

Eu rezo por força, Senhor

Com estas mãos

Eu rezo por fé, Senhor” – Bruce Springsteen, My city of ruins.

Por: Rafael Oliveira

Twitter: Raffa_Tricolor

Na minha cabeça só há uma certeza: vamos cair. Em 2022 o São Paulo jogará a segunda divisão.

Quis o destino que tudo fosse mais trágico e que o técnico de nossa derrocada fosse Rogério Ceni, duplicando a tristeza. E não é um detalhe a demissão de Crespo: Casares e sua diretoria escorraçou o técnico que mais demonstrou amor pelo São Paulo após o Muricy.

Sim, você leu certo: Crespo demonstrou mais amor pelo nosso Tricolor do que o Ceni-treinador. Ou esquecemos que “no Flamengo a atmosfera é diferente?”

Bom, eu não esqueci e para o professor Ceni chegar aos pés do goleiro Ceni, terá que comer muito, mas MUITO feijão. E

Em nossa jornada para a segunda divisão estão todos os ingredientes: diretoria covarde e confusa, departamento médico sucateado, infraestrutura precária e atrasada, elenco limitado e jogadores fazendo corpo mole.

E Ceni já esgotou sua cota de milagres para uma vida.

Foto: GloboEsporte.com

Hoje tem tudo para ser o começo do fim. De papéis trocados iremos enfrentar um Corinthians mais organizado, com um elenco mais forte, na parte de cima da tabela. Há uma grande chance de ficarmos vinte minutos pressionando o Corinthians sem sucesso, apenas para ver um contra ataque rápido dos rivais abrir o marcador. Após tomarmos o primeiro, consigo ver a gente tomar um segundo após uma falha de Volpi.

Após o segundo gol, o São Paulo se comporta como no jogo contra o Flamengo e em vinte minutos estamos perdendo de 4, 5 a zero dentro do Morumbi. O fim do campeonato é consequência.

Sejamos honestos: a chance não apenas existe, como ela é tremendamente possível. Perdemos o campeonato brasileiro passado exatamente por causa disso, de um time bagunçado com o psicológico fraco. O Crespo inclusive, caiu exatamente por causa disso.

O câncer que se instalou no coração do São Paulo e que está destruindo todo o nosso amado tricolor ainda está lá e ninguém até agora sequer o começou a tratar.

Mas. Sempre há um ‘mas’, e sabemos todos que o ‘mas’ invalida tudo que veio antes dele.

Mas o São Paulo é o Clube de Fé. Este lado do nosso time é o que eu mais admiro desde sempre, e parece que muitos torcedores não lembram dele, especialmente os mais jovens.

No São Paulo a moeda cai em pé.

Contrariando a certeza em minha cabeça, tenho fé de que escaparemos do rebaixamento graças a garra e o talento de Miranda, Rigoni, Luciano e Calleri. E estaremos na Libertadores do ano que vem, passando raiva com o time tropeçando na fase de grupos.

Não há absolutamente nenhum motivo para crer nisso além da fé que eu tenho em nós mesmos. E toda vez que o Reinaldo erra um cruzamento, o Volpi faz gracinha para saída de bola, que algum empresário vem a público falar merda, que nosso ataque erra um gol feito, que um juiz erra miseravelmente contra nós, minha fé falha.

Nessa hora eu olho para as três estrelas que somente nós temos. Relembro Palinha afundando a rede contra o Milan, após cruzamento perfeito de Cafu. Lembro de Muller entortando a zaga do Barcelona e de Raí marcando duas vezes contra Zubizarreta. De Mineiro colocando Reina num canto e ele marcando no outro.

E de Rogério Ceni voando impossível, para o olhar incrédulo de Gerrard e de toda a Inglaterra, que até hoje não sabe como aquela falta não entrou.

Então não, contrariando a razão e a lógica, o São Paulo não cairá, nem hoje nem nunca. Porque há força no São Paulo, esse clube que guiamos e amamos tão ternamente.

E que jamais nos esqueçamos: entre os grandes, somos os primeiros.

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