São Paulo se posiciona contra retorno de futebol neste momento; Raí crítica Bolsonaro

Twitter/Reprodução

O São Paulo se posicionou sobre a pressão do governo e federações para o retorno do futebol em breve, os dirigentes de futebol, Raí e Pássaro foram os representantes são-paulinos em entrevista para o globoesporte.com.

O futebol brasileiro está parado desde o meio de março, ou seja, mais de um mês, neste período atletas treinam em situações restritas dentro de suas casas, com isso, nenhum trabalho coletivo realizado neste longo período, e o acompanhamento é somente virtual na medida do possível. Outro detalhe é que o São Paulo deu férias durante o mês de abril.

Raí começou opinando em entrevista: “É bom deixar claro e reforçar que a posição do São Paulo não é voltar rápido. É voltar ao seu tempo com as orientações e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certeza de quando o futebol vai retornar”.

Outro dirigente do futebol são-paulino, Alexandre Pássaro complementou: “O São Paulo é a favor do retorno do futebol, lógico, para todos nós e torcida, mas não do retorno rápido. Do retorno ao seu tempo. Do retorno no tempo em que as pessoas com certeza muito mais capacitadas do que todos nós, que estão estudando essa doença, a curva da pandemia e tudo isso nos sinalizarem de que é momento talvez não ainda para começar a jogar, mas para voltar a treinar. Essa é a posição institucional do São Paulo”.

Direcionamento e volta aos treinos

O ex-jogador, Raí, comentou mais sobre o caso: “O direcionamento que foi dado ontem (terça-feira), quando falamos de pressão, a CBF deixou bem claro que cada estado analise a sua realidade. Esse é o lado positivo que, quando se pensar em voltar, vai ser uma competição regional. E também quando for voltar a treinar seguir todos protocolos, testes e segurança. Acho que é uma coisa de comum acordo. O presidente da FPF também estava lá e disse que a primeira coisa vai ser a segurança e a saúde”.

Outra discussão abordada a volta aos trabalhos dos clubes já em maio, Raí falou: “Houve um encaminhamento da possibilidade de volta dos treinamentos. Estamos nos preparando há muito tempo para uma volta com segurança. Conversamos com Leco (presidente do São Paulo) e a posição institucional do São Paulo é de que vamos voltar, e também ouvimos do presidente da Federação: o campeonato só vai voltar quando tiver autorização das autoridades responsáveis: prefeito, governador, secretários de saúde do estado e município. O Leco deixou claro que estamos passando por um momento complicadíssimo, de urgência, de aumento nessa curva triste de mortes. Ele está muito sensível a isso também”.

Fim da temporada na Holanda e França, e retorno complexo

Em comparação a Holanda e França que encerram os torneios, Raí disse: “Para o torcedor ter uma ideia mais clara é como se a gente, na nossa temporada, estivesse em novembro na comparação com a Europa. Então aí muda toda a perspectiva de decisões. Essa é a grande dificuldade. Dificuldade a mais. Na Europa, apesar de França e Holanda já terem decidido, outros estão com outras decisões”.

Pássaro deu uma explicação complexa sobre o retorno: “Tem uma diferença muito grande de retornar competições para retornar treinamentos e depois uma diferença ainda maior de começar a trazer jogadores para fazer testes. A decisão de fazer testes é quase individual de cada clube para ter controle do seu próprio jogador. O segundo passo é de voltar a treinar, e acho que tem de ser um pouco coletivo por entidades de saúde, porque vocês vão noticiar que um voltou a treinar e outro não. Isso vai dar exemplo. Até pela questão esportiva. Por exemplo, se o São Paulo começar a voltar a treinar no dia 10 e o Corinthians só começar no dia 18, é natural que quando as equipes se enfrentem o Corinthians esteja oito dias atrasado na preparação, o que não faz bem para nosso ambiente esportivo um desnível desse”.

Opinião sobre Bolsonaro

Sobre a posição do governo, do presidente Jair Bolsonaro, Raí deu forte opinião em entrevista para o globoesporte.com: “Um posicionamento atabalhoado, é o mínimo que se pode dizer. Naquele momento, por exemplo, que ele deu aquele depoimento em rede nacional… Ele está no limite, muitas vezes, da irresponsabilidade, quando ele vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde”.

Seguiu comentando o caso do presidente a crise política: “Outro absurdo do Bolsonaro é inventar crises políticas ou de interesses próprios, familiares, no meio de uma pandemia. É inaceitável. Tenho certeza que muita gente concorda, inclusive alguns apoiadores do Bolsonaro. Ele foi eleito democraticamente, mas a própria democracia está conseguindo frear”.

E ainda complementou falando até em renúncia do presidente: “Se perder a governabilidade, eu torço e espero uma renúncia para evitar o processo de impeachment, que sempre é traumático. Porque o foco tem que ser a pandemia. (O impeachment) não é uma coisa que tem de se pensar agora, energia nenhuma pode ser gasta nisso, mas se estiver prejudicando ainda mais essa crise gigantesca de saúde, sanitária, tem que ser considerado”.

Fábio Martins

Formado em jornalismo, ADM do SPFC 24 Horas desde 2012 e principal responsável pelo site e redes sociais desde 2014. Twitter: @fbiomartins1

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.