Resenha são-paulina: A excelente postura do São Paulo no caso Jean e a impunidade no futebol

(Foto: Reprodução)

Nesta segunda-feira, 13, o goleiro Jean foi anunciado no Atlético-GO como novo reforço para a temporada de 2020. Apesar do contrato suspenso, o jogador continua pertencendo ao São Paulo. No entanto, não é uma simples transferência. O goleiro foi preso no mês de dezembro por agredir sua mulher, em Orlando, e ficou confinado por dois dias no Estados Unidos, até que foi solto para responder pelos seus atos em seu país de origem.

A questão que me vem em mente é, estamos beneficiando o infrator e banalizando algo grave: a agressão contra as mulheres. O Tricolor pagou R$ 10 milhões na compra do atleta e agora ele sai de graça para defender um clube adversário e o Jean, que cometeu um crime não responderá por seus erros, e mais, ganhará uma nova oportunidade em um time que provavelmente será titular, diferente de onde estava que era reserva. Ou seja, para ele, pensando somente no lado esportivo foi benéfico, afinal, ele ganhará mais chances em um time de 1° divisão e seu valor de mercado pode subir novamente.

No meio dessas polêmicas tive, inclusive, o desgosto de ouvir alguns torcedores comparando o caso do Jean com o caso do Arboleda, que vestiu a camisa do rival Palmeiras. Que fique bem claro, o primeiro se trata de um CRIME, já o segundo um ‘simples’ erro desportivo. Não existe comparação entre os dois casos. Tanto é que, o Arboleda recebeu uma multa, enquanto o goleiro foi imediatamente excluído dos projetos da temporada.

Os jogadores de futebol têm um papel muito importante na sociedade, eles influenciam diretamente no comportamento da população. Durante toda a minha infância eu me espelhei em jogadores do meu time de coração como Lucas, Rogério Ceni, Kaká entre diversos outros. Agora, este comportamento do Atlético-GO me faz pensar que o crime compensa e me preocupa as crianças verem atitudes como essas saírem “ilesas”. O Atlético agiu de forma egoísta, pensando somente nele e não entendendo o que essa ação pode causar ou repercutir, jamais nenhum clube pode pensar primeiro no lado esportivo e ignorar o lado moral.

Já diferentemente da diretoria, os torcedores do clube foram conscientes e se manifestaram nas redes sociais de forma contrária a contratação do goleiro. Aonde quero chegar é que não podemos aceitar que ele seja incluído novamente nos campeonatos sem que ele primeiro ele pague pelo seus erros. o São Paulo fez sua parte, os torcedores também, já os clubes que se interessam por atletas com antecedentes parecem se fazer de desentendidos. Não podemos banalizar algo tão sério como agressão à mulher.

A contratação do Jean, para mim, retrata muito do cenário brasileiro que se importa mais com o lado esportivo do negócio do que propriamente o que eles fazem em suas vidas e no que isso pode causar, socialmente falando. Li muitos comentários dizendo que o que o jogador faz fora de campo não interessa ao clube, mas e aí, como fica a imagem do clube? Devemos mudar nosso pensamento. Antes do lado esportivo, existe o lado humano e não podemos ignorá-lo.

Matheus Segato (@resenhaspfc)

Segato

Jornalista em constante evolução.

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