
Em entrevista concedida ao jornal Agora na véspera do jogo decisivo contra o Rosário Central, o treinador uruguaio falou sobre as recentes eliminações, a construção de uma identidade, utilização de atletas da base e a cultural impaciência dos clubes brasileiros com seus treinadores.
FATOR PSICOLÓGICO
Ao ser questionado sobre as eliminações no Paulista e na Copa do Brasil, sendo que em ambas o tricolor chegou a ter a classificação em mãos, Aguirre negou a influência de um possível desequilíbrio emocional.
¨Não é psicológico, não sinto que seja assim. São coisas que acontecem no futebol. Não pudemos buscar desculpas ou fatos psicológicos porque ninguém pode comprovar, é algo subjetivo. Temos de trabalhar para melhorar e, se aconteceu isso, é porque cometemos erros.¨
POSTURA DENTRO DE CAMPO
A palavra-chave da trabalho de Aguirre até aqui é intensidade, o combate à apatia que há anos é criticada pelos são paulinos parece ser uma das principais metas do uruguaio diante do tricolor. “Os jogadores estão aceitando muito bem nossa proposta, estão querendo ganhar. É uma oportunidade maravilhosa para todos os que estão aqui. Não podemos passar sem que ninguém se lembre de nós.”, afirmou o treinador.
Do ponto de vista tático, o esquema com três zagueiros agrada o técnico, que ainda ressalta o passado vitorioso do clube com tal formação: “Sim, o ideal para o São Paulo. Não sei se o ideal para o futebol, mas é o ideal para o São Paulo. Porque tem zagueiros de alto nível, todos muito bons. Eu me adaptei aos jogadores. Também tem história de conquistas com três zagueiros. A torcida gosta. Não significa que será sempre assim. É um padrão de jogo que estamos tentando fazer dar certo. Mas, em alguns momentos, podemos usar outros sistemas, com as mesmas peças.”
Seguindo a temática do padrão de jogo, Aguirre comentou sobre a postura defensiva que o time apresenta em alguns momentos, característica que é o principal alvo de críticas ao seu trabalho. “Começamos melhorando uma situação: a defesa. Para isso, nós nos fechamos e, talvez, perdemos jogo ofensivo. Não é que vai ser sempre assim, não me sinto um técnico defensivo. Se você me entrevistar daqui um mês, vamos falar que o time está fazendo gols, jogando melhor. Se você só defende, não pode aspirar ganhar.”
GAROTOS DA BASE
“Tem de ter cuidado quando se fala dos garotos. Tem de ter um processo de amadurecimento.” Aguirre trata com cautela o intercâmbio da molecada de Cotia para o profissional e ainda vê como problemática a promoção prematura. “Se você traz um menino de 17 anos, é normal que não esteja pronto ainda. Temos de ajudar para que ele pegue ritmo e vá treinando. É outro nível o treinamento, muita coisa para preparar. Nosso principal cuidado é de proteger, não colocar em campo. Depois pode ser prejudicial. Temos de ter um pouco de paciência, um tempo para, na hora de ter as oportunidades, que peguem e se destaquem.”, concluiu o treinador.
CULTURA DA DEMISSÃO
O rodízio de treinadores que afeta não apenas o São Paulo, mas o futebol brasileiro em geral também foi objeto de debate, e Aguirre aparenta não preocupar com isso. “São situações que nem penso. Não dá para colocar a cabeça nisso. Tenho de me preocupar em trabalhar, fazer o time jogar bem e ganhar. Porque é disso que se trata. Se não ganhar, alguma coisa errada estou fazendo.”
Mesmo tendo seus trabalhos no Brasil interrompidos de maneira prematura, o treinador vê com otimismo a mudança na forma de pensar por parte dos clubes. “Agora estão dando mais tempo. Muitas vezes mandam o treinador embora para não assumirem culpas, erros. Mas sinto que o nível de gente que está trabalhando nos clubes, gente do futebol, por exemplo Raí, como falei aqui, está melhorando. Eles analisam outras coisas e isso dá tranquilidade para trabalhar.”
Confira a entrevista completa em: http://www.agora.uol.com.br/vencer/2018/05/1967879-dna-do-tricampeonato-inspira-tecnico-do-sao-paulo.shtml