Após pouco mais de cinco anos, a “Era Leco” chegará ao fim no São Paulo. Em dezembro, o mandatário vai passar o bastão e deixará a cadeira da presidência. As recordações boas não serão grandes. Porém, as polêmicas sobram, e não é de hoje.
Apesar de assumir a presidência apenas em 2015, substituindo Carlos Miguel Aidar, Leco tem trânsito na política tricolor há muito mais tempo, com forte influência no departamento de futebol, sobretudo durante a gestão de Juvenal Juvêncio, justamente em uma época onde existia uma grande batalha de egos entre o folclórico mandatário são-paulino e o corintiano, Andrés Sanches. E foi justamente nessa época que Leco cometeu uma façanha que poucos imaginavam.
Era a semana do dia 19 de abril de 2009, onde o São Paulo enfrentaria o Corinthians na semifinal do Paulistão. Leco, na época diretor de futebol, atendeu a imprensa e foi questionado sobre o encontro do Tricolor com Ronaldo, o camisa 9 que tinha acabado de ser contratado pelo alvinegro e cuja aquisição ainda deixava o Brasil de boca aberta na época. No primeiro jogo daquela semifinal, fora de casa, Ronaldo havia dado uma dura entrada em André Dias, o que irritou Leco.
O dirigente do São Paulo comentou sobre o lance poucos dias antes do jogo de volta, usando palavras duras. Leco afirmou que “quando Ronaldo era jogador”, não fazia essas coisas, dando a entender que naquele momento, Ronaldo já era um ex-atleta em atividade, na opinião dele.
Na época, todos especulavam sobre como Ronaldo e o Corinthians absorviriam as falas de Leco, tendo em vista que a relação política entre os dois clubes naquela época era muito balançada, principalmente pela famosa disputa pela sede da abertura da Copa do Mundo de 2014.
A frase de Leco chegou ao Corinthians, e a Ronaldo. E a resposta veio em campo, em pleno Morumbi. Uma vitória alvinegra por 2×0, com Ronaldo fechando o placar e garantindo o Corinthians na decisão daquele estadual.
No apito final, também com duras palavras, Ronaldo falou sobre Leco e suas declarações ao longo da semana que antecedeu o jogo: “Estou muito emocionado. Foi uma festa maravilhosa. Acho que foi um grande dia, um grande jogo. O São Paulo está de parabéns, é um grande time, um grande clube. A festa foi incrível, a torcida veio na paz. Agora, o São Paulo não poderia ser perfeito. Tem sempre alguém falando merda, um babaca. Quero ver se esse dirigente vai aparecer falando gracinha”, disparou o atleta alvinegro.
No dia seguinte, Leco publicou nota se desculpando:
“O meu comentário sobre o Ronaldo acabou ganhando proporções desmedidas, muito além da reprovação que fiz do gesto antiesportivo por ele praticado intencionalmente contra um colega de profissão, num momento de irreflexão e agressividade.
Minha observação pode merecer a interpretação de um equívoco, fruto de uma reação carregada de emoção, mas não teve outra conotação que não a de manifestar minha surpresa e inconformismo diante de um ato jamais visto na gloriosa carreira desse jogador.
Claro que as circunstâncias conduzem num ou noutro sentido, e se ele tivesse sido expulso, como deveria, segundo o entendimento majoritário, o problema pararia ali. Se o São Paulo tivesse ganho o jogo de ontem, igualmente, o tema em questão não viria à baila. São hipóteses e detalhes.
Ele sabe, certamente, que todos estamos sujeitos a erros. De toda forma, faço o registro que todos nós, que admiramos sua história esportiva, preferimos vê-lo fazendo aquilo que realmente sabe: jogar futebol.”
Não se sabe até hoje se as falas de Leco motivaram Ronaldo para aquele jogo. Mas, o que se sabe, é que o histórico do cartola são-paulino estão mais cheias de polêmicas do que de glórias.
Caio Felix
Twitter: @OCaioFelix