Como é boa uma noite de Libertadores, como é bom ser São Paulo Futebol Clube. À moda dos velhos tempos, dos melhores dias de Libertadores da América no Morumbi, 56 mil vibraram com a vitória de 2 x 0 contra o Talleres. Uma vingança simbólica? Talvez, e mais do que isso, a primordial liderança do grupo, que também derruba um grande tabu: depois de 14 anos, o São Paulo volta a liderar um grupo na Libertadores; em 2013, 2015, 2016 e 2021, avançou em 2º, além da eliminação em 2020.
Apesar do bom placar, o 1º tempo não foi lá grande coisa. O São Paulo teve iniciativa, boa aproximação e bom deslocamento dos jogadores pelo campo ofensivo, mas tinha dificuldade para quebrar a boa marcação do Talleres. E além disso, cedia espaços constantes pelo corredor esquerdo, de onde nasceu a melhor jogada dos argentinos na partida, aos 20min: após cruzamento, Barticciotto desviou no segundo pau e esquentou a mão de Rafael. Aos 42 minutos, o lance do jogo caiu do céu: Rodrigo Nestor entrou bem na área e foi derrubado, pênalti marcado. Lucas cobrou e parou no goleiro Herrera, que se adiantou e fez a cobrança voltar. Na segunda, o camisa 7 não perdoou e abriu o placar, levando o Talleres aos nervos e a comprar briga no intervalo.
Na etapa final, com os argentinos afoitos pelo nervosismo, o São Paulo cresceu no jogo e o deixou a seu favor, embora ainda cedesse espaços pela esquerda defensiva. Luis Zubeldia foi rodando o time, que criava, mas não convertia as chances. Isso até os 45 minutos, quando Luciano dominou e acertou um balaço de fora da área, um lindo gol para selar a vitória tricolor.
Notas
Rafael – Foi razoavelmente acionado durante o jogo, e em todas as aparições trabalhou muito bem. Vai fazer falta na Copa América… 9.0
Igor Vinicius – O pior do time, cedendo espaços no lado esquerdo e recebendo até bola pelas costas. 3.0
Arboleda – Voltou ao excelente nível que conhecemos. Jogou como xerife e líder da zaga. 9.0
Alan Franco – Não foi protagonista como Arboleda, mas passou longe de comprometer, ótimo jogo. 8.0
Welington – Pouco relevante no jogo, mas não comprometeu. Saiu mancando, o que preocupa. 6.0
Bobadilla – Pouco citado em campo, teve um forte choque de cabeça no 1º tempo. 6.5
Alisson – Não comprometeu e também não foi decisivo, fez seu papel longe das câmeras. 7.0
Lucas – Perdeu o primeiro pênalti, mas se redimiu no segundo. Já teve jogos mais destacados, mas ainda foi bem. 8.0
Luciano – Participativo e esforçado como sempre, porém, ineficiente no ataque, além de tentar cavar pênaltis sem necessidade. Salvo pelo golaço; 7.0
Rodrigo Nestor – Em um lance de pura estrela, cavou o pênalti que mudou a história do jogo. 7.0
Juan – Se a bola não chega, não tem Romário que faça milagre. Não recebeu nenhuma em condições boas, mas ficou com uma bela caneta no marcador. 6.0
Calleri – Entrou aos 13 do 2º tempo. Não recebeu nenhum grande lance, mas correu bastante pra quem voltava de lesão. 7.0
Michel Araújo – Veio aos 30 da etapa final, junto com Luiz Gustavo. Entrou afoito e não contribuiu pro time, o melhor é encerrar o ciclo no fim do ano. 6.0
Luiz Gustavo – Mal tocou na bola, nem precisou. 5.0
Patryck – Substituiu Welington aos 37 minutos, entrando junto com Erick. Pouco tempo para fazer alguma coisa. 5.0
Erick – Mesma análise de Patryck, pouco teve tempo de participar com relevância. 5.0
Luis Zubeldia – Mexeu bem no time, rodando as peças, e ainda ganhou pontos pela comemoração um tanto eufórica no segundo gol; gente como a gente. 10.0
Nota geral – Apesar do 1º tempo ruim, o time honrou a camisa nos 90 minutos. A história do São Paulo Futebol Clube na Libertadores, os 56 mil torcedores que encararam o frio da capital paulista para estar no Morumbi. Que siga assim. 8.0
Bola cheia
Luis Zubeldia – Aqui, peço uma licença poética para elogiar a grama do vizinho. Uma das fórmulas do sucesso do Palmeiras é o perfil explosivo de Abel Ferreira na beira do campo, participando do jogo a todo tempo. Zubeldia tem o mesmo estilo, o treinador enérgico (e até louco) que o time precisava. Contagia os jogadores e até a torcida, além de sempre mexer bem na equipe; se a lesão de Calleri contra o Cobresal tiver ensinado a ponta solta, melhor ainda.
Arboleda – Em notas recentes, fiz críticas merecidas a ele. Hoje, volto aqui com a devida justiça para elogiar a grande partida do nosso xerife, com cortes providenciais e uma personalidade de líder. Pode ser uma figura controversa no extracampo, mas se não cometer crimes e continuar representando a camisa, o torcedor agradece e muito.
Bola murcha
Igor Vinicius – Não parecia estar 100%, mas os lances que hoje quase comprometeram, podem custar a Libertadores no mata-mata. Partida de baixíssimo nível, até irreconhecível do lateral direito.
João Silvino
(YouTube: João Silvino / Twitter e Instagram: @JPSilvino_2004)