Esse time ainda vai acabar com a nossa sanidade, se é que ainda não fez isso. Tudo se encaminhava para uma crise há exatamente uma semana, e de repente, cá estamos na segunda vitória seguida, pra cima do então líder do Brasileirão, e com uma grande atuação. O 1 x 0 não reflete o que vimos em campo, cabiam muito mais. Porém, o mais importante é garantir vaga no G-6, e confiança para os jogos decisivos pela frente.
Aqui, pode parecer uma contradição, mas o roteiro do 1º tempo trazia na memória uma infeliz noite de 2022: contra o mesmo Flamengo, no mesmo horário das 21h30 e no lotado Morumbis, a amarga derrota de 3 x 1 pela Copa do Brasil, jogando muito melhor. Hoje não era mata-mata, mas os contornos em campo eram iguais: um São Paulo amplamente superior, dominando as ações e sufocando o adversário, no embalo do torcedor. Chances e mais chances, Ferreirinha comandando um carnaval na defesa flamenguista… mas faltava a conclusão precisa, acertar na hora h do ataque. O 0 x 0 no intervalo trazia os piores pressentimentos ao torcedor.
Nesse sentido, os primeiros minutos do 2º tempo afligiu ainda mais o coração tricolor: o Flamengo ensaiou uma melhora, e por 5 minutos, assustou a torcida com boas chegadas. Dali pra frente, o São Paulo retomou o controle, mas seguia no quase, deixando o grito de gol entalado na garganta de 55 mil são-paulinos na arquibancada. Até que aos 16 minutos, as lembranças temerosas de 2022 deram lugar ao Deja Vu de grandes momentos: escanteio, Wellington Rato na bola. Um cruzamento na medida, e lá estava nosso artilheiro pra conferir, Calleri abriu a conta. Até o final do jogo, seguimos em alto nível, e também tentamos brincar com a sorte; mas a vitória tinha que ser nossa, nem que a arbitragem resolvesse fazer a mesma graça que vimos nas olímpiadas, com 16 minutos de acréscimo.
Notas
Rafael – Um 6 lindo de dar, ninguém gosta de goleiro com 10; não costuma indicar uma boa partida da equipe. Nosso arqueiro mal trabalhou 6.0
Rafinha – Participativo como um menino de 18 anos, cheio de vontade em campo. Precisamos do nosso capitão com a forma física em dia nesse fim de ano. 7.5
Alan Franco – Zagueiro, mas hoje fez suas palhinhas de meia armador. Importantíssimo no jogo e na criação de lances potenciais. 8.5
Arboleda – Menos participativo, não que alguém exija dele o que fez Alan Franco. Mas no único lance que precisou aparecer, milagroso pra salvar. 7.5
Welington – Hoje vamos dar um desconto, foi o “menos melhor”. Sem protagonismo. 6.0
Luiz Gustavo – Seu grande problema no São Paulo são as oscilações, hoje vimos sua melhor partida pelo clube. Apareceu em vários setores, sempre disposto a ajudar. 7.5
Bobadilla – Ter pouco protagonismo no jogo nem sempre é negativo, é o caso de Bobadilla. Não fez nada espetacular, mas disposição não faltou, boa partida. 7.0
Wellington Rato – Ele voltou, nosso grande Wellington Mouse. No panorama geral, participou mais, e na bola parada foi extraclasse. 8.0
Lucas – Como sempre, não se escondeu do jogo e tentou ajudar a todo tempo. Merecia até nota melhor, só faltou aquele passe decisivo pra tal. 8.0
Ferreira – Se Lucas merecia mais, Ferreirinha fez por merecer até um 10. Só faltou a conclusão melhor, um velho problema desde que chegou… se melhorar esse recurso, é melhor sair da frente. 8.0
Calleri – É só uma bola amigos, uma bola de qualidade. Se ele receber assim, e o goleiro não baixar o Neuer, é caixa. Ele decide. 9.0
Reservas
Liziero – Entrou no lugar de Bobadilla. Não faltou vontade, matando um lance que podia ter potencial a favor do Flamengo. 6.0
Nestor – Substituiu Wellington Rato no finalzinho, pouco tempo pra tentar algo. 5.0
Michel Araujo – Entrou no lugar de Ferreirinha, junto com Rodrigo Nestor. Vale a mesma análise. 5.0
Luis Zubeldia – Perde alguns pontinhos pelo cartão amarelo evitável no 1º tempo, mas esperamos que tenha aprendido com os erros recentes. Vimos outro time comparado aos últimos jogos, se impondo em casa. 7.0
Nota geral – Complementando a análise de Luis Zubeldia: vimos um time que merecia vencer, independente do que o placar mostrasse ao apito final. Mesmo que o Flamengo fizesse 2 gols em 2 chutes de bicicleta desviados e no ângulo, o São Paulo mereceria elogios. É isso que exigimos, primeiramente: pode até não vencer, mas queremos atuações de alto nível, que mereçam o triunfo. 8.0
Bola cheia:
Ferreirinha – Com a falta da finalização, é um bonde com freio funcionando. Agora, se melhorar esse recurso, não tem freio capaz de segurar. A novela contra o Bahia valeu a tensão e cada centavo, é o jogador diferente que tanto fez falta nos elencos dos últimos anos.
Imposição em casa – É isso São Paulo, entrar em campo na mesma energia das 40 ou 50 mil vozes que cantam por você na arquibancada. O líder do campeonato viu a bola por 5 minutos e só, era jogo pra repetir os 4 x 1 de 2020, sem exagero. Deu gosto de ver, e pra quem vai passar perrengue na volta pra casa pelo horário, valeu muito a pena.
Bola murcha:
Hoje não, é só festa.
João Silvino
(YouTube: João Silvino / Twitter e Instagram: @JPSilvino_2004)