Miranda, quem tem que chorar somos nós…

(Fotos: Rubens Chiri | @saopaulofc)

Por Fábio Martins (@fbiomartins1)

O dia 14/11/2022 está marcado para o torcedor são-paulino, foi a despedida oficial do Miranda como jogador do São Paulo Futebol Clube.

Um atleta que marcou uma geração vencedora, mas que é discreto de maneira geral, pouco vemos falar, quase nada sabemos da sua vida privada. Em contraponto, dentro de campo até tenta manter o estilo discreto, mas sobressai com sua classe absurda, é bonito de ver jogar.

A maneira que Miranda rouba bolas, que se impõe sobre um atacante adversário, por vezes até alguém acima da média. Pois surge João Miranda de Souza Filho, calmo, antecipa e fim, o meme é criado, ‘jogador X está no bolso do Miranda’.

Não é fácil confrontar Miranda. E olha que ele retornou para o Morumbi com 36 anos, sob muita desconfiança, início não foi dos melhores, deu a volta por cima. Assim foi sua carreira, trabalhando silenciosa e surpreendendo a todos.

Quando Miranda chegou no São Paulo pela primeira vez, veio sob desconfiança. Como jovem torcedor, acompanhei sua chegada, sem nenhuma badalação, pequena nota no jornal, apresentação discreta.

Chegava um zagueiro promissor, revelado pelo Coritiba, com destaque diga-se, mas que não teve um grande desempenho no Sochaux da França. Seria um bom zagueiro para manter o nível da defesa recém-campeã da Libertadores de 2005? Vai ser um substituto a altura do Lugano?

Estava emprestado, era um risco calculado. E que risco… Miranda demorou para jogar, estreou na 25ª rodada contra o São Caetano, já em setembro de 2006. Em 14 jogos, apenas uma derrota e 8 gols sofridos, era só o começo.

Sua maneira de atuar chamou muita atenção de todos. O São Paulo que não é besta, garantiu permanência em definitivo e assim foi até 2011, quando encerrou seu contrato e seguiu para novos rumos. Antes disso, foi tricampeão brasileiro, sendo a defesa sempre destaque. Mas não conseguiu levar estadual e Libertadores, nada que diminua seus grandes feitos com a camisa Tricolor.

Elegante, Miranda é um exemplo de profissionalismo, e como zagueiro nem se fala. Afinal, joga limpo, visa sempre desarmar na bola, antecipando, a tão falada ‘leitura da jogada’. Vale lembrar, no seu auge, o quão foi injustiçado de não ir na Copa de 2014… Reparando, esteve em 2018 como líder do time.

Não sou tão velho assim, um jovem de 27 anos, que não viu tantos zagueiros assim. Tive prazer de vivenciar in loco a geração dos anos 2000 e com muito orgulho. Então, claro, Miranda foi um dos maiores que vi vestir a camisa do São Paulo, assim como Hernanes, são ídolos recentes, da minha geração.

Mas como jornalista, gosto de perguntar e interagir com mais velhos. No Morumbi, com meu pai, irmão, e em geral, Miranda é tido como um dos melhores que viram jogar. Claro que é difícil coloca-lo na seleção de todos os tempos, tivemos muitos zagueiros marcantes em nossa rica história.

É Miranda, as imagens do seu choro feito criança nos tocou… Mas a sua carreira deve continuar, e por aqui, só podemos agradecer por tanto que nos deu nessas duas passagens e 342 jogos.

O seu choro mostra a relação de carinho e respeito com os funcionários, o quanto o São Paulo é o seu lar. É Miranda, quem deve chorar somos nós que estamos vivendo mais um ídolo saindo, e sem merecer o que estamos vivendo.

Fábio Martins

Formado em jornalismo, ADM do SPFC 24 Horas desde 2012 e principal responsável pelo site e redes sociais desde 2014. Twitter: @fbiomartins1

Este post tem um comentário

  1. CJ

    Vc é fera d+ assim como nosso inesquecível Miranda.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.