Hernanes fala sobre estrutura atual do São Paulo, aposentadoria e físico

Foto: Rubens Chiri

O jogador do tricolor, Hernanes, participou nesta terça-feira (19) de uma entrevista em um podcast do Globo Esporte.

Na entrevista, o ídolo do São Paulo e que atualmente faz parte do elenco do time, falou sobre a seca de títulos atual e o caminho de reestruturação que está acontecendo para o time sair dessa situação e voltar a ser como era. “Eu cheguei no São Paulo em 2001. Minha primeira passagem foi até 2010. A organização que o São Paulo tinha estava sempre acima e na frente dos demais clubes, tanto de CT, quanto de estádio e organização. O São Paulo mostrava uma organização muito sólida. Tanto é que em 2002 comecei a receber ajuda de custo. Só para dar um exemplo: nunca nesse período o São Paulo atrasou um pagamento sequer. Era pontual. Parecia um computador. Ou seja, mas não é só por isso. Esse fato demonstra algo maior que está por trás”.

E completou, “Todo mundo queria jogar no São Paulo, porque era um clube organizado, um clube que tem estrutura. Aí quando vai se perdendo aqui, aí os jogadores que vêm já não são os melhores. E depois que se vem, até poderiam ser os melhores, mas não fica muito tempo, porque foi um período que mudou muito os jogadores. Não tinha constância. É uma equação simples de entender, mas complexa de fazer. Pra você criar essa estrutura sólida não é como um passe de mágica. Requer tempo. Pelo menos desde 2018 já começou a melhorar um pouco, 2019 melhorou ainda mais e agora vemos uma constância maior de jogadores. A diretoria tentando se arrumar e se organizar. Fica muito simples: começa com a organização e a estrutura, depois os jogadores, e com a permanência dos jogadores e jogadores de qualidade. Então, acho que não está longe disso, não”.

O profeta comentou também sobre seu condicionamento físico, o atual momento na reserva do time e quando deseja pendurar as chuteiras. “A vontade de realizar coisas grandes sempre foi muito grande, e a dedicação e preparação para fazer isso. Como tu falaste, sempre procurei extrair o máximo do meu corpo, no limite mesmo, mas ano passado foi o primeiro momento que tive um pouco de decepção com meu corpo. Talvez o excesso de confiança não só no meu corpo, mas na preparação, nos treinos e trabalhos que eu aprendi ao longo da minha carreira, me fizeram um pouco trascurar algumas coisas básicas e elementares. Então, ano passado sofri bastante, foi bem complicado”.

Segundo Hernanes, o que complicou ainda mais a sua forma física na temporada de 2019 foi o fato de que o jogador achava que a negociação para o retorno no São Paulo não iria dar certo, sendo assim, continuaria na China e teria mais tempo para se preparar para a temporada de lá. “Passei dois meses de férias. Quando voltei, não esperava que a negociação com o São Paulo fosse dar certo, então tinha programado mais dois meses de preparação. Eu ia me recuperar da lesão, me condicionar para a temporada. Deu certo, só que para mim eu tive essa prepotência de achar o que eu já tinha que fazer, eu fui muito prepotente. Achei que estava no controle demais da situação, e meu corpo me pregou uma peça. Mas aprendi a lição. Até aquele momento eu não tinha problema nem de tornozelo, nem de joelho, nem de nada. Muscular, nada. Eu estava zerado. E teve esse momento que fraturei algumas coisas e me fez mal, mas como eu falei aprendi a lição”.

Na atual temporada, o jogador conseguiu retomar o condicionamento físico e ficar sem lesões, porém por opção técnica do treinador virou reserva para o meia vindo da base, Igor Gomes, que cresceu muito de produção.

“Esse ano eu vinha numa recuperação legal, fisicamente, me senti bem de novo com meu corpo. Foi legal. Começou legal, acho que não fiquei fora por dores de nenhum treino, então estava bem legal, recuperei meu bem-estar com meu corpo. Mas ainda tinha algumas dorzinhas, que é normal jogador conviver com ela. Agora nesse período de inatividade, assim inatividade intensa como futebol. Realmente agora estou me sentindo zero bala mesmo. Está sendo legal porque não estou exagerando nos treinos, porque não sei quando vamos voltar, então não pode dar a vida. Então estou treinando na medida certa para o momento que estamos vivendo, para quando voltar estar zerado. Fazer alguns dias de pré-temporada. Estou levando esse cuidado. Não é nem preparação, em não exceder nem fazer pouco, sempre monitorando essa quantidade de minutos para me manter num nível aceitável de condicionamento. Está legal. Estou me sentindo bem e zerado”.

Quando perguntado sobre a reserva o meia disse: “Eu não me vejo na reserva. Eu aceito todas as situações e entendo também. É até uma coisa hilária, porque todos os jogos que eu joguei eu consegui fazer aquilo que eu mais sei, que é finalizar. Eu finalizei de todas as formas, passou perto e fiz só um gol. Então eu estava legal, mas não foi suficiente para fazer as coisa girarem, e os resultados não vieram. Não estou satisfeito na reserva e, como falei, não vim para o São Paulo para jogar na reserva. Então não faz sentido para mim, mas como eu vejo que tenho condições de brigar pelo time titular, estou treinando e trabalhando e aguardando o meu momento para, quando eu entrar, eu fazer isso”.

Enfim, quando questionado sobre quando irá parar de jogar, o ídolo do tricolor disse: “Eu penso que eu posso jogar até os 40 anos. Agora, onde eu vou me aposentar eu não pensei. O São Paulo é uma das possibilidades. Se eu me sentir bem, né, porque se eu não estou sendo útil eu não quero estar em um lugar que eu não estou sendo útil”.

Patrick Rehder

Estudante de jornalismo. Colunista e ADM do SPFC 24 HORAS. Twitter: @1caraQualqueer

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