O técnico Cuca conversou com a imprensa logo após a vitória de 2 a 0 sobre o Botafogo no Morumbi na estreia do Brasileirão 2019, explicou a escolha do Igor Vinícius na lateral, voltando o Hudson para volante, a estreia e posicionamento de Pato.
Análise da partida
“O time perdeu o título, mas faz parte do aprendizado, da vida. Essa foi uma semana para ter equilíbrio emocional também. O Botafogo teve duas semanas para trabalhar o jogo contra o São Paulo e, na proposta do Botafogo, ele teve a posse de bola. No segundo tempo, era uma posse que era mais na zona neutra, não era rondando perigosamente a área. Uma vez ou outra isso aconteceu. E isso aconteceu porque tínhamos o 1 a 0 na mão e estávamos esperando uma retomada em velocidade. Isso não aconteceu. A gente estava com quatro jogadores estreando, então você não vai ter um conjunto ideal, uma saída de bola ideal. O importante era vencer e, se possível, jogar bem. Acho que a gente jogou bem num contexto geral. Até os 20, 25 do segundo tempo não foi bom, mas com a velocidade do Toró o time se assentou bem. Se tivesse mais tempo, a gente teria a chance de construir um placar maior. No primeiro tempo o Botafogo correu muito, marcou muito, diminuiu espaços, foi intenso. No segundo a gente desenhou mais as jogadas, criamos umas duas jogadas em que poderia sair o gol e fizemos o segundo numa linda jogada construída com toques e a finalização precisa.”
Sequência e melhorias a serem feitas
“Estamos muito aquém do que a gente pretende estar daqui a um mês, dois meses. Mas temos nove jogos sem tempo para treinar. É jogo e jogo, jogo e jogo. A gente tem que se aperfeiçoar dentro das partidas. Quarta-feira já tem o Goiás, domingo, o Flamengo. E assim vai… Copa do Brasil. Tem jogadores que vão subir de produção, sem dúvida alguma, não preciso citar nomes. E vamos descobrindo coisas novas dentro do elenco. São coisas assim que nos motivam a continuar descobrindo jogadores, características quando o jogo pede algum tipo de característica”
Pato
“Ele, para mim, não falou nada. Pelo contrário, treinou todos esses dias como nosso centroavante. Tem dois tipos de centroavante, o de referência e o que flutua. Ele é um tipo de jogador que flutua, até porque não é um jogador de bola aérea. Mas a referência você pode fazer por baixo, ele é inteligente para isso. Se hoje ele não está em condição ideal para jogar, tem que retomar e vai retomar aos poucos, ali ele iria sofrer menos do que pelo lado do campo. Vamos devagar, conversando com o jogador e a gente vê o que faz com ele.”
“Hoje ele já não é um menino, é uma referência, um dos mais experientes. A gente espera dele o que ele vem fazendo, conversar com os meninos, passar a experiência dele fora de campo, dentro de campo também. A gente não pode cobrar dele nesse momento nada mais do que ele está dando, porque ficou muito tempo parado. Temos que tomar cuidado para não deixar ele demasiadamente em campo e expô-lo a uma lesão. Pouco a pouco ele vai se aprumando, melhorando fisicamente e a técnica dele vai aparecendo mais. Ele é importantíssimo para a gente.”
Segundo tempo veloz e entrada do Toró
“Hoje era claro no segundo tempo que o time precisava de velocidade. A posse de bola estava com o adversário, como vai ter o jogo se não tiver velocidade de contra-ataque. O Toró deu isso, logo no primeiro lance fez boa jogada e, com ele, já crescem outros jogadores”
Escolha por Igor Vinicius
“A ideia do Igor Vinicius na lateral foi para termos uma saída forte pelo lado direito, com Antony e Igor Gomes, como a gente fez no primeiro tempo. Foi o nosso lado mais forte, tanto que por ali saiu o gol. No segundo tempo já não foi tão bom. Talvez, se ele estivesse do meu lado, eu iria dirigir um pouquinho mais (risos) porque eles entendem melhor”
Mudanças
“São muitas mudanças, muda o perfil da equipe, característica de jogo e jogadores. Não tem como fazer acontecer as coisas em uma ou duas semanas. Você tem que ter o seu modelo de jogo e, jogando, jogando, se acostumando com aquilo, quem entra faz da mesma forma… Você não vai ter a mesma intensidade como foi no primeiro tempo, ninguém consegue. No segundo tempo tem que ter as outras armas. Isso é um processo gradativo. Fazer time é difícil, e fazer time jogar é mais difícil ainda. E estamos praticamente na terceira remontagem no ano. Teve Jardine, Mancini e, agora, o meu complemento. É um processo que requer tempo. Nada melhor do que começar com uma vitória. Não tivemos tantas chances de gol, mas fomos seguros”
O que trabalhar para melhorar
“A gente tem que trabalhar mais e vamos trabalhar mais nossa saída de bola. Muitas vezes a gente ainda confunde algumas coisas, o que é normal pelas mudanças que teve. Isso é uma situação que, de repente, uma saída de bola quebra a linha de marcação do adversário mais do que uma referência (de área), algo que a gente não tem.”
Fico do Toró
“Nós íamos emprestar o Toró essa semana para a Chapecoense e, num treino, o Cuquinha me chamou e falou: ‘Não podemos emprestar esse menino, o treino dele foi muito bom. Vamos ficar com ele’. Observamos diferente do que vínhamos observando, dando mais oportunidades. É um jogador velocista que joga na ponta direita, esquerda e de centroavante também. Foi muito bom ele ficar com a gente e pegar confiança, certamente vai nos ajudar bastante. Um jogador com essa característica hoje em dia é difícil.”