COMO NARRAR E TORCER AO MESMO TEMPO?

Uma coisa que você precisa deixar um pouco de lado após ingressar na faculdade de jornalismo é a parcialidade e o clubismo, algo que muitos torcedores praticam. Entretanto, como é a realidade de um narrador que já passou por essa época e hoje vive uma nova experiência, podendo criticar e apoiar seu clube ao vivo?

É isso que acontece com Fernando Camargo, narrador do São Paulo na Rádio Energia 97 FM. A rádio é conhecida pelas músicas eletrônicas, tocadas durante boa parte do dia e o famoso “Estádio 97”, programa que já está no ar a mais de 20 anos, sempre das 17h30 às 20h, com muito bom humor e deixando a seriedade um pouco de lado.

Graças a boa audiência da atração, em fevereiro de 2019 a rádio deu início ao projeto “Energia em Campo”, onde deixa de lado um pouco da imparcialidade e transmite os jogos de torcedor para torcedor.

A primeira vez foi no clássico entre Corinthians x São Paulo, realizado após a fatídica eliminação na Pré-Libertadores para o Talleres. Na ocasião, a narração ficou com o palmeirense Domenico Gatto e os comentários dos irmãos Marcos Borges, representando o Tricolor e Mano, o Corinthians.

Após a final do Campeonato Paulista ocorreu a estreia dos narradores de seus respectivos clubes: Luís de Paula (Corinthians), Cadu Santos (Santos), Domenico Gatto e Zé Mistério (Palmeiras) e Fernando Camargo (São Paulo), que participou de uma live no Instagram contando sua trajetória, desde os tempos de faculdade, até chegar a Energia.

Foto: Twitter Pessoal

Neste quase um ano de caminhada vivenciou momentos emocionantes, como o primeiro gol de Daniel Alves com a camisa Tricolor, a primeira vitória na Libertadores 2020 contra a LDU, a dramática classificação direta após vencer o Internacional. Mas também se estressou em episódios como o gol inacreditável perdido por Alexandre Pato, no duelo contra o Avaí; a derrota por 3 a 0 para o Grêmio em Porto Alegre, e mais recentemente o revés para o Deportivo Binacional. Veja um pouco da resenha:

– Aonde todo esse sonho começou?
R. Depois de pensar em fazer publicidade e propaganda, alguns amigos me aconselharam a seguir a área esportiva, principalmente o futebol, que sempre teve uma paixão maior. Em 1998, consegui uma vaga na PUC, e isso após 2 anos de faculdade que me deixou indeciso, mas a partir daí tudo mudou.

– Tem algum narrador que te inspirou a seguir esse caminho?
R. Luciano do Valle.

– Qual foi o jogo mais emocionante que você viveu, seja no estádio (narrando ou torcendo) ou em casa?
R. SPFC x Newell’s e SPFC x Barcelona.

– Qual foi a narração mais emocionante nesse 1 ano e 2 meses do projeto?
R. SPFC x Ceará e SPFC x LDU.

– Como é narrar os jogos do seu time, naquele formato de torcedor para torcedor?
R. É uma aventura diferente, onde você que está acostumado com a imparcialidade fica um pouco de lado. Claro, não é igual o Luís de Paula, que já está acostumado a só narrar o clube.

– Rogério Ceni ou Zetti?
R. Dentro do gol, Zetti. Com os pés, Rogerio.

– Quem é o maior jogador da história do São Paulo pra você? E o pior?
R. Melhores: Muller, Careca, Pedro Rocha
Piores: Paulão Desmaio, Alencar.

– Qual sua opinião sobre Fernando Diniz?
R. No começo não concordava, mas ele ter ficado para esse ano foi um grande acerto e está sendo colhido agora.

Christopher Henrique

Estudante de Jornalismo pela Uninove, fotógrafo apaixonado por colecionar momentos e aventureiro de nascença, vive o São Paulo FC e ama um futebol alternativo, principalmente as divisões de acesso.

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