Hoje, dia 28 de junho, é comemorado o dia internacional do orgulho LGBTQIA+. Em um mundo ideal sequer seria preciso reforçar a importância desta data, mas não é essa a realidade. Já vivemos em uma sociedade retrógada, agora, imagine dentro do futebol? Onde boa parte daquilo que é inaceitável, se torna audível, apenas por estar dentro da arquibancada. Foi buscando essa visão que encontramos a Jéssica, uma torcedora São-Paulina, de 32 anos, pertencente da comunidade LGBTQIA+, que comentou sobre sua vivencia em meio ao futebol.
Jessica é casada com Monique, uma Flamenguista, amante do futebol assim como ela, que convive com o amor pelo clube do coração desde a infância: “Eu vivi toda aquela época de glórias, minha família inteira é São -Paulina, foi impossível não me apaixonar também. (…) Na mesma época eu me descobri, no começo foi complicado, mas hoje, depois de tantos anos, nem me importo mais com isso. Minhas preocupações são outras.”
Você, torcedor, já imaginou como seria sua vida sem poder ir ao estádio ver o seu time jogar? Não por morar longe, por falta dinheiro, ou o que for, mas por medo. “Eu amo ver o São Paulo jogar, mas da minha casa. Tenho receio de ir pro estádio. Não foi uma nem duas vezes que eu me senti desconfortável dentro da arquibancada, olhares sempre rolam, piadas sempre rolam”. Jéssica comenta inclusive que nunca chegou a ir para um estádio sozinha. Todas as vezes que foi para o Morumbi, ia acompanhada, com receio da reação da torcida.
O pior é quando vem da nossa torcida. O São Paulo é sem duvidas o clube que mais sofre com a homofobia dentro do futebol, mas parte da torcida do São Paulo insiste em entoar cânticos homofóbicos: “Não é só no futebol. Na própria sociedade quando um homem hétero é chamado de “Viado”, logo ele quer se reafirmar. É a mesma reação com esses torcedores do São Paulo. De tanto ouvir esse tipo de piada, ele quer devolver de alguma forma. Acaba que fica nesse ciclo infinito, onde a única coisa que poderia resolver é o dialogo.”.
E é sempre importante ressaltar, mas esse discurso de “é só uma piada”, não cabe mais. Achar isso engraçado é dar um atestado de inferioridade a quem pertence a comunidade. Tratar como ofensa é fazer com que a vivencia dessas pessoas seja algo “ruim”. “Na nossa própria história temos um caso onde a homofobia negou um de nossos ídolos. O Richarlyson é um cara que sempre honrou nossa camisa, que jogou por muito tempo aqui, mas que pra muitos não é tratado como ídolo por uma suposição que alguns tem da vida dele, que aliás nunca foi comprovada”.
Por fim, a Jéssica comentou sobre qual a grande solução para diminuir parte desse preconceito dentro do meio do futebol: “É o dialogo. Dialogo sempre vai ser a resposta. Precisa debater sim. Precisa se posicionar sim! Quanto mais falarmos sobre isso, mais opiniões serão mudadas. É a única maneira de salvar!”.
Hoje (28/06), o São Paulo se posicionou em suas redes socais com uma imagem que trazia os dizeres “Em respeito á diversidade”. A impressão que nos dá é que essa imagem serve apenas para seguir uma cartilha, afinal, qual a dificuldade de sequer adicionar uma cor? O São Paulo e seu torcedores são os que mais sofrem com a homofobia dentro do meio do futebol, é mais do que necessário tomar uma atitude mais firme, ir dentro da raiz do problema. O São Paulo, enquanto clube de mais de 20 milhões torcedores, possui o dever social de apoiar essa e todas as outras causas. O redator, enquanto um homem bissexual, se decepcionou com essa postagem. Dessa vez o Tricolor pecou.
Para encerrar, é necessário deixar aquela mensagem que virou um mantra para esse que vos escreve.: “Existe uma única coisa que nos une: O amor pelo São Paulo. O Tricolor é de todos e para todos.”. Feliz dia mundial do orgulho LGBTQIA+.
Instagram e Twitter da Jéssica
Gustavo Marinheiro