Baresi relembra passagem no profissional do São Paulo em 2010 e dá dica para Jardine

(Foto: Reprodução)

Em reportagem exclusiva do UOL Esporte, o técnico Sérgio Baresi período que esteve como comandante do time profissional do São Paulo em 2010, logo após boa campanha no sub-20 são-paulino com direito a conquista da Copa São Paulo Jr naquele ano.

O caminho do Baresi foi parecido com o de Jardine, técnico do São Paulo no início de 2019, mas que acabou demitido após eliminação precoce na Copa Libertadores, e o ex-técnico são-paulino deu sugestão para Jardine: “Ele deve seguir a carreira como treinador profissional. Trabalhou no time principal, tem esse conhecimento, atuou também como auxiliar. Ele sabe como é ser treinador, tem as suas as convicções e está preparadíssimo. É questão de oportunidade. Tenho certeza de que vai ser a decisão melhor possível, porque ele foi moldado há muito tempo. Infelizmente, teve um tropeço”.

Quando anunciou a saída do Jardine no comando técnico do São Paulo, Raí frisou que o técnico permaneceria no clube, mas que seria discutido em qual setor. Jardine já comandou o time sub-20 do São Paulo, foi multicampeão, em 2018 foi promovido para a comissão fixa do clube, foi interino do profissional algumas vezes e acabou efetivado no fim da temporada de 2018.

Sérgio Baresi durou apenas 14 jogos em 2010 e relatou que já esperava ser um interino no comando: “No meu caso, não foi planejado. Estava dando treino quando o Juvenal me chamou e falou que o Ricardo Gomes iria ser mandado embora, porque a pressão era grande e não tinha os resultados esperados. Ele falou as seguintes frases: ‘Baresi, você vai subir para o profissional, mas paralelamente vamos acertar com o Carpegiani, porque a multa dele é alta e não vamos pagar. Você vai subir interinamente e a sua missão será lançar os meninos da base’. E ele disse que confiava muito em mim para isso”.

Em seguida, Baresi contou como funcionou a sua ‘promoção’ ao profissional: “Em nenhum momento a diretoria do São Paulo e o Juvenal pensavam em mim como o técnico. A missão era dar sustentabilidade para quem estava subindo. Sabendo de tudo isso, aceitei o desafio. Fiquei praticamente três meses e com a pressão muito grande da torcida e da imprensa. Insistimos porque o Juvenal acreditava no trabalho e apostava no Lucas e no Casemiro. Nas últimas cinco rodadas, já sabia que o Carpegiani seria o técnico. Isso foi diferente do Jardine, que subiu com toda uma estrutura em volta. Infelizmente, no caso dele, não vieram os resultados que em um clube grande são precisos para ter o sucesso. Se fizerem o que fizeram com o Muricy e com Rogério Ceni, que nunca imaginei que fariam, imagina com o Jardine”.

No futebol, não tem momento certo ou errado, tem oportunidades. No meu caso, não foi planejado [assumir o São Paulo]. Estava dando treino, o Juvenal me chamou e falou que o Ricardo Gomes iria ser mandado embora, porque a pressão era grande e não tinha os resultados esperados”, falou Baresi sobre aceitar chance no profissional.

Depois do Muricy que ficou um longo período de 2006 até 2009, o São Paulo mudou várias vezes de treinador, Baresi opinou: “Nos últimos anos, passaram vários treinadores, jovens e outros não, que não deram certo. A fase do São Paulo não tem a ver com treinador, mas sim com vários fatores. Na minha visão, o São Paulo não tem uma conexão única que leve ao sucesso. Esperamos que o Cuca consiga reverter esse processo”.

Baresi não saiu tão bem do São Paulo, mas nega que tenha sido queimado: “Eu não vejo por esse lado. É lógico que sabia que iria entrar em um caldeirão. Mas é aquele negócio, você não se molda caso não entre. Então, tudo é válido quando você tem uma oportunidade dessa. Simplesmente cumpri as ordens do nosso saudoso presidente Juvenal Juvêncio”.

Nenhuma mágoa, pelo contrário. Tenho um carinho especial pelo São Paulo. Fui jantar com o Juvenal dez dias depois de sair do time profissional. Não ficou mágoa. Desde o início, a gente sabia o que tinha de fazer. Acertamos 100% nisso, tanto que Lucas e Casemiro deramgalegrias para o São Paulo”, ressaltou Sérgio Baresi.

Ainda sobre a relação com o São Paulo, Baresi relatou: “Na véspera da final da Copinha, mandei boa sorte para o Orlando [técnico da base]. Ele me auxiliava no sub-20, e criamos laços com treinadores e alguns diretores. Tenho, principalmente, o DNA do São Paulo. Quem sabe um dia não volto ao clube?”

Sumido da mídia depois da passagem pelo Paulista de Jundiai em 2012, Baresi contou o que fez nos últimos anos e próximo projeto: “Eu passei cinco anos fora do país. Em 2014, 2015 e 2016, estava no Shandong Luneng, da China. Em 2017 e 2018 nos EUA. Tenho contrato até 2021 como coordenador metodológico do American Soccer Club, desde a academia do sub-5 até o profissional. Recebi a proposta do sub-20 do Guarani, cheguei ao Brasil no início de janeiro e aceitei. Poderei conciliar os trabalhos”.

Sobre o futuro, Baresi relatou para o jornalista José Eduardo Martins do UOL Esportes: “Estou totalmente moldado, pronto, testado e forjado pelo fogo [risos]. Já experimentei o que tinha de experimentar. Na base, na China… Tudo isso me fez desenvolver outras ideias”.

Fábio Martins

Formado em jornalismo, ADM do SPFC 24 Horas desde 2012 e principal responsável pelo site e redes sociais desde 2014. Twitter: @fbiomartins1

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