Ataque improdutivo; São Paulo tem média de um gol por jogo e ainda não marcou nos dois tempos de uma mesma partida em 2018

São Paulo perdeu a quarta partida na temporada. (Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo)

O São Paulo foi derrotado pelo Ituano na última quarta-feira (21) por 2 a 1, colocando ainda mais pressão sobre seu treinador, Dorival Júnior. As fracas atuações que a equipe desempenhou até agora em 2018, mesmo em partidas que venceu, deixa o torcedor são-paulino cada vez mais impaciente. Se na defesa o Tricolor melhorou com relação ao ano passado, o setor ofensivo vem sendo a grande fraqueza da equipe neste início de temporada.

Seja por uma questão física, por um equívoco no posicionamento das peças ofensivas ou por simples má pontaria da equipe, a falta de gols incomoda e gera desconfiança no torcedor.

De fato, os números não são nada convincentes. Apenas 10 gols em 10 partidas e o quinto pior ataque do Campeonato Paulista. Uma antítese quando se observa as estatísticas do mesmo período em 2017: sob o comando de Rogério Ceni, o São Paulo marcou 29 gols nos primeiros 10 jogos do ano passado. E os sintomas de uma ataque anêmico não param por aí.

Tempos distintos

Vem sendo padrão nos jogos do São Paulo observarmos etapas completamente diferentes jogadas pela equipe. O alarmante é que, até agora, o time não conseguiu desempenhar uma atuação consistente ao longo dos 90 minutos de jogo.

Contra Mirassol, Botafogo-SP e CSA, por exemplo, o São Paulo entrou desligado na primeira etapa, apresentou um futebol pobre e por vezes até sofreu certa pressão do adversário. Ir para o intervalo com o placar inalterado foi lucro para a equipe do Morumbi. No entanto, no segundo tempo a postura mudou, houve alguns lampejos individuais, triangulações e o time acabou conquistando a vitória nos três confrontos.

Essa cena tem sido rara em 2018; Tricolor balançou a rede apenas 10 vezes em 10 jogos. (Reprodução/Instagram/saopaulofc)

Já contra Bragantino e Madureira, o cenário se inverteu. Os primeiros 45 minutos da equipe foram muito superiores à metade final da partida. O gol veio e o São Paulo acabou se acomodando com o resultado, o que poderia ter custado a vitória. Apesar de segundos tempos ruins, o Tricolor foi capaz de segurar o resultado mínimo em ambos os jogos.

No clássico do último domingo (18) contra o Santos, o panorama foi semelhante. Um bom primeiro tempo, com domínio das ações e chances criadas. No entanto, o gol não saiu e a equipe acabou pagando pela imprecisão dos arremates no segundo tempo. Em apenas uma chegada, o Santos marcou e segurou até o fim o triunfo por 1 a 0.

Outro fator que preocupa é a incapacidade do São Paulo em correr atrás do resultado e lidar com adversidades. O retrospecto no ano é simbólico: sempre que sofreu gols, a equipe saiu derrotada de campo (contra São Bento, Corinthians, Santos e Ituano). Já nos triunfos, o Tricolor não foi vazado.

A oscilação sofrida pelo São Paulo ao longo das partidas é reflexo de uma equipe insegura e sem sintonia. As vitórias neste início de ano se devem muito a atuação do setor defensivo, que segurou a barra quando o ataque parou de produzir. Até agora, o Tricolor foi incapaz de marcar nos dois tempos de uma mesma partida, o que demonstra a inconsistência ofensiva da equipe.

Ter apenas 45 minutos satisfatórios por jogo explica a escassez de gols em 2018. Enquanto o time não conseguir desempenhar atuações estáveis ao longo de toda a partida, será difícil balançar as redes adversárias com frequência.

Questão física

Dorival Júnior costuma ser incisivo em suas entrevistas a respeito do calendário brasileiro. Uma das principais reclamações do comandante são-paulino é o excessivo número de jogos em sequência e o pouco tempo de treino e recuperação física entre as partidas.

Na partida contra o Bragantino, em que o São Paulo venceu por 1 a 0, essa foi a justificativa de Dorival para a queda abrupta de rendimento da equipe no segundo tempo. Apesar de jogar em casa e ter mais posse de bola, o Tricolor acabou finalizando menos que o adversário durante todo o confronto.

É verdade que a pré-temporada curta e os jogos em sequência não contribuem para um futebol vistoso das equipes neste início de ano. Mas, por enquanto, o problema ofensivo do São Paulo não se deve apenas ao desgaste físico adquirido nas segundas etapas das partidas. Se analisarmos os números, dos dez gols marcados até agora na temporada, sete deles ocorreram nos segundos tempos dos jogos.

O que há é um nítido problema de pontaria na equipe. Em 2018, já foram 117 finalizações disparadas pelos jogadores são-paulinos, apenas 42 delas no alvo. Fato é que nos jogos em que o São Paulo abriu o placar no primeiro tempo, o time finalizou pouco no segundo tempo. Deficiência de uma equipe que não sabe jogar com a vantagem e acaba abdicando do ataque.

Posse de bola inefetiva

Outro aspecto que irrita o torcedor é a falta de dinamismo e velocidade do São Paulo. Não é de hoje que o time se caracteriza por ter uma alta porcentagem de posse de bola, mas sem conseguir transformar esse domínio em perigo para o adversário.

Nas dez partidas desse início de 2018, o São Paulo teve mais posse de bola em todas elas. Uma média de 62,4% com a bola nos pés por jogo. Mas essa estatística acaba por não representar um ataque explosivo. O que se vê são muitos toques de lado, sem profundidade e lentidão na transição para o ataque.

Por muitas vezes os jogadores do São Paulo preferem o passe lateral ao arremate. São poucos os chutes de fora da área e inúmeras as tentativas de tentar entrar tabelando dentro da área adversária, frequentemente sem sucesso. Não por acaso, o São Paulo é a quarta equipe com mais passes certos em todo Paulistão, porém a terceira com mais passes errados em todo campeonato.

Seja por orientação do técnico ou por falta de confiança da equipe, a ausência de chutes faz os torcedores tricolores arrancarem seus cabelos.

Time lento

Um problema está atrelado ao outro. O time é lento porque prioriza a posse de bola, mas ao mesmo tempo prefere cadenciar o jogo justamente por não ter velocidade.

O fato é que na configuração atual, o São Paulo sofre com a falta de dinamismo do meio de campo para frente. Nenê, Cueva e Diego Souza são, indiscutivelmente, jogadores técnicos, porém sem muita mobilidade. O panorama piora com o posicionamento dos mesmos no gramado. Diego de centroavante e Nenê aberto pela lateral são tentativas de Dorival que, até o momento, não vêm surtindo efeito. E as perspectivas não são boas.

Com o time bagunçado em campo, as jogadas não saem, faltam aproximações e infiltrações. Dessa forma, ninguém nunca está em posição confortável para finalizar. Os arremates por muitas vezes são forçados e não representam perigo algum. Dessa forma, os  gols acabam por não sair.

Opções, Dorival têm. Colocar Valdívia junto de Marcos Guilherme para dar um pouco mais de mobilidade ao time. Centralizar Nenê, para não sacrificar o veterano de 36 anos que passa os jogos correndo atrás dos laterais adversários. Recuar Diego Souza, claramente isolado e desconfortável na função de centroavante. Colocar Tréllez ou Brenner como homem de área. Cada torcedor tem seu esquema ideal na cabeça.

A questão é que no próximo jogo, domingo (25), contra a Ferroviária, o treinador são-paulino terá de mudar algo para melhorar o desempenho ofensivo da equipe e, consequentemente, salvar seu emprego.

Para Dorival é vencer ou vencer contra a Ferroviária no domingo. (Luciano Claudino/Codigo19/Folhapress)

Álvaro Logullo

Álvaro Logullo

21 anos, estudante de jornalismo e devoto do São Paulo FC. Filho, neto, irmão e sobrinho de são-paulinos. Apaixonado por estádios de futebol, pretendo ir a todos os jogos do Tricolor, no Morumbi, em 2018. Porque se a fase é ruim, o amor é eterno!

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