O novo técnico do São Paulo é o Fernando Diniz, ex-jogador com passagens por grandes clubes do futebol brasileiro. Atualmente com 45 anos, Diniz já é técnico desde 2009.
Primeiros passos na carreira de técnico
Fernando Diniz ficou por anos atuando nas divisões secundárias do futebol paulista. O começo da carreira foi no Votoraty em 2009, pois foi com muito sucesso, campeão da Série A-3 do Paulistão, vulgo terceira divisão, e a conquista da Copa Paulista, torneio que dá vaga para Copa do Brasil e o time chegou na segunda fase da competição em 2010, perdendo para o Grêmio. Na equipe do Votoraty foram 53 jogos com 29 vitórias.
Com estilo diferente de jogo, Diniz foi contratado pelo Paulista de Jundiaí no segundo semestre de 2010, e comandou o time no título da Copa Paulista daquela temporada, superando o Red Bull Brasil na final. Seu time com ótima média de gols marcados, 47 em 26 jogos, mas também sofreu 36. Foram 13 vitórias, 7 empates e 6 derrotas.
Na temporada de 2011, foi comandar o Atlético Sorocaba e parou na segunda fase na A-2 do Paulistão, a campanha foi boa para o clube. Ainda neste ano teve uma passagem breve pelo Botafogo de Ribeirão Preto, mas durou 4 jogos, 3 derrotas, a única vitória foi 2 a 1 sobre o São Paulo no Estádio Santa Cruz, mas não bastou, acabou saindo… E o retorno para o Paulista na Copa Paulista, mas desta vez parou nas quartas contra o Audax.
Retornou para o Atlético Sorocaba para o Estadual em 2012 e desta vez conseguiu o acesso para a elite do Paulistão. Primeira fase foi líder com 35 pontos, 11 vitórias, 2 empates e 6 derrotas, 41 gols marcados e 30 sofridos em 19 jogos. Na segunda fase ficou na segunda colocação do grupo e conseguiu acesso para a A-1 do Paulista. No geral, no Atlético Sorocaba foram 45 jogos, 24 vitórias, 8 empates e 13 derrotas, com 59% de aproveitamento.
O melhor trabalho: Audax
Eis que surge o Audax na sua vida… Começo da história com o clube foi em 2013, e de lá até 2017 esteve no clube, trabalhando apenas durante os estaduais…
No Audax começou a trajetória em 2013 na A-2, segunda divisão do Paulistão, e comandou a equipe para o acesso. Na primeira fase foram os líderes com 45 pontos, 14 vitórias em 19 jogos, 41 gols marcados e 18 sofridos. Na segunda fase acabaram na segunda colocação atrás do Rio Claro, mas conquistaram acesso. Ao todo foram 25 jogos, 17 vitórias, 3 empates e 5 derrotas, 49 gols pró e 27 contra.
Comandou a equipe do Audax na elite do Paulistão em 2014, foram 15 jogos, 6 vitórias, 5 empates e 4 derrotas, caindo na primeira fase da competição. Ficou em quarto lugar com 23 pontos, eliminado junto com o Corinthians que ficou com 24, Botafogo-SP e Ituano passaram com 28. Auge nesta campanha foram os empates em 1 a 1 com Santos e Palmeiras. Contra o São Paulo apanhou de 4 a 0 no Morumbi, vários erros na saída de bola.
Na temporada de 2015, novamente bateu na trave, com campanha semelhante, 15 jogos, 6 vitórias, 4 empates e 5 derrotas, marcou 23 gols e sofreu 19. Desta vez a equipe ficou na 3º colocação do grupo, 22 pontos. Neste ano acabou perdendo para todos os grandes, novamente de 4 a 0 para o São Paulo, ainda sofreu 1a0 para o Santos e 3a1 para o Palmeiras.
A consagração veio na temporada de 2016, depois de bater na trave duas vezes, desta vez o Audax de Fernando Diniz roubou a cena, no mesmo grupo do São Paulo, acabou ficando líder… A campanha novamente foi parecida dos anos anteriores, 15 jogos, 7 vitórias, 3 empates e 5 derrotas, com 24 pontos, um ponto a mais que o São Paulo.
Foi para as quartas de final, e por lá bateu a equipe são-paulina comandada por Bauza, 4 a 1 em Osasco… Ytalo que depois viria para o Tricolor, fez a diferença, e mesmo com gol entregue por Sidão, o São Paulo foi eliminado. Na semifinal encarou o Corinthians, em um dos melhores jogos do Audax de Diniz, empatou em 2 a 2 com direito a golaço de Tchê Tchê e venceu nos pênaltis com Sidão herói. Na decisão empatou com o Santos em 1 a 1 na ida em Osasco, mas perdeu a volta de 1 a 0, foi no detalhe…
Na temporada de 2017 tudo mudou, os destaques foram negociados, remontagem de elenco, e mesmo assim começou vencendo o São Paulo de Rogério Ceni por 4 a 2 na Arena Barueri. Era um sopro de mais uma boa temporada? Não! Venceram somente São Paulo e Ituano, até empataram com Palmeiras em 2 a 2, perderam de 1 a 0 para o Corinthians, mas não bastou. Foram 12 jogos, 2 vitórias, 3 empates e 7 derrotas. Com 16 gols marcados e 21 sofridos, o time foi rebaixado para a A-2.
Ainda foi uma espécie de coordenador técnico no Audax, pois deu uma pausa para estudos, reciclar ideias, e só retornou como técnico em 2018…
Trabalhos no segundo semestre
Como citado, durante a passagem pelo Audax, comandava a equipe no Paulistão, mas seguia para outro clube durante o Brasileiro.
A primeira vez que isso ocorreu foi em 2014 com o Guaratinguetá, a equipe disputava a Série C do Brasileirão, e Fernando Diniz comandou o time, foram 18 jogos no comando da equipe, com 6 vitórias, 7 empates e 5 derrotas. Foram 32 gols marcados e 18 sofridos. A equipe ficou na quinta colocação do grupo e ficou um ponto da classificação para as quartas.
Em 2015 o desafio foi na Série B do Brasileirão, assumiu a equipe do Paraná Clube na 12ª rodada, e caiu na 28ª rodada, neste período foram 17 jogos, 7 vitórias, 3 empates e 7 derrotas. Seu time marcou 22 gols e sofreu 21. Pelo registros utilizou bastante o 4-2-3-1.
Na temporada de 2016 foi para o Oeste, comandou o time da 2ª rodada até a última, e foi um temporada brigando para não cair. Muitos empates, foi quando o Oeste começou a virar o ‘Rei do Empate’, o que é até hoje na Série B. Foram 37 jogos, 8 vitórias, 17 empates e 12 derrotas. A equipe marcou 32 gols e sofreu 45. Escapou do rebaixamento para a Série C somente na última rodada, em vitória contra o Náutico, 2 a 0 na casa dos pernambucanos. Na equipe utilizou 3-4-3 ou 4-1-4-1, além de outras táticas exploradas dentro de seu estilo com variações.
Desafio no Athlético-PR
O primeiro aconteceu no Athlético Paranaense em 2018, contratado como grande aposta e respaldo do Petraglia. Diniz chegou com moral e teve um longo tempo só de treinos, já que o time sub-23 comandado por Tiago Nunes que disputou o Estadual.
A equipe principal ficou sem jogo, fez uma longa pré-temporada, amistosos, jogos-treinos, e entrava em campo somente em Copa do Brasil e Sul-Americana. Na Copa do Brasil teve sustos contra Caxias, 0 a 0, Tubarão virada incrível de 5a4, e classificação nos pênaltis contra o Ceará.
O início no Brasileirão gerou empolgação, goleada de 5a1 na Chapecoense, logo após bater o Newell’s Old Boys por 3 a 0 na partida de ida da Sul-Americana, na Argentina. Em seguida ainda enfrentou o São Paulo na quarta fase da Copa do Brasil, e conseguiu um empate de 2 a 2 no Morumbi, logo após o São Paulo abrir 2 a 0, a ida foi 2 a 1 para o CAP.
Pois veio uma sequência ruim, 9 jogos sem vitória, 5 derrotas e 4 empates, eliminação na Copa do Brasil para o Cruzeiro nas oitavas. Respirou ao vencer Santos na 8ª rodada, mas perdeu mais quatro jogos e foi demitido depois de perder para o Botafogo na 12 ª rodada.
No Athlético-PR foram 21 jogos, 5 vitórias, 7 empates e 9 derrotas, 25 gols marcados e 27 sofridos. Teve 34% no Furacão. Deixou a equipe na lanterna do Brasileirão. Usou bastante o 3-4-2-1 na equipe paranaense.
Chance no Fluminense
Para 2019 foi contratado pelo Fluminense, e começou bem, no Carioca empolgou, foram 15 jogos, venceu 7, empatou 4 e perdeu 4, seu time marcou 26 gols e sofreu 13, era promissor… Eliminou o Flamengo na semifinal da Taça Guanabara, vitória de 1 a 0. Mas perdeu final para o Vasco.
No segundo turno do carioca, perdeu a semifinal para o Flamengo na Taça Rio e empatou na semifinal do Carioca, o que gerou eliminação. Tomou susto com Santa Cruz na Copa do Brasil, mas passou e quase tirou o Cruzeiro nas oitavas, perdeu nas penalidades. Enquanto na Sul-Americana deixou o time nas quartas, tirou Atlético Nacional e Peñarol.
No Brasileirão sofreu, foram 14 jogos, apenas 3 vitórias, 3 empates e 8 derrotas, 19 gols marcados e 22 sofridos. O time tinha bom desempenho, mas perdeu para Goiás, Botafogo e o derradeiro CSA em casa, este com mais de 30 finalizações do seu time, mas não bastou.
No Fluminense foram 43 jogos, 18 vitórias, 11 empates, 14 derrotas, com 71 gols marcados e 45 sofridos. Teve 49% de aproveitamento. Variou bastante taticamente, mas apostou mais no 4-2-3-1 e o 4-3-3.
Característica de jogo
Diniz é um técnico que gosta de propor a partida, tanto é que seus times sempre criam bastante oportunidades, contém maior posse de bola, saída de bola curta entre goleiros e zagueiros, por vezes tocam bastante a bola mirando abrir espaços no meio de campo adversário.
Taticamente é uma incógnita, Fernando Diniz gosta de mexer nas peças, na tática, seja 4-2-3-1 ou 3-4-2-1, ou buscando novas posições para os jogadores, cria peças versáteis como Tchê Tchê e Camacho, também realoca posições como Pablo efetivado de centroavante.
Ponto forte |
Tem uma filosofia de jogo interessante, gosta de propor o jogo, um time intenso que ataca bastante, com isso cria muitas oportunidades de gol. Como ele relatou em sua apresentação no São Paulo: “O trabalho do técnico é criar oportunidades e anular o adversário. Quanto mais chance você criar mais chance de vencer”.
Outro aspecto é sua visão sobre a posição dos jogadores. Mexe bastante taticamente na equipe, e também na função dos atletas. O Pablo por exemplo atuava pela ponta, efetivou de centroavante, e ele cresceu. O Tchê Tchê muitas vezes foi um lateral/ala no Audax, e logo foi para o Palmeiras. O Camacho virou um volante útil. O Caio Henrique vinha de uma passagem apagada pelo Paraná, ressurgiu no Fluminense como volante e depois de lateral-esquerdo. Enfim, é um lado interessante do técnico, e foi elogiado por outros técnicos como Rogério Ceni.
É formado em psicologia e já ressaltou que um dos principais pontos para o jogador render é estar com o psicológico em dia. Jogadores que trabalharam com ele, ressaltam o trabalho mental feito por ele. Recuperou jogadores como Tchê Tchê e Allan (atualmente no Fluminense), ambos com problemas extra-campo, e o Diniz soube mexer no brio deles, são apenas exemplos, afinal outros nomes foram ajudados pelo técnico, dentro e fora de campo.
Ponto fraco |
Defensivamente ainda é um problema. Seus times atacam forte, tem muita intensidade, e muitas vezes são contra-golpeados com facilidade principalmente na reta final de jogo, quando sobe em desespero ao ataque. Foi assim que no Fluminense as coisas desandaram, massacrou Goiás, Botafogo e CSA por exemplo, mas acabou sofrendo. O time dele deixa brechas pelos lados, afinal dá liberdade aos laterais.
Outro ponto é o toque de bola demorado na saída de bola, tudo bem sair tocando com o goleiro e zagueiros, mas precisa ser rápido, não pode ficar retornando a jogada, recomeçando ela dentro da área, muitas vezes esse toque de bola ocasiona gols sofridos. Isso desde o começo de carreira, que acompanhamos nas divisões secundárias do Paulista, e já tinha essas falhas, precisa aprimorar.
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Fábio Martins