Giuliano Galoppo: um bom investimento ou um erro?

A contratação mais cara do ano do São Paulo, Giuliano Galoppo chegou badalado e com a expectativa de acertar um meio-campo que vêm tendo dificuldades de se acertar, e alterna entre jogos bons e ruins durante a temporada.

Buscando um nome que poderia ser a salvação do setor, o Tricolor pagou aproximadamente 6 milhões de dólares pelos direitos do atleta argentino, que até então vinha sendo o grande destaque do Banfield, onde esteve em 27 jogos e marcou oito gols. Além de duas assistências, tendo 28% de participações diretas em bolas na rede da equipe. Números animadores para uma torcida que deseja resultados rápidos e urgentes, como a do São Paulo.

A equipe comandada por Rogério Ceni já conta com meio-campistas considerados quase intocáveis na estrutura do time. Embora Igor Gomes e Rodrigo Nestor não agradem boa parte da torcida com algumas atuações ruins, o banco do time ainda conta com Patrick, que mescla entre titular e reserva, e Talles Costa, que começou poucos jogos na atual temporada e passou boa parte dela no banco.

No caso de Galoppo, o atleta é considerado por muitos uma das maiores promessas do futebol argentino, um típico camisa 8, que tem um bom poder de marcação e uma excelente chegada ao ataque. Contando com um excelente passe e uma boa finalização, a diretoria do Tricolor viu em seu futebol o jogador certo para municiar as principais armas do time: os atacantes Calleri e Luciano.

Mas e ai: vale ou não o investimento em Galoppo?

Mesmo com uma aposta alta no trabalho do meia, o que vimos até agora foram poucas oportunidades, excesso de vontade em algumas chegadas em outros jogadores, porém pouco se adaptou ao sistema tático adotado pelo treinador Rogério Ceni. Como podemos explicar esse começo pouco animador do argentino? 

Primeiro que não é fácil pra qualquer jogador sair de sua terra natal e ir jogar futebol em outra cultura e com outro pensamento de como se joga o jogo. A adoração é um processo que pode variar de atleta pra atleta, mas que algumas vezes pode sim ser demorada.

Talvez, Calleri e Rigoni foram os últimos que nos primeiros jogos mostraram resultado dos seus talentos, mas não é uma regra do futebol que o jogador chegue pronto, ainda mais pra jogar em um clube do tamanho do São Paulo. O processo pode ser sim demorado, mas é preciso sim ter paciência com todo jogador, como vimos com Gabriel Neves, que foi de descartável a compra certa no fim do ano, crescendo muito depois de uma adaptação mais duradoura.

Outro ponto é que Rogério Ceni já tem suas preferências, e vê Nestor como o responsável por levar a bola ao ataque, e mesmo sendo muito criticado, ele também não abre mão do poder de marcação de Igor Gomes. Nas poucas oportunidades que teve, Galoppo entrou sem ritmo de jogo e com algumas chegadas que lhe renderam cartões amarelos em jogos consecutivos.

Teve uma breve discussão com o volante Pablo Maia, na derrota para o Flamengo, e em 6 jogos pelo clube paulista ele não tem nenhum gol ou assistência anotada na conta. Um pouco preocupante? Talvez, para uma torcida necessitada por vitórias e títulos, mas o tempo e o talento do argentino vão dizer por si só.

Queimar um jogador com uma amostra menor que dez jogos é algo que devemos evitar, e esperar seu desenvolvimento dentro da equipe e com seu treinador, que já se provou capaz de recuperar jogadores como Diego Costa e Miranda, que vinham de “sem oportunidades” a titular absoluto nas mãos de Ceni. É preciso ter paciência.

O tempo é algo que o ser humano não consegue controlar, e só ele pode nos dizer se o investimento altíssimo em um jogador, realmente valeu a pena. O clube vem passando por uma grave crise financeira, e apostou alto na contratação do meia. A paciência tem que ser dada, afinal, estamos falando de um jogador jovem e com sondagens da Europa e com um talento que o elenco não tem, e isso não pode ser desperdiçado de uma hora pra outra.

O time do São Paulo pode e deve ficar mais competitivo com sua boa fase, que deve ser adquirida com confiança, através de boas atuações, gols e assistências. É preciso minutagem de jogo para que isso aconteça, e Rogério vem dando as oportunidades para o argentino entrar cada vez mais no eixo da equipe, e aos poucos ele vai se acostumando com seus novos companheiros.

Por mais que nós, torcedores, queremos resultados o mais breve possível, a paciência é uma dádiva, e já mostrou em inúmeros casos no futebol que ela pode sim salvar carreiras e justificar alguns investimentos feitos por alguns clubes.

Otávio Ramos – Instagram: @otavior11

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