Análise tática pós-jogo: São Paulo 1×3 Flamengo

 (Foto: Rubens Chiri)

 

O São Paulo recebeu o Flamengo no Morumbi pelas semifinais da Copa da Brasil e saiu derrotado por 3 x 1. A expectativa para o jogo era grande mesmo já tendo ciência do grande favoritismo para a equipe do Rio de Janeiro, mas o jogo surpreendeu a todos.

Assim entraram os times para a ida da semifinal da Copa do Brasil

Vimos um São Paulo dominante, incisivo e sedento por gol no primeiro tempo. Foi um São Paulo muito agressivo pela ponta esquerda com Patrick – Reinaldo – Nestor se associando e criando muitas dificuldades para Rodinei. O gol do Flamengo, logo aos 12 minutos, é um gol de contra-ataque de escanteio que o São Paulo vai afastando até que Everton Ribeiro da um ótimo cruzamento para João Gomes, que infiltra sozinho após desatenção de Patrick e manda a bola para a rede de cabeça. Como já havia dito ontem na análise pré-jogo, o São Paulo teria que explorar bastante as alas contra o Flamengo.

E a estratégia de Ceni com Patrick de titular deu certo, a bola só não entrou. Mas em alguns momentos passava a impressão de que os cruzamentos eram bons, mas faltava gente na área. São Paulo com muitos erros técnicos na hora de definir as jogadas e o Flamengo se posicionava na área com muitos jogadores, dificultando demais para o tricolor finalizar – 12 chutes travados no jogo. O que mudou depois dos 30 minutos do primeiro tempo com o Flamengo controlando muito bem o jogo variando bastante corredor. Tivemos um São Paulo muito cauteloso e passivo na maioria dos duelos nessa reta final de primeiro tempo, irritando a torcida.


O São Paulo se comportou das seguintes formas no primeiro tempo:
Atacava em uma 3-1-5-1 com Patrick, Reinaldo e Nestor na esquerda se associando, resultando em uma superioridade numérica no setor de Rodinei. Acerto de Ceni. São Paulo produziu muito por ali.
Quando se defendia sempre era na 4-1-4-1/4-5-1, com Igor Vinícius fechando a linha do meio, impedindo Filipe Luís de achar linhas de passe. Calleri ficava sozinho na frente tentando fazer algo contra os dois zagueiros e até Filipe Luís quando participava da saída, mas pouco adiantou.


No segundo tempo Ceni colocou Galoppo, que assumiu o posicionamento de Nestor, que saiu da esquerda e foi para a direita. Entrando no lugar de Igor Gomes que não fazia boa partida, Galoppo também não conseguiu performar. Por pouco não “entregou” um gol para o Flamengo com uma chance em um contra ataque 2×2, que Gabigol tentou tirar demais e acabou perdendo uma boa chance. O São Paulo ia tentando o gol e continuava ganhando muitas bolas que Santos e a defesa do rubro-negro quando estavam pressionados acabavam errando passes para as laterais.

Em uma infelicidade de Pablo Maia, o Flamengo conseguiu mais um de seus contra-ataques neste confronto, Rodinei viu Arrasceta se projetando ao espaço, que cruzou no segundo pau e em mais uma infelicidade, agora de Jandrei, o goleiro deu tapa na bola, que sobra para Everton Ribeiro que arremata cruzado obrigando Jandrei a fazer uma boa defesa, mas no rebote estava Gabigol. 2 a 0. A atuação não era ruim, mas o Flamengo era eficiente nos contra-ataques – dois gols desta forma. Em uma decisão qualquer detalhe pesa muito, e o rubro-negro soube aproveitar como ninguém.

Após a entrada de Welington o tricolor tem mais velocidade pela esquerda e começa a sufocar Rodinei. 3 minutos depois sai o gol de Rodrigo Nestor. O São Paulo continua pressionando e tendo muitos escanteios, que de 17, apenas 5 (!) tive a impressão de que se ninguém da defesa carioca tirassem as bolas, o lance seria perigoso. Ceni tem que colocar o time para treinar escanteio.

Desempenho pífio nos escanteios nessa quarta-feira. No final de jogo em uma ligação direta de Fabricio Bruno, Diego Costa ganha o duelo aéreo contra Lázaro, mas Rafinha não cobre Diego, deixando Everton Cebolinha de frente para o gol, que faz o seu primeiro gol pelo Flamengo, após receber passe de Arrascaeta. Final de jogo 1 x 3.


Como se comportou no segundo tempo o time do São Paulo:
Agora Rafinha tinha mais liberdade para auxiliar Igor Vinícius, mas sem chegar a linha de fundo. Galoppo mais posicional quando estava na direita e atacando o espaço quando estava na esquerda. Reinaldo e Patrick mantiveram suas respectivas funções . O sistema defensivo continuou o mesmo, mas o São Paulo foi muito mais agressivo.

Torcida tricolor, a derrota é triste e difícil de digerir, ainda mais da forma que tudo aconteceu. Ficou aquela sensação de que se tivessemos um elenco com jogadores com um poder de decisão melhor, principalmente de meio-campo, poderíamos ter ganho.


Mas a derrota nos mostra bons indicativos para o final da temporada. O desempenho ofensivamente de hoje foi um dos melhores da temporada e semana que vem temos uma sul-americana, que se jogarmos próximo desse nível seremos campeões. Então, torcedor… calma. Enfrentar os dois melhores times do país na competição foi bem duro para nós, mas mostramos um ótimo desempenho no Morumbi contra os dois adversários. Hoje, infelizmente faltou material humano. Em contrapartida, valorizem o técnico que temos!

Pegou um time brigando contra o descenso em 2021 e hoje nos colocou em 3 semifinais no ano de 2022, coisa que não se via no São Paulo desde 2012. Fez o seu time jogar melhor contra os dois melhores times do país na competição no Morumbi (jogamos melhor que o Palmeiras em duas ocasiões também no Morumbi), se adaptou ao elenco, abandonou as vaidades, potencializou jogadores e o principal, injetou competitividade a rodo nesse elenco. Valorizem. O trabalho é bom, torcida. Olhem o desempenho do time como foi esse ano até aqui, muito superior ao que imaginávamos.

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